
Gazeta Esportiva.com
·19 de junho de 2025
Augusto Melo se contradiz entre versões à imprensa e à Polícia sobre Cassundé; veja depoimento

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·19 de junho de 2025
No último 16 de abril, Augusto Melo, ainda na função de presidente do Corinthians, deu à Polícia Civil a sua versão sobre a sequência de fatos que culminou com o ingresso da Rede Social Media Design LTDA no contrato de patrocínio assinado pelo clube com a casa de apostas VaideBet.
A Gazeta Esportiva teve acesso ao vídeo do depoimento prestado pelo mandatário. Durante a conversa com as autoridades, Augusto Melo disse que Alex Fernando André, conhecido como Alex Cassundé, tido como intermediador do acordo de patrocínio, foi apresentado a Marcelo Mariano, ex-diretor administrativo, por Sérgio Moura, ex-superintendente de marketing.
Ele também afirmou que Cassundé foi levado por Marcelinho ao Parque São Jorge para um encontro com o então presidente com o intuito de apresentar a proposta da VaideBet. Veja abaixo, na íntegra, o trecho do depoimento em que Augusto explica como se deu o processo de intermediação.
“O Marcelo Mariano, através do Sérgio [Moura], chegou para mim lá dentro do clube, a gente ainda não tinha sala, estávamos andando, e falou: ‘Presidente, tem um intermediário que trouxe a VaideBet’. E eu falei: ‘Nunca ouvi falar na VaideBet’. Ele [Marcelo] disse: ‘Eles querem ter uma conversa com o senhor’. Eu falei: ‘Tá bom, Marcelinho. Toca aí’. Foi um pouco antes do Natal, dia 21, 22 ou 23, alguma coisa assim. […] O Marcelinho chegou, trouxe a pessoa e falou: ‘Ele tem uma indicação’. Eu não conhecia, não lembrava, não sabia quem era porque nunca tive contato. Ele [Marcelinho] disse: ‘Ele tem uma empresa chamada VaideBet’. Eu não dei a mínima, porque para mim a Betano já estava ótima. Nós estávamos no clube, a gente ficava andando ali e conversando com todo mundo”, relatou Augusto Melo à Polícia.
“Ele [Alex] procurou o Sérgio, o Sérgio apresentou ele para o Marcelinho, porque o Marcelinho também não o conhecia, e o Marcelinho trouxe até mim. Eu não dei a mínima porque eram muitas situações. A gente estava em uma loucura. E eu nunca tinha ouvido falar da VaideBet, para mim a Betano era a melhor”, acrescentou.
Mais adiante, novamente questionado pela Polícia, Augusto Melo confirmou o encontro com Cassundé. “Sim, ele veio falar comigo [o intermediário]. Dentro do clube”, afirmou.
“No dia não dei a mínima, era muito movimento, muita correria. Falei: ‘Marcelinho, vê aí’. Vinham muitas informações, muitas coisas e eu atendo todo mundo. Muitas vezes chega, fala uma coisa, mas depois não acontece. [..] O Alex procurou o Sérgio, o Sérgio levou o Alex até o Marcelinho, e no outro dia o Marcelinho traz ele até mim para conversar. O que chegou para mim até aí é isso”, finalizou.
(Foto: Reprodução/TV Gazeta)
A declaração do dirigente, entretanto, contradiz o que ele próprio afirmou em entrevistas à imprensa ao ser questionado sobre sua relação com Alex Cassundé.
Ao programa Fantástico, da TV Globo, em reportagem exibida no dia 19 de janeiro deste ano, Augusto Melo chegou a ser interpelado sobre a convivência com Cassundé e foi categórico: “Nenhuma. Nunca tive contato, não tenho o telefone, nunca sentei numa mesa (com ele).”
Augusto repetiu o mesmo discurso em entrevistas recentes para o SBT e para a TNT Sports, concedidas depois da reunião no Conselho Deliberativo do Corinthians que aprovou o processo de impeachment do presidente e, consequentemente, o afastou de suas funções diretivas.
“Não (se já tinha conversado com Cassundé). Ele pode até ter estado (no Parque São Jorge), mas não falou comigo. Não falou comigo, eu não estava lá nesse dia. Nunca sentei com ele para tomar café, nunca almocei, nunca jantei, não tenho o número dele. Mas acho que é normal ter intermediário”, disse ao SBT.
“Não tenho ligação, nunca tomei café, não tenho envolvimento com ninguém”, reiterou à TNT Sports.
DESFECHO PRÓXIMO
A Polícia Civil de São Paulo deve divulgar em breve a conclusão da investigação sobre o contrato entre Corinthians e VaideBet e suas consequências. Quando assinado, o vínculo remetia a um valor total de R$ 360 milhões e renderia à empresa intermediadora, a Rede Social Media Design LTDA, R$ 25,2 milhões.
Augusto Melo, Sérgio Moura, Marcelo Mariano e Alex Cassundé já foram indiciados por associação criminosa, furto qualificado e lavagem de dinheiro. A Polícia, porém, só concluirá o inquérito ao publicar o relatório final que definirá o caso de Yun Ki Lee, ex-diretor jurídico do clube, que solicitou habilitação nos autos através de seu advogado.
A Polícia, após o desfecho, vai encaminhar o processo ao Ministério Público, responsável por fazer a avaliação das provas colhidas. Por último, um Promotor de Justiça pode oferecer denúncias ou optar pelo arquivamento do inquérito policial, que, neste caso, tem sido conduzido pelo delegado Tiago Fernando Correia e acompanhado pelo Promotor de Justiça do Gaeco (Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), Juliano Carvalho Atoji. Se a denúncia foi aceita por um juiz, Augusto Melo, Marcelo Mariano, Sérgio Moura, Alex Cassundé e, possivelmente, Yun Ki Lee, se tornarão réus em processo penal.