Trivela
·08 de março de 2023
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·08 de março de 2023
A passagem de Eric Maxim Choupo-Moting pelo Paris Saint-Germain é mais lembrada pelas chances perdidas do que pelos gols anotados. Não foram poucas as vezes em que o centroavante foi ridicularizado, inclusive quando perdeu a final da Champions League contra o Bayern de Munique. Por isso mesmo, surpreendeu quando o camaronês, ao final de seu contrato com o PSG, se mudou exatamente à Baviera. De volta à Alemanha onde já tinha vivido bons momentos, o atacante virou um reserva útil para Robert Lewandowski e, na atual temporada, é um dos responsáveis pelo acerto dos bávaros. Atravessa o melhor momento da carreira aos 33 anos e experimentou sua redenção. Afinal, em plena Champions, Choupo-Moting foi decisivo numa revanche às avessas dentro do Bayern x PSG, que deu a classificação aos alemães.
Choupo-Moting nunca foi um centroavante incontestável, mas teve bons momentos em sua trajetória, especialmente com o Mainz 05 e com o Schalke 04. Quando chegou ao Paris Saint-Germain, após ser liberado pelo rebaixado Stoke City, vinha mais para ser uma alternativa ofensiva do que um titular incontestável. E suas limitações ficaram mais evidentes no Parc des Princes. Em 51 partidas pelo clube, anotou nove gols. Era um jogador sem confiança, de muitos gols perdidos e pouca funcionalidade. Ficava mais exposto diante dos fracassos dos parisienses, tão costumeiros num clube de problemas arraigados coletivamente. Mesmo o gol decisivo contra a Atalanta na caminhada à final da Champions 2019/20 não salvou sua pele. Na decisão, ele furaria uma bola decisiva no fim do duelo contra o Bayern.
A mudança para o Bayern de Munique fez com que Choupo-Moting “caísse para cima”. Chegou a um clube que tinha acabado de ser campeão europeu e voava baixo. Seria reserva de Lewandowski, é verdade, mas essa alternativa no elenco era necessária. As duas primeiras temporadas do centroavante foram razoáveis. Não marcou muitos gols, mas geralmente era útil para brigar no segundo tempo das partidas. Porém, não impediu a frustração na Champions 2020/21, quando Lewa estava machucado. Choupo-Moting marcou gols nos dois jogos das quartas de final, contra o mesmo PSG, mas nada suficiente para evitar a eliminação do Bayern.
Nesta temporada, com a saída de Lewandowski, a responsabilidade de Choupo-Moting aumentou. O Bayern preferiu não trazer outro centroavante de ofício, e existia certa desconfiança sobre o camaronês, que permaneceu como reserva de início. Contudo, ficava claro como o estilo de jogo dos bávaros poderia ser beneficiado com um homem de área e a entrada do camaronês como titular se tornou obrigatória. A melhora de rendimento do Bayern na primeira metade da temporada passa por Choupo-Moting. O atacante desandou a fazer gols e virou uma solução para os alvirrubros.
Como era de se esperar, a fase avassaladora de Choupo-Moting não durou para sempre. O centroavante passou em branco algumas vezes nessa retomada da temporada, embora tenha sido importante nas vitórias recentes pela Bundesliga. Já o teste de fogo aconteceu na Champions, de novo contra o Paris Saint-Germain. Não conseguiu aparecer tanto na primeira partida, no Parc des Princes, apesar da boa movimentação. Parou em Donnarumma e carimbou a trave, mas a vitória pintou graças a Kingsley Coman. Sua volta por cima aconteceu mesmo dentro da Allianz Arena.
Não foi um bom primeiro tempo de Choupo-Moting. O centroavante mal apareceu, já que o Bayern não conseguia acioná-lo. Entretanto, ficava evidente como uma pressão dos bávaros dependeria da presença de área do camaronês. E sua participação mais ativa no segundo tempo fez diferença, muito participativo. Desperdiçou sua chance e teve um tento anulado, até preponderar. O gol veio num lance de oportunismo, claro, em que a roubada de Thomas Müller e a leitura de Leon Goretzka eram até mais importantes. Mesmo assim, a história de Choupo-Moting valia demais, ao escorar para dentro.
Nagelsmann nem manteve Choupo-Moting por muito tempo em campo. Para explorar os contra-ataques, logo Leroy Sané entrou. A missão do centroavante estava cumprida e ele teve grande papel para confirmar a classificação. Choupo-Moting não é um craque, muito longe disso, e nem deve ser visto como o substituto de Lewandowski no longo prazo. Mesmo assim, merecia um voto de confiança e uma chance de resposta, depois de tantas críticas. Não dá para mudar o curso de seus gols perdidos no passado. Mas dá para marcar novos gols que se tornem mais vivos na memória. É isso que ele fez, num reencontro de tanto significado.