Trivela
·23 de janeiro de 2022
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·23 de janeiro de 2022
A abertura da fase de mata-mata da Copa Africana de Nações foi bastante promissora. Neste domingo (23), Burkina Faso e Gabão se enfrentaram em Limbé, em um jogo repleto de emoções, reviravolta e, claro, polêmicas de arbitragem. O empate em 1 a 1 no tempo normal foi ofuscado por dois erros crassos contra a seleção gabonesa. Nos pênaltis, os burkinenses ficaram com a vaga para as quartas de final.
A situação de Gabão já não era das melhores. Sem poder contar com dois de seus destaques, Mario Lemina e Pierre Aubameyang, cortados por covid-19, a equipe chegou com a obrigatoriedade de se superar para avançar no torneio. A missão de conduzir o ataque ficou nas costas de Aaron Boupendza e Jim Allevinah. Nenhum deles foi bem o suficiente ao longo do tempo normal.
Burkina Faso, pelos motivos citados, tinha algum favoritismo. O técnico Kamou Malo não tinha nenhuma baixa para o confronto e pôde trabalhar como planejava para o confronto. Ainda assim, não podia cometer erros se quisesse sobreviver na CAN.
O primeiro tempo começou com ritmo forte por parte de Gabão, que com velocidade, procurou expor as alas burkinenses para abrir o placar. Ao longo da partida, ficou claro que a sorte havia abandonado Gabão, que até certo ponto era melhor, mas cometeu erros importantes. Allevinah teve, de cabeça, a chance para marcar, mas a bola passou rente à trave de Hervé Koffi.
Aos 14 minutos, Sidney Obissa segurou os ombros de Bertrand Traoré e o árbitro marcou pênalti. Mesmo na revisão no monitor do VAR, ficou evidente que o toque não foi suficiente para derrubar Traoré, que valorizou e se jogou na área. O árbitro Redouane Jiyed se convenceu da falta e assinalou a penalidade. Na cobrança, Traoré acertou o travessão. Mas não houve muito tempo para os gaboneses se sentirem aliviados.
Quando o relógio marcava 28 minutos, Burkina Faso acertou um contragolpe rápido e pegou a defesa do Gabão aberta. O goleirão Jean Noel Amonome se precipitou, saiu da área para bancar o zagueiro e deixou o gol aberto. Traoré, esperto, bateu rasteiro rente ao pé da trave e abriu o placar. Dali em diante, instituições divinas que desconhecemos testaram a fé do povo do Gabão. Em outras palavras, azar e um árbitro confuso.
O senhor Jiyed, responsável pela arbitragem, saiu de casa neste domingo determinado a mostrar cartões amarelos. Ao todo, subiu 12 vezes o amarelinho, sendo oito para o Gabão e quatro para Burkina Faso. Um desses amarelos foi exibido a Obissa, que já tinha sido marcado no caderninho do árbitro na primeira etapa. Aos 21′, o lateral gabonês foi para o chuveiro e desfalcou sua seleção, piorando ainda mais a situação.
Burkina, com um a mais, ganhou campo e confiança para buscar o segundo e matar o confronto. Traoré, que vivia uma tarde de altos e baixos, saiu de cara para Amonome na pequena área e bateu mal, facilitando a defesa do goleirão. Adama Guira também teve a sua chance, mas também esbarrou em Amonome. Do outro lado, Koffi era pouco testado, mas passava sufoco quando isso acontecia. Em dois chutes de longe, o burkinense soltou a bola e assustou a torcida, quase tomando frangos memoráveis.
A partida ficou mais aguda e Gabão, que já não tinha mais nada a perder, se lançou ao ataque. Burkina desperdiçava chances e seu adversário queria uma punição divina para essa infelicidade na hora do arremate. A cada minuto, ficava mais claro que os burkinenses não sairiam de campo, ao menos em 90 minutos, triunfantes. Demorou, mas veio o empate: aos 47, restando um minuto para o fim, uma bola cruzada na área encontrou a cabeça do capitão Bruno Ecuele Manga. Antes de balançar as redes, houve desvio em Guira. Fatal: quando já estava praticamente conformada com a eliminação, a equipe gabonesa buscou uma sobrevida. E poderia ter virado, mas a arbitragem pegou um impedimento que deixaria Boupendza livre para encarar Koffi. Boupendza, no entanto, estava na mesma linha do marcador. Não houve revisão do VAR, já que o árbitro acatou imediatamente a decisão do bandeira e pediu a sequência da partida.
Na prorrogação, os dois times demonstraram exaustão física e pouco fizeram para modificar o placar. Abdoul Tapsoba, que entrou cheio de gás nos minutos finais do tempo regulamentar, deixou o seu gol e saiu ensandecido comemorando, sem a camisa. O problema é que o passe recebido veio de um colega em posição irregular, anulando o gol. Além de ter de voltar sem seu tento validado, Tapsoba ainda levou um cartão amarelo.
Já na etapa final, o arqueiro Amonome fez uma defesa espetacular com o peito para manter o placar em 1 a 1. Restando cinco para as penalidades, Amonome ainda brilhou novamente para espalmar um chute de Tapsoba. E foi só. O clima em campo era o de expectativa pelas penalidades, embora Burkina ainda levasse um pouco de perigo antes do apito derradeiro.
As chances perdidas pelos burkinenses fizeram eco. Quando vieram as penalidades, parecia óbvio que a bola traria o castigo, mas não. Com direito a batidas alternadas, Burkina Faso venceu por 7 a 6 e capitalizou em cima de uma bola na trave cobrada por Lloyd Palun. O gol que garantiu a vaga nas quartas para os burkinenses saiu dos pés de Ismahila Ouédraogo. Foi aí que finalmente Bertrand Traoré conseguiu respirar sossegado.
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