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·06 de abril de 2020
Barcelona x Arsenal: analisamos a final da Champions de 2006

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·06 de abril de 2020
Por muitos motivos, a final da Champions League de 2006 está marcada na história. O duelo Barcelona x Arsenal será lembrado pelo embate entre duas grandes equipes. Com um time mesclado entre veteranos e promessas, os Gunners fizeram grande campanha naquela edição, mas a expulsão precoce na decisão prejudicou o time, que saiu derrotado.
O Arsenal da temporada 2005/2006 ainda contava com a espinha dorsal dos Invencíveis, mas muita coisa tinha mudado. Dennis Bergkamp e Robert Pirès já eram veteranos e decaíram fisicamente, com o primeiro sendo um reserva de luxo e o segundo alternando entre o time titular e o banco.
Patrick Vieira já tinha deixado o clube rumo à Juventus, abrindo espaço para um jovem talentoso Cesc Fábregas (18 anos). Não foi apenas o espanhol que ganhou oportunidades. Muitas promessas entraram no time titular: Philipe Senderos (21), Mathieu Flamini (22), Emmanuel Eboué (22) e José Antonio Reyes (22).
O quinteto acima participou de várias partidas desta edição da Champions League. Senderos, Eboué e Flamini atuaram nas vagas dos lesionados Sol Campbell, Lauren e Ashley Cole, respectivamente.
Até se classificar para a decisão, o Arsenal foi líder do fácil grupo B, que contava com Ajax, Thun, da Suíça, e Sparta Praga, da República Tcheca. Os Gunners avançaram ao mata-mata, com cinco vitórias e um empate, com 10 gols marcados e apenas dois sofridos.
Depois, foram só pedreiras: Real Madrid nas oitavas, Juventus nas quartas e o surpreendente Villarreal na semifinal. Detalhe: a defesa do Arsenal não sofreu gol em 10 jogos seguidos na edição, contando os confrontos contra os três adversários citados. No mata-mata, foram três vitórias (sendo um importante triunfo no Santiago Bernabéu) e três empates.
Do outro lado, o Barcelona também liderou seu grupo, que contava com Werder Bremen, Udinese e Panathinaikos. Na fase inicial, a equipe espanhola teve o melhor ataque do torneio, que balançou as redes adversárias 16 vezes.
A equipe espanhola não teve vida fácil no mata-mata e bateu Chelsea, Benfica e Milan para chegar na final.
O DNA do Arsenal era o mesmo de anos anteriores, mas com algumas adaptações. A troca de passes rápidos e curtos e a intensidade durante os 90 minutos continuava.
Um dos principais pontos de mudança foi no ataque. Anos antes, a dupla Begkamp e Henry formava um casamento perfeito. Muitas vezes, o holandês era acionado no papel de pivô e servia o francês entrando na área em velocidade.
Mas, em 2006, Bergkamp estava no seu último ano de carreira, aos 36 anos, e era um reserva de luxo. Henry deixava de ter um craque ao seu lado e mudava então de função: era ele muitas vezes quem centralizava as ações ofensivas.
Para a final Barcelona x Arsenal, Arsène Wenger promoveu algumas mudanças. Na lateral, Ashley Cole retornaria ao time titular depois de passar boa parte da temporada lesionado. Flamini, que atuou vários jogos improvisado no setor, iria para o banco.
O experiente Pirès, que oscilou durante a temporada, manteria a sua vaga na ponta, com o jovem Reyes, que vinha de boas partidas, no banco de reservas.
Na manhã da final, o jornal norueguês Drammens Tidende publicou uma foto do árbitro assistente Ole Hermann Borgan, assistente escalado para a decisão, vestindo uma camisa do Barcelona.
A ideia do diário era que o árbitro posasse com as camisas dos dois clubes, mas o editor só tinha o uniforme da equipe espanhola. Com a polêmica, a Uefa decidiu substituí-lo pelo também norueguês Arild Sundet.
“Não há razão para duvidar da minha imparcialidade. Eu não torço para nenhum dos times. Foi insensível e estúpido da minha parte”, afirmou Borgan.
Logo aos dois minutos, Henry deu lindo drible em Rafa Márquez e, cara a cara com Victor Valdés, desperdiçou grande oportunidade, chutando em cima do goleiro. A partida entre espanhóis e ingleses começou equilibrada, com boas chances de gol dos dois lados.
Aos 18, Ronaldinho, que atuava centralizado no ataque do Barça, descolou ótimo passe para a diagonal de Eto’o, que invadiu a área e foi derrubado por Jens Lehmann. A equipe espanhol fez o gol na sequência, mas o árbitro da partida, cercado de jogadores do clube catalão, cancelou o tento e mostrou o cartão vermelho ao alemão.
A final Barcelona x Arsenal mudava completamente a partir daí. Aos 21, Eboué deu entrada duríssima em Gio van Bronckhorst e poderia ter sido expulso, mas levou apenas o cartão amarelo.
Os Gunners se defendiam como podiam e tentavam, com muitas dificuldades, acertar um contra-ataque. Numa boa escapada pela direita de Eboué, o marfinense aplicou caneta em Puyol, desabou na sequência e, o árbitro assinalou falta. Henry cobrou na cabela de Campbell que testou firme para a rede, abrindo o placar.
No movimentadíssimo primeiro tempo, mais uma grande chance de gol. Eto’o deu um giro desconcertante sobre o zagueiro inglês e fuzilou a trave de Almunia, que havia entrado na vaga de Robert Pirès com a expulsão de Lehmann.
O segundo tempo ficou ainda mais claro o embate entre ataque e defesa. O Barça tentava o gol, mas sem sucesso. Aos 24 minutos, o Arsenal perdeu grande chance. Henry recebeu entre os zagueiros e, de frente para Valdés, acabou chutando fraco em cima do goleiro espanhol.
Com um a menos, o cansaço dos jogadores dos Gunners era visível. Aos 30 minutos, a forte defesa da equipe inglesa ruiu. Iniesta e Larsson, que haviam entrado na segunda etapa, fizeram grande jogada e a bola caiu nos pés de Eto’o, que chutou entre Almunia e a trave.
Os jogadores do Arsenal e o técnico Arsène Wenger reclamaram de suposto impedimento do camaronês no lance. Abalados, os Gunners não conseguiram sustentar o empate.
Em rápida trama pela direita, Larsson, mais uma vez, encontrou o brasileiro Belletti, que invadiu a área em velocidade e chutou entre as pernas de Almunia, que aceitou. Assim, o Barça conseguia a virada e o título europeu.
“Estou muito triste. Este é um momento muito triste na minha carreira. Pensei que Eto’o poderia estar impedido. Não queria cometer falta, mas os jogadores do Barcelona exigiram que eu recebesse cartão vermelho. Vou me lembrar do que o Barcelona fez comigo e levar essa lembrança comigo para o meu túmulo”.
“É difícil aceitar perder um jogo de qualquer maneira, mas pior quando você tem que aceitá-lo com uma decisão errada. O gol de empate estava impedido e foi provado na televisão. Temos que fazer algo a respeito”.
“Não sei se o árbitro estava com uma camisa do Barcelona por baixo porque me chutaram por toda parte. Algumas das decisões dele foram estranhas. Muitas vezes, Puyol deveria ter recebido cartão amarelo e, várias vezes, Rafa Márquez veio por trás nos meus tornozelos. Acabei com machucados por todo o corpo. (O Barcelona) já é uma boa equipe, então, se você ajudá-los, será muito difícil vencê-los”.
“Não vale a pena lamentar o impedimento ou a expulsão – o que aconteceu, aconteceu. Tivemos algumas chances de matar o jogo, mas não conseguimos. No geral, devemos nos orgulhar do que um jovem time conseguiu. “
Barcelona: Victor Valdes; Oleguer (Belletti 71), Puyol, Rafa Márquez, van Bronckhorst, Edmilson (Iniesta 46), Deco, Van Bommel (Larsson 61); Giuly, Eto’o, Ronaldinho. Técnico: Frank Rijkaard.
Arsenal: Lehmann ; Eboué, Touré, Campbell, Ashley Cole, Hleb (Reyes 85), Fabregas (Flamini 74), Gilberto Silva, Pires (Almunia 20), Ljungberg, Henry. Técnico: Arsène Wenger.