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·08 de julho de 2020

Box to Box: a evolução do meio-campista moderno

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A coluna Dicionário do Futebol desta semana traz uma terminologia bastante utilizada nos tempos atuais e “exigida” aos meio-campistas modernos: o Box to Box. O termo é oriundo da Inglaterra, mas sua aplicação é em campo. Assim, tem forte influência no jogo das equipes e os meias com essas características estão um passo à frente dos demais por serem mais “modernos”. Mas, afinal, o que é o Box to Box? O dicionário explica!

O que é o Box to Box?

Box to Box é o meio-campista com características de ataque e defesa equilibradas, ou seja, não deixa a desejar em nenhuma das áreas. Mas não é aquele jogador que é “meia boca”, que faz o “arroz com feijão”, não! É aquele atleta que é bom em ambas as funções: ataque e defesa. Às vezes abreviados de BBM (Box to Box Midfielder) ou B2B (Box “Two” Box), são notáveis meio-campistas centrais com boas habilidade gerais.


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É aquele meia central capaz de marcar muito forte, como um primeiro volante, cabeça de área, realizando desarmes e interceptações, mas que também tem ótima saída e leitura de jogo, passes diferenciados, lançamentos em profundidade e, principalmente, que cheguem na área rival com a mesma qualidade com que marcam. Em suma, quer dizer: “de área a área”, ou seja, que ajuda o sistema defensivo, dentro da própria área, mas que tem qualidade para chegar à área rival.

Principais características técnicas do Box to Box

  • Resistência física
  • Forte marcação
  • Impecável poder de desarme
  • Excelente interceptação
  • Qualidade no passe curto
  • Qualidade no passe longo
  • Visão de jogo
  • Precisão nos chutes (de perto e de longo)
  • Bom posicionamento
  • Raciocínio rápido

A evolução dos meio-campistas

A origem e a era das restrições criativas

A origem deste jogador é provavelmente o meio-campo ofensivo na formação 2-3-5. Desde então, a popularidade deste jogador variou de acordo com as táticas predominantes da época. O sistema WM dividiu o meio-campo em jogadores defensivos e ofensivos, o que realmente não não dava margem para esse papel flexível.

Até meados dos anos 2000 ainda não existiam (ou eram raros) meio-campistas Box to Box. Os jogadores de meio-campo, típicos das décadas de 1980 e 1990, eram restritos a dois papéis nas equipes, sendo divididos entre “marcadores” e “criadores”. Portanto, um time tinha o “camisa 5” como protetor da área, na função de marcar e desarmar, o “camisa 8” era o meia-direita e o “camisa 10” o meia-esquerda, já ambos com funções ofensivas no meio-campo.

Era Box to Box

A versão moderna do meio-campista foi uma evolução natural do futebol. O sistema 4-4-2, desenvolvido por Alf Ramsey nos anos 1960, no qual os meias revezavam entre defender e atacar, tornou-se “padrão” nos anos 2000. A partir de então, o box-to-box permaneceu uma tradição importante do jogo inglês e virou tendência para os meio-campistas que aumentaram a faixa territorial que ocupavam.

Assim, os mais estáticos tornaram-se mais dinâmicos e versáteis, criando uma terceira variação de meio-campista, aquele com papel de misturar ambas as características em um jogador só. Portanto, dará mais opções ao técnico devido a sua plurifuncionalidade. Um jogador Box to Box é uma verdadeira força motriz de um time, um motorzinho. É o mais famoso “camisa 8”, uma espécie de segundo volante que auxilia defesa e tem muita presença de área, dando passes fundamentais e chegando a marcar gols.

Clássicos Box to Box

Quando se pensa em Box to Box, para quem conhece, vem a mente nomes clássicos que não tiveram exemplos de como ser um B2B, como os ingleses Frank Lampard e Steven Gerrard. Pouco depois vieram o marfinense Yaya Touré, alemão Bastian Schweinsteiger e o chileno Arturo Vidal. Gerrard era parte fundamental de um Liverpool por uma década sólida. Suas habilidades de liderança, consciência tática, combate e forte apoio ao ataque o tornaram perfeitamente adequado para o papel. Também ajudou muito na construção e conclusão de gols.

Lampard era o primeiro homem que o adversário enfrentaria ao tentar furar a defesa do Chelsea. Em contraponto, era um dos primeiros que os marcadores rivais enfrentariam quando os Blues avançassem. Além disso, foi referência de um dos maiores times da história do Chelsea, campeão inglês três vezes e, lá em 2012, venceu a Liga dos Campeões. Companheiros na Seleção Inglesa, muita gente questionou que os dois “atuavam na mesma posição” e não poderiam jogar juntos.

Mas a Inglaterra teve muita sorte de ter duas potências no meio-campo, pois ambos poderiam defender e atacar com exímia qualidade. Outras qualidade que os dois jogadores ingleses tinham em comum eram: potência nas cobranças de faltas e chutes de longa distância. Ambos podem encontrar a rede de qualquer lugar. Gerrard teve 114 jogos, 21 gols e 23 assistências na Seleção, enquanto Lampard teve 106 jogos, 29 gols e 11 assistências. Com eles em campo a Inglaterra ganhou 63% de seus jogos, sem eles 51%, o que mostra que dois box to boxers podem jogar juntos.

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Yaya Touré tinha uma força em ambas as partes do campo que era de se invejar. Com exímio vigor físico, técnica e controle de bola, ditava o ritmo do meio-campo do Manchester City. Schweinsteiger é um dos poucos jogadores Box to Box que a Alemanha produziu, percorria, de um extremo ao outro, sendo um jogador altamente dedicado, com grande  habilidade de passe, ritmo, e também uma grande interceptação e capacidade de combate. Vidal é praticamente da mesma geração e ninguém duvidará de sua entrega em campo, capacidade defensiva ou de chegar à frente.

Nova safra Box to Box

O francês Paul Pogba e o guineense Naby Keita são algumas das potências de suas respectivas equipes quando o assunto é Box to Box. O estilo de jogo de Pogba é extremamente adequado para um time como o Manchester United. Adora a liberdade de transitar nos dois extremos do campo e atacar. Mas também é um defensor extremamente difícil de superar, bom nas interceptações e rápido.

Keita é o motor que o Liverpool procurava no meio-campo. Seus meio-campistas Milner, Henderson e Wijnaldum não se enquadram na categoria de jogadores box-to-box. Keita tem muita gana para correr atrás de atacantes, desarmar e criar uma transição para o ataque. Além disso, tem velocidade e bom drible, assim como Pogba, conseguindo chegar com qualidade na área rival e anotar seus gols.

Todo time precisa de um B2B?

Efeito Barcelona “anti-Box to Box”

O declínio da formação “padrão” 4-4-2 (em muitos casos, dando lugar às formações 4-2-3-1 e 4-3-3) diminuiu a presença de tantos Box to Box no futebol atual. Hoje, com o advento do 4-2-3-1, talvez o meio-campo box-to-box esteja começando a ser eliminado. Exemplo disso é que ocorre uma incompatibilidade com Arturo Vidal e Barcelona (o mesmo aconteceu com Paulinho). Não quer dizer que Vidal não possa jogar, só não vai colocar algumas características em campo.

O Barça é um time que ama o controle do jogo e não espera que seus meias voltem correndo para defender. Confiam no seu volante (Busquets) e zagueiros para lidar com os marcadores rápidos e esperam que seus meias sejam, natural e filosoficamente, criativos em sua abordagem e tenham mais do que apenas uma boa capacidade de passe. Vide Xavi e Iniesta, que tinha como trabalho principais buscar espaços e trocar passes até o gol. Assim, não tendo espaço para um “carregador de bola”.

O 4-3-3 do Barcelona é dividido em um volante, um criador e um controlador, e não necessariamente precisam de um Box to Box. Certamente que ter um no elenco traz um diferencial ao grupo, mas quando os rivais intimidam a equipe, um jogador com tais características pode ser útil. Ivan Rakitic é muito adequado para tal papel, pois já desempenhou no Sevilla e também na Seleção Croata, mas pela falta de característica do time, não costuma fazer tal função.

Quão bom é um jogador de caixa a caixa?

Em geral, para a maioria das equipes, um jogador Box to Box é uma adição valiosa, independentemente do estilo de jogo. Pogba, do United, e Keita, do Liverpool, não jogam por times que contra-atacam ou defendem. Ambos jogam por equipes que gostam de atacar, mas também desempenham um papel que um meio-campo defensivo central desempenha. Em equipes como Barcelona e Ajax, que possuem filosofias semelhantes, que seguem a filosofia de Cruyff, um jogador desse perfil não é necessário. Nenhuma das pessoas mencionadas acima prefere a fisicalidade a técnica. Só que têm capacidade de aliar ambas.

Box to Box no Brasil

Se parar para analisar o mercado brasileiro encontraremos bons nomes para o Box to Box. Porém, vale ressaltar que aquele segundo volante com muita chegada a área e, às vezes, com não tanta eficiência defensiva não tem o casamento perfeito para tal função, exemplos de Paulinho, Ramires e Elias, que eram/são Ferraris no ataque, mas não defendem com a mesma voracidade que chegam à frente.

Mineiro, ex-São Paulo, era um típico Box to Box. Desarmador, forte na marcação, com um vigor físico invejável e com chegada à frente, vide o gol do título do Mundial de Clubes de 2005 do Tricolor Paulista em cima do Liverpool de outro Box to Box, Gerrard. Hernanes, atualmente no São Paulo, no começo da carreira fez essa função e com o passar dos anos foi indo mais para frente, mas sempre foi bom tanto no ataque quanto na marcação.

Gerson, jogador do Flamengo, é um dos jogadores que melhor desenvolve tal função no Brasil na atualidade. Dotado de ótima técnica, o jovem vem sendo um diferencial no meio-campo flamenguista. Preciso na marcação, nos passes, na visão de jogo e na chegada à área adversária, anotando ou participando de gols, o camisa 8 do Fla faz jus ao termo Box to Box.

Foto destaque: Reprodução/Facebook Box 2 Box FC

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