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·03 de agosto de 2024
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Pelas mãos de Lorena e o pé direito de Gabi Portilho, o Brasil sintetizou uma partida perfeita. Perfeita para as suas ambições. A seleção Canarinho calou o Estádio De La Beaujoire, contrariou as expectativas e encerrou, no momento certo, um jejum histórico. Pela primeira vez na história, o Brasil derrotou a seleção francesa feminina.
Forte na marcação e eficiente no ataque, a seleção brasileira neutralizou a França e castigou na sua única oportunidade. Pelas quartas de final dos Jogos Olímpicos de Paris, o Brasil eliminou as anfitriãs com uma vitória magra por 1 a 0 e manteve vivo o sonho da medalha de ouro inédita.
A próxima batalha será diante de um outro algoz. Adversária do Brasil na fase de grupos, a Espanha, atual campeã mundial, se candidatou para a semifinal após bater a Colômbia nos pênaltis.
A seleção brasileira se preparou para encarar o ímpeto francês nos primeiros minutos e conseguiu de forma eficiente neutralizar a força aérea adversária e as tentativas por baixo com a artilheira das Olimpíadas. Apesar da dificuldade para reter a posse de bola, a Canarinho fechou os principais caminhos das anfitriãs e começou a partida de forma promissora.
A defesa brasileira continuou segura até cometer o primeiro erro e quase mandar tudo por água abaixo. Aos 15, a marcação esqueceu de Cascarino, que arrancou livre em direção ao gol e acabou derrubada por Tarciane dentro da área. Pênalti. O Brasil ficou pela primeira vez vulnerável ao ataque francês, mas contou com o protagonismo de Lorena. Na batida cruzada de Karchaoui, a goleira brasileira defendeu a penalidade com a ponta dos dedos e recolocou a seleção na partida.
O desperdício também abalou a confiança das anfitriãs, que passaram a enfrentar dificuldade para se aproximar da área e começaram a sofrer com as investidas brasileiras em velocidade. O corredor direito de ataque se ofereceu como a melhor válvula de escape da Canarinho e se tornou a rota mais explorada para assustar.
Adriana e Gabi Portilho tramaram boas tentativas pelo ponta, mas faltaram com capricho no último passe. Na única chance açucarada para Gabi Nunes, na referência ofensiva, a atacante chegou antes de Renard e desviou com perigo, por cima
A França sentiu o crescimento brasileiro e colocou em prática sua principal arma. A seleção forçou tentativas de bola parada e abusou dos cruzamentos na área. A estratégia quase inaugurou o placar, mas além da competência, a defesa canarinho também contou com a sorte. No único duelo vencido pelo alto, Bathy mandou no travessão.
Dispostas a surpreender, as comandadas de Artur Elias começaram a etapa complementar com ímpeto renovado. Logo no primeiro lance, Adriana disparou novamente pelo corredor direito, cruzou fechado e exigiu a primeira defesa de Picaud. Foram apenas 40 segundos de pressão brasileira, mas mostrou a ambição para os últimos 45 minutos.
A França não deixou barato o início intenso do Brasil e respondeu com a mesma agressividade. Aos 13, Katoto apareceu por trás da marcação e testou com perigo contra a meta de Lorena. A seleção Canarinho também sofreu com a baixa de Rafaelle, após nova lesão, e passou a ter dificuldades pelo lado esquerdo.
Com a mudança de esquema no Brasil após saída da terceira zagueira, as donas da casa aumentaram o volume ofensivo e voltaram a se aproximar da área. Aos 25, Cascarino construiu jogada individual e testou novamente Lorena.
Nas cordas após o crescimento adversário, Arthur Elias precisou dar fôlego novo ao meio-campo e escolheu Kerolin e Angelina, mudando também a configuração ofensiva. A seleção continuou sendo controlada pelas francesas, mas reencontrou suas iniciativas em velocidade.
A marcação intensa das zagueiras brasileiras contagiou as atacantes e forçou o erro das francesas. Na primeira chance, Renard perdeu a bola na frente da área e Gabi Portilho tirou tinta da trave. No cochilo seguinte, a Canarinho não perdoou.
Aos 36, Mbock e Elisa ficaram indecisas em quem iria na bola. Gabi Portilho teve certeza. A camisa 18 entrou no meio das marcadoras, roubou a bola e disparou para fazer história. Na frente de Picaud, a atacante mostrou frieza e calou o estádio De La Beaujoire.
O Brasil ainda precisou suportar nove minutos de tempo restante e mais 16 de acréscimos. Mas, a marcação que foi eficiente durante toda a partida continuou segura e aproveitou o nervosismo francês para evitar riscos. No silêncio das arquibancadas, o samba ecoou pela França.
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