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Trivela

·27 de novembro de 2021

Base do Flamengo foi uma fonte de talento inestimável aos esquadrões do Palmeiras na Era Parmalat

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A Copa São Paulo de Juniores ajudou a revelar muitos craques, mas o time do Flamengo que conquistou a edição de 1990, primeiro título dos cariocas, era especial. Júnior Baiano marcou o gol da vitória por 1 a 0 sobre o Juventus na final, em um time que também contava Djalminha e Paulo Nunes (e Marcelinho Carioca). Três jogadores que, junto com Zinho, alguns anos depois seriam incorporados ao projeto milionário da Parmalat e participaram de uma das décadas mais vitoriosas do Palmeiras.

A relação não foi apenas moderna. Jair Rosa Pinto, craque das Cinco Coroas conquistadas pelo Palmeiras entre 1950 e 1951, também se transferiu do Flamengo, embora tenha sido revelado pelo Madureira. A segunda Academia de Futebol contava com os gols de César Maluco, esse sim formado na Gávea e segundo maior artilheiro da história do Palmeiras. Nos anos noventa, rubro-negros participariam de alguns dos títulos alviverdes mais marcantes: o fim da fila, o ataque dos 100 gols e a primeira Libertadores da América.


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Zinho é o melhor exemplo. Porque foi enorme por ambos. Campeão brasileiro pelo Flamengo em 1987 e 1992 antes de se tornar um dos líderes do primeiro grande time da Parmalat. Ele próprio lembrou como a sua transferência ajudou a ajeitar as contas do clube carioca, em uma foto publicada no dia em que sua estreia pelo time alviverde completou 25 anos. “Os dirigentes do Flamengo pareciam aliviados. Finalmente conseguiram acertar a venda do atacante Zinho para o Palmeiras e, com isso, conseguirão saldar parte das dívidas do clube”, disse o recorte de jornal que o agora comentarista publicou em seu Instagram. “Com a venda de Zinho, os jogadores enfim receberão o salário de agosto”.

Chegou em outubro de 1992 e não demoraria muito tempo para ter papel importante em um título tão caro aos palmeirenses. Foi o autor do primeiro gol da vitória por 4 a 0 sobre o Palmeiras que selou o Paulistão de 1993 e quebrou o jejum. Também bicampeão brasileiro, as suas atuações levaram-no à seleção brasileira que seria tetracampeã mundial no ano seguinte. Após a Copa do Mundo, decidiu fazer um pé de meia no Japão.

Djalminha chegou pouco depois. Sua contratação foi anunciada em novembro de 1995, junto com a de Luizão, por US$ 5 milhões. Estava no Guarani. A passagem pelo Palmeiras não foi tão longeva, mas foi marcante. Com um estilo de jogo de encher os olhos, criou ou marcou muitos dos 102 gols que o time de Vanderlei Luxemburgo anotou no Campeonato Paulista de 1996. Curiosamente, a Parmalat foi buscar justamente Zinho para substituí-lo quando foi vendido para o Deportivo La Coruña pelo dobro do preço pelo qual havia chegado.

Quando Zinho retornou, o Palmeiras começava a montar o seu time que em breve seria campeão sul-americano. Uma peça essencial foi o técnico: Luiz Felipe Scolari. E sem timidez, Felipão pediu a contratação de alguns pilares com os quais havia conquistado a Libertadores (e outros títulos) pelo Grêmio. Um deles foi Paulo Nunes, atacante que deixara o Flamengo em 1995 para jogar no sul do Brasil. Formou uma dupla de ataque famosa com Oséas e marcou 62 gols em 133 partidas, antes de sair em 1999, junto com Zinho, de volta para o Grêmio.

Se você quiser um exemplo claro do que é o scolarismo, basta olhar para Júnior Baiano. Chegou depois da Copa do Mundo da França para reforçar a defesa e acabou sendo o artilheiro do Palmeiras na Libertadores de 1999, com cinco gols. Também conquistou a Copa Mercosul do ano anterior e se despediu justamente contra o Flamengo naquela final muito louca da competição sul-americana secundária em que os rubro negros venceram a ida por 4 a 3 e houve empate por 3 a 3 na volta no Palestra Itália. Saiu para o Vasco.

Zinho ainda teve mais uma passagem pelo Palmeiras. Retornou em 2002, convocado por Luxemburgo para ser o seu “técnico dentro das quatro linhas”, um jogador experiente para mesclar com a renovação pela qual o clube passava após o fim da co-gestão com a Parmalat. Luxemburgo, porém, foi embora no começo do Campeonato Brasileiro, Zinho não conseguiu se encontrar, e o Palmeiras foi rebaixado pela primeira vez. Inclusive houve um empate por 1 a 1 com o Flamengo na reta final que não ajudou nenhum dos dois times que brigavam contra o rebaixamento.

“Não preciso falar para ninguém que eu tenho o Flamengo no meu coração, mas a situação do campeonato é esta, delicada para os dois times, e não dá para fugir. O momento que eu vivo é no Palmeiras e, se salvar o Palmeiras significa afundar o Flamengo, os flamenguistas que me desculpem”, afirmou Zinho antes da partida, segundo a Folha de S. Paulo. “Meu pensamento primordial é o Palmeiras. Com o Palmeiras livre dessa situação difícil, até ficaria contente se o Flamengo também escapasse”. Escapou com três pontos de gordura.

Falando em Vanderlei Luxemburgo, aliás, ele é outra contribuição (mais indireta) do Flamengo ao sucesso do Palmeiras porque Luxa foi revelado na Gávea e de vez em quando ocupou a lateral esquerda rubro-negra durante a década de 1970 – fez 153 jogos entre 1972 e 1978. Teve muito mais relevância como treinador, claro, responsável pelos primeiros títulos da Era Parmalat, pelo Paulistão de 1996 e mais tarde por mais dois campeonatos paulistas menos relevantes (mas que também tiveram sua importância) em 2008 e 2020.

O curioso é que o caminho inverso não funcionou tão bem. Grandes nomes que saíram do Palmeiras daquela época para o Flamengo tiveram dificuldades. Um dos mais famosos é Edmundo que explodiu como um dos grandes atacantes do Brasil no clube paulista. Contratado a peso de ouro, com chave da cidade e carro de bombeiro, Edmundo deveria formar o melhor ataque do mundo com Romário e Sávio, mas a passagem pela Gávea acabou sendo rápida e acidentada. O time não rendeu dentro de campo, ele se machucou, houve polêmicas e o acidente pelo qual acabaria sendo condenado por homicídio culposo no futuro.

A passagem de Alex foi ainda mais curta. Ele estava no Parma e foi emprestado por um ano, a partir de agosto. Por causa da Olimpíada, chegou apenas em outubro e, no começo da temporada seguinte, denunciando atraso de salário, saiu para retornar ao Palmeiras após 12 jogos e três gols com a camisa rubro-negra. “O Flamengo me devia cinco meses de contrato. O presidente (Edmundo dos Santos Silva) falou: ‘Eu te libero se você abrir mão de R$ 100 mil’. Eu falei: ‘Está bem, presidente. Não foi bom para vocês nem para mim. Eu abro mão’. Rescindi o contrato e fui para o Palmeiras.Esses dias eu fiz a conta: foram 47 dias de Flamengo. De contrato, foram cinco meses, mas com seleção e férias, foram 47 dias de Gávea. E ainda saí ‘pagando’ o Flamengo”, contou, em entrevista ao programa Resenha da ESPN Brasil.

Edílson Capetinha não chegou a repetir os feitos dos títulos de 1993 e 1994 pelo Palmeiras, mas foi melhor. Conquistou títulos, pelo menos, como a Copa dos Campeões e o Campeonato Carioca do Gol de Petkovic. Até gosta de lembrar (ou reclamar) que fez dois gols e sofreu a falta que gerou aquele momento marcante, mas no geral a galera lembra apenas da cobrança de falta. Retornou ao Flamengo em 2003 para uma segunda passagem menos marcante.

Pensando no elenco atual, Jorge ainda não ganhou tanto espaço, mas foi revelado pelo Flamengo, quando foi eleito o melhor lateral esquerdo do Brasileirão e chegou à seleção brasileira. Principalmente, Felipe Melo tem grandes chances de ser titular no Estádio Centenário de Montevidéu e também começou a carreira como rubro-negro. Se o Palmeiras se consagrar tricampeão sul-americano, será mais um feito de sua história com uma ligação, mesmo que menor, com as crias da Gávea.

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