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·03 de abril de 2025
Brasileiro supera desejo de encerrar a carreira precocemente e vira ídolo em Malta

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Do início promissor na Europa ao desejo de desistir do futebol, Emerson conviveu com altos e baixos no início da sua carreira e precisou de resiliência para reencontrar o ânimo para recomeçar a carreira e virar ídolo em um destino alternativo da bola.
Há 11 temporadas em Malta, o meia superou as decepções de uma ascensão rápida sem resultado imediato e desbravou um mercado cada vez mais atrativo para os brasileiros.
Nascido em Imbituba, em Santa Catarina, Emerson repetiu o caminho de muitos jovens e deu os primeiros toques na bola em um projeto social, a Casa Lar. A iniciativa recebeu também nomes como o atacante Aloísio Boi Bandido.
O destaque precoce levou o prodígio catarinense para a Itália com o intuito de completar a sua formação e iniciar a carreira profissional no Hellas Verona. Embora o começo dos sonhos para qualquer garoto, Emerson conviveu com uma realidade difícil, com a falta de suporte e muitas informações desencontradas com o seu representante no país.
"Eu fiquei quatro anos na Itália, aos 18 anos eu tive uma discussão com o meu empresário italiano e com 20 anos nós descobrimos que ele pegava dinheiro a mais e não repassava. É como aquelas histórias que ouvimos bastante e que infelizmente até hoje acontecem", relembrou Emerson em entrevista ao oGol.
"Muitos só acreditaram nestas histórias depois que o Jorginho revelou e contou casos como o nosso em que ganhávamos 20 euros para viver. E, naquela época não existia Whatsapp, Instagram, então era muito difícil fazer a ligação com o Brasil, mas como a gente tinha um sonho, a gente sempre falava para a família que estava tudo bem", completou.
Emerson entrou em campo apenas duas vezes pelo time principal do Hellas Verona na temporada 2010/11 e, embora as conversas iniciais para uma renovação, optou retornar ao Brasil para recomeçar a carreira.
Depois da primeira decepção, Emerson passou a questionar o seu desejo de seguir entrando em campo e passou a procurar novos objetivos para não desistir da carreira, mas reencontrou a realidade do futebol brasileiro. Com realidades financeiras apertadas e constantes atrasos de salários, o meia rodou por clubes de Santa Catarina e Paraná sem conseguir deslanchar.
Sem perspectiva e com o desejo cada vez maior de pendurar as chuteiras com 23 anos, Emerson recebeu um novo convite e aceitou uma proposta para atuar na Romênia pelo Viitorul Constanta, clube presidido na época pelo lendário Gheorghe Hagi.
O brasileiro não teve sorte na sua nova incursão pela Europa e permaneceu apenas cinco meses no clube, até ser informado da sua rescisão por conta de problemas financeiros.
A vontade de desistir da carreira crescia a cada derrota na sua trajetória. Emerson resistiu a nova passagem frustrada e decidiu dar uma última chance em um destino ainda mais alternativo: Malta.
Emerson foi recebido pelo meia, hoje no Corinthians, Igor Coronado, que o auxiliou na chegada e contribuiu para uma rápida adaptação. Na primeira temporada, Emerson fez 30 jogos pelo Floriana e voltou a ter entusiasmo para jogar futebol.
"Eu não conhecia nada no país, mas como era a minha última esperança resolvi arriscar. Eu sabia falar italiano e isso facilitou, porque muitas pessoas entendem a língua pela proximidade com o país", ressaltou.
"Em Malta, as coisas foram fluindo naturalmente, tive uma rápida adaptação ao estilo de jogo e logo percebi que tinha feito a escolha certa", complementou.
Emerson permaneceu apenas uma temporada no Floriana e, no ano seguinte, acabou comprado pelo Birkirkara, campeão da taça nacional e dono de uma das vagas para competições europeias.
"O Birkirkara era o time do momento, quando fui contratado, era impulsionado por um investidor francês e tinha pretensões grandes. No meu primeiro ano, estreei na Liga Europa e conseguimos vencer o West Ham, em casa. Acabamos eliminados nos pênaltis, mas já era uma conquista importante para o futebol local e demonstrava a qualidade do elenco", destacou o brasileiro, titular na vitória sobre os ingleses.
Emerson ganhou sequência e experiência no futebol maltês e rodou por outros clubes locais até chegar ao Hamrun Spartans, time que defende atualmente.
Na primeira temporada pelo Spartans, o brasileiro faturou o seu primeiro título no país e ajudou o clube a encerrar um jejum de 30 anos sem conquistar a Liga Maltesa.
"Anos atrás, o clube esteve envolvido em um escândalo de arbitragem que rebaixou a Juventus. Na época, o clube estava no meio e também sofreu as consequências. Então, o Spartans era um time da segunda divisão de Malta, o clube havia praticamente decretado falência", pontuou.
"Eu conhecia o novo presidente que assumiu o clube quando atuava em outro clube, já havíamos conversado e fui a primeira contratação dele para esse novo momento do clube. A expectativa era ficar no meio da tabela, depois conquistar uma vaga europeia e somente no terceiro ou quarto ano sonhar com um título, mas tudo aconteceu de forma rápida e fomos campeões no primeiro ano", completou.
Atualmente, na sua quinta temporada pelo clube, Emerson soma 136 jogos disputados e cinco títulos conquistados, entre eles três campeonatos nacionais. Ídolo no clube, o brasileiro alimenta um último sonho para o futebol local: chegar na fase de grupos de uma competição europeia.
Depois de ficar sem a vaga no primeiro ano, ainda por conta da punição imposta pela UEFA, o Spartans voltou aos playoffs da Champions em duas oportunidades e acabou eliminado para Maccabi Haifa e Lincoln Red Imps.
No tempo em que o brasileiro esteve no clube, o Spartans flertou com uma classificação para a fase de grupos da Liga Europa, mas acabou eliminado na última fase antes dos playoffs.
"Eu não sei ainda se estarei aqui, mas tenho certeza que acontecerá em breve. Será a primeira vez que um clube maltês chegará a uma fase de grupos de competição europeia, um feito histórico para o futebol local. O investimento está cada vez maior e a liga é cada vez mais atrativa para jogadores de outros países. Não vai demorar para o Spartan alcançar esse objetivo, espero estar aqui para realizar esse sonho", revelou Emerson.
Atualmente, a Liga Malta conta com 366 jogadores estrangeiros, distribuídos em 12 clubes. O Brasil é o país com mais representantes com 64 jogadores nesta temporada.
Entre os brasucas, Emerson é um dos jogadores com mais experiência no país e soma 11 anos atuando na liga. Identificado com a cultura local, o meia quase defendeu a seleção de Malta.
"Há dois anos atrás eu estava a um passo de completar a minha naturalização e ficar à disposição da seleção. Mas, infelizmente houve uma troca na federação, e o novo técnico era italiano e optou por dar preferência a um atleta do país dele", contou.
"Na época fiquei muito triste por estar tão perto e não se concretizar. Seria uma experiência surreal, além de um prazer enorme em defender a seleção deste país", completou.
Apesar de não ser mais o objetivo principal da carreira, o brasileiro ainda têm chances de defender a seleção de Malta em competições europeias e se diz à disposição para o desafio.
"No ano passado, um novo treinador assumiu a seleção, esteve no nosso clube e conversou sobre uma nova oportunidade. Eu aceitei e o Spartan correu atrás para eu pegar o passaporte, mas hoje sei que a realidade, por conta da idade, será mais difícil de ser convocado. Em maio devo completar a naturalização e fico à disposição do técnico. Recentemente falei em uma entrevista aqui que, se precisarem de mim, eu estou aqui", reforçou Emerson.
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