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·17 de julho de 2019
Bahia já odiou Renato Gaúcho e lhe ajudou a ter primeira chance no Grêmio

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·17 de julho de 2019
Renato Gaúcho e Salvador. O palco onde Grêmio e Bahia definirão, nesta quarta-feira (17), uma das vagas para as semifinais da Copa do Brasil tem uma importância especial para o treinador gremista: na capital da Boa Terra ele foi odiado por décadas, conseguiu fazer as pazes com os baianos e o trabalho feito no Tricolor de Aço lhe rendeu a primeira oportunidade de comandar da área técnica o clube onde é o maior ídolo.
Para explicar como a relação entre Renato e Bahia começou, precisamos voltar a 1989 e à revolta dos torcedores baianos com a falta de jogadores campeões brasileiros pelo Tricolor, em 1988, na seleção brasileira, treinada por Sebastião Lazaroni, que ali iniciaria a campanha rumo ao título daquela Copa América. Ainda jogador, Renato foi alvejado por um ovo atirado das arquibancadas da antiga Fonte Nova na estreia contra a Venezuela. Depois, irritado, disse pejorativamente que estava em uma “terra de índios”.
Os baianos como um todo, mas especialmente os torcedores do Bahia, remoeram aquela frase durante duas décadas. Tanto, que em dezembro de 2009, Renato foi recebido com vaias do torcedor ao ser anunciado como treinador do time para a próxima temporada – em que o Tricolor da Aço estava na Série B. Mais experiente e vestindo a camisa do time, na inauguração de uma loja oficial, ele pediu desculpas.
“Aquilo foi uma bobagem que foram buscar no fundo do baú. Aconteceu há 20 anos. Quem nunca falou uma besteira? Quem nunca errou? Hoje eu continuo errando. De cabeça quente você acaba falando alguma uma coisa a mais que, lá na frente, as pessoas pegam. Se errei no passado, peço desculpas. Estou aqui para dar o meu máximo à frente do Bahia”, afirmou à época.
Renato não foi espetacular no Bahia, mas também não fez um trabalho ruim: deixou o time [que terminaria em terceiro, conseguindo o acesso para a elite] na sexta posição e em paz com a torcida. Acima de tudo, grato ao Tricolor de Aço, que lhe ajudou no sonho de comandar o time de seu coração pela primeira vez como treinador.
“Foi muito bom. Foi ótimo. Acho que os números comprovam isso. Hoje o Bahia está muito bem colocado na tabela. Fico triste de me despedir do grupo e deixo um grande abraço ao torcedor que sempre me apoiou. Foi uma experiência muito boa. Hoje, se estou indo para o Grêmio, que é um grande clube, é por causa do Bahia também”, afirmou em sua despedida de Salvador, em 2010.
Aquela seria a primeira de três passagens de Renato pelo Grêmio, sendo a última e atual delas a melhor – embora pela primeira vez o técnico tenha escutado vaias, justamente no empate por 1 a 1 contra o Bahia, no jogo de ida destas quartas de final da Copa do Brasil. E com o adversário buscando uma classificação inédita para a semifinal, a promessa é de uma Fonte Nova lotada, quase como Renato viu naquele 1989. Entretanto, ainda que seja possível imaginar algumas vaias, daquelas normais, na busca para desestabilizar o oponente ou enviar energias negativas, desta vez o clima entre o treinador e o clube é bem diferente.