Bellingham foi o primeiro nascido no Século 21 a fazer gol em Copa: conheça os quatro do Século 19 | OneFootball

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·21 de novembro de 2022

Bellingham foi o primeiro nascido no Século 21 a fazer gol em Copa: conheça os quatro do Século 19

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Jude Bellingham inaugurou uma parte da história das Copas do Mundo nesta segunda-feira. O meio-campista de 19 anos se tornou o primeiro jogador nascido no Século XXI a anotar um gol em Mundiais. A história do torneio, afinal, se concentra entre os jogadores nascidos no Século XX. Porém, alguns veteranos do Século XIX estiveram nos primórdios da competição. A Copa de 1930 teve 26 jogadores nascidos até 1900 – o mais velho, de 1892, o goleiro belga Jean de Bie. A Copa de 1934 ainda incluiu dois atletas nascidos até 1900. Desses todos, apenas quatro deles marcaram gols.

Abaixo, apresentamos breves perfis desses veteranos que balançaram as redes. Héctor Scarone e Pedro Cea eram gigantes do Uruguai bicampeão olímpico que também contribuíram para o título mundial em 1930. Já os Estados Unidos que parou nas semifinais contou com dois jogadores do Século XIX que marcaram gols, Bart McGhee e Tom Florie – este, o único do século retrasado a ter jogado mais de uma edição de Copa.


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Héctor Scarone (1898-1967)

Héctor Scarone é uma das primeiras grandes estrelas do futebol de seleções. O atacante estrelou o Uruguai a partir de 1917, quando estreou pela equipe nacional aos 18 anos. E não demorou a emplacar: seria eleito o melhor jogador do Campeonato Sul-Americano (a atual Copa América) naquele mesmo ano. Conhecido como “Gardel do Futebol”, o charrua dominou a competição continental enquanto esteve na ativa. Levantou a taça também em 1923, 1924 e 1926, além de ter acabado com os vices em 1919 e 1927 – quando foi artilheiro do torneio. Até 1922, tinha a companhia na seleção de Carlos Scarone, seu irmão mais velho.

Além do sucesso no Campeonato Sul-Americano, Scarone se tornou ainda maior nos Jogos Olímpicos. As duas medalhas de ouro da Celeste estão na conta do atacante. Em Paris, El Mago anotou gols em quatro dos cinco jogos. Foram cinco tentos no total, incluindo o da vitória por 2 a 1 contra a Holanda na semifinal. Passou em branco só na decisão contra a Suíça, em vitória por 3 a 0. Já em 1928, Scarone contribuiu com três gols em três partidas – esteve menos em campo por causa das lesões. No jogo-desempate da final contra a Argentina, seu gol na prorrogação carimbou o triunfo por 2 a 1 em Amsterdã. Já tinha status de lenda na Copa de 1930.

A primeira Copa do Mundo marcou a despedida de Scarone da seleção uruguaia. O veterano de 31 anos era o mais velho do elenco e jogou três dos quatro compromissos dos charruas. Seu único gol veio nos 4 a 0 sobre a Romênia da primeira fase. Disputou a semifinal contra a Iugoslávia e estava em campo também na nova vitória sobre a Argentina, agora no Estádio Centenário, que selou o inédito título mundial aos uruguaios. Não balançou as redes, mas deu a assistência para o tento que iniciou a reação na vitória por 4 a 2.

Scarone se aposentou da seleção com 31 gols em 51 partidas. Manteve-se como maior artilheiro da história do Uruguai até 2011, quando Diego Forlán o ultrapassou. Por clubes, El Mago se eternizou como um dos maiores ídolos do Nacional. O atacante conquistou sete títulos do Campeonato Uruguaio e anotou 301 gols pelos tricolores. Não à toa, um dos setores do Gran Parque Central leva seu nome. Ainda teve uma curta passagem pelo Barcelona em 1926, enquanto defendeu Internazionale e Palermo após a Copa de 1930. Scarone também trabalhou como técnico, dirigindo equipes como o Millonarios e o Real Madrid.

Sobre Scarone, Eduardo Galeano escreveu em ‘Futebol ao sol e à sombra': “Héctor Scarone servia passes como oferendas e fazia gols com uma pontaria que aperfeiçoava, nos treinos, derrubando garrafas a trinta metros. Embora baixinho, no jogo pelo alto superava todos. Scarone sabia flutuar no ar, violando a lei da gravidade: quando saltava em busca da bola, lá em cima se desprendia de seus adversários dando uma volta de pião que o deixava de frente para o arco, e então cabeceava para o gol. Era chamado o Mago, porque tirava gols da cartola, e também o chamavam de Gardel do Futebol, porque jogando cantava como ninguém”.

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Pedro Cea (1900-1970)

Tecnicamente, o ano de 1900 ainda faz parte do Século XIX, mesmo que algumas pessoas prefiram não considerar. Pelo sim e pelo não, Pedro Cea terminou a Copa de 1930 como um dos melhores jogadores, mesmo entre os mais velhos da competição. Nasceu em Montevidéu, numa família de origem espanhola e, por isso, tinha o apelido de “El Vasco”. Seus primeiros passos aconteceram no Centro Atlético Lito, clube onde também militaram lendas celestes como José Nasazzi e Héctor “Manco” Castro. Passou depois pelo Bella Vista, até se tornar uma das referências do Nacional a partir de 1929. Antes disso, já tinha feito parte dos tricolores numa famosa excursão pela Europa.

Cea ganhou suas primeiras oportunidades na seleção em 1923. Chegou no momento certo para ganhar dois títulos do Campeonato Sul-Americano, além dos dois ouros nas Olimpíadas. Em 1924, o matador anotou quatro gols nos Jogos de Paris. Fez o primeiro na semifinal contra a Holanda, que rendeu o apelido de “El Empatador”, e o segundo na decisão contra a Suíça. Já em 1928, embora titular em todos os jogos em Amsterdã, Cea assinalou seu tento solitário na semifinal contra a Itália. O melhor ficaria guardado mesmo para a Copa de 1930.

Dentro de casa, Cea encerrou como vice-artilheiro do Mundial e principal goleador do Uruguai na campanha do título. O atacante passou em branco na estreia contra o Peru, mas aqueceu os motores diante da Romênia com um gol. Na semifinal contra a Iugoslávia, o matador balançou as redes três vezes nos 6 a 1 e assinalou a terceira tripleta da história das Copas. E faria o seu na decisão contra a Argentina, com o segundo tento da Celeste na tarde. Com assistência de Scarone, “El Empatador” proporcionou o empate no início do segundo tempo e abriu caminho à virada por 4 a 2. Cea se despediu da equipe nacional em 1932, com 26 partidas e 13 gols. Como técnico, ainda voltou para ser campeão do Campeonato Sul-Americano de 1942 pelo Uruguai.

Eduardo Galeano também mencionou Cea em ‘Futebol ao sol e à sombra', no capítulo dedicado a Scarone: “Quarenta anos antes dos brasileiros Pelé e Coutinho, os uruguaios Scarone e Cea transpunham as zagas adversárias com seus passes de primeira e em ziguezague, que iam e vinham de um para o outro no caminho até a meta, tua e minha, curtinha e no pé, pergunta e resposta, resposta e pergunta: a bola era devolvida sem parar. Já se chamava a parede, naqueles anos, essa maneira rioplatense de atacar”.

Bart McGhee (1899-1979)

O futebol corria nas veias de Bart McGhee. Seu pai era James McGhee, um dos primeiros ídolos do Hibernian, da Escócia. O atacante de origem irlandesa capitaneou o time na conquista de sua primeira Copa da Escócia e se tornou o primeiro atleta alviverde a ser convocado pela seleção escocesa. Maior artilheiro do clássico contra o Hearts, porém, ele causou controvérsia quando se tornou treinador dos rivais anos depois. A empreitada não durou muito, diante da resistência da torcida em aceitá-lo, e ele pouco depois preferiu emigrar aos Estados Unidos. Chegou à Philadelphia em 1910, quando o filho Bart, nascido em Edimburgo, tinha 11 anos.

Os Estados Unidos tinham uma cena futebolística respeitável na década de 1920 e Bart McGhee inclusive se tornou profissional. O auge de sua carreira aconteceu com a camisa do New York Nationals, equipe do mesmo proprietário do New York Giants, do beisebol – o atual San Francisco Giants. O atacante teve números dilatados nas ligas locais, superando os 100 gols. Já a sua experiência solitária com a seleção americana aconteceu na Copa de 1930. Anotou o primeiro gol da história do país nas Copas, na vitória por 3 a 0 sobre a Bélgica, no dia de abertura do Mundial. Foi também titular na vitória contra o Paraguai e na semifinal perdida contra a Argentina. McGhee seria introduzido no Hall da Fama do Futebol nos Estados Unidos.

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Tom Florie (1897-1966)

Outro membro do Hall da Fama do Futebol nos Estados Unidos é Tom Florie, o “jogador mais antigo” a ter marcado um gol em Copas do Mundo. Filho de imigrantes italianos, o jovem lutou na Primeira Guerra Mundial e começou sua carreira no futebol já por volta dos 25 anos. Por clubes, o atacante teve seus principais momentos de brilho com o Providence e rodaria também por outros clubes, como o New Bedford Whalers. Considerado um dos principais jogadores em atividade no país, ganhou suas primeiras convocações a partir de 1925.

Tom Florie tinha 32 anos quando disputou a Copa de 1930 e recebeu a braçadeira de capitão. O atacante marcou o segundo gol nos 3 a 0 sobre a Bélgica. Também teve um tento erroneamente assinalado para si nos 3 a 0 sobre o Paraguai, depois corrigido para Bert Patenaude. Seria responsável por receber uma medalha de bronze, pela campanha do US Team até as semifinais. E mesmo sendo um dos mais veteranos em 1930, Florie foi o único jogador nascido no Século XIX a entrar em campo no Mundial de 1934. Ainda foi titular no meio-campo, aos 36 anos, na derrota por 7 a 1 diante da Itália.

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