Central do Timão
·30 de janeiro de 2025
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Na última quarta-feira, 29, o portal Meu Timão realizou entrevista com Augusto Melo, presidente do Corinthians. No bate-papo, o dirigente abordou diversos assuntos, como a provável venda do jovem Denner, o processo de impeachment que sofre no clube e, também, o trabalho desenvolvido pela consultora EY enquanto esteve vinculada ao clube, durante parte de 2024.
Augusto negou que tenha recebido qualquer relatório da empresa em relação à investigação de malfeitos em gestões passadas, uma de suas promessas de campanha. Afirmou, ainda, que a chegada da EY ao clube ocorreu por indicação do ex-diretor de futebol Rubens Gomes, o Rubão, que deixou o cargo em maio do ano passado:
Foto: José Manoel Idalgo/Ag. Corinthians
“Quem trouxe, na época, a EY para cá foi o Rubão. Foi ele que trouxe, que apresentou. E ele falou que era uma auditoria. Até falei no começo que era uma auditoria, porque eles tratavam direto (assim). E aí, depois, conversando, eu mais participativo com a EY, em reuniões aqui (no Corinthians), fui saber que era uma consultoria. Mas dentro de uma consultoria também aparece muitas coisas, se entende muitas coisas.”
Indicação procede
A Central do Timão checou essa informação junto a fontes ligadas ao clube, apurando que de fato a EY foi recomendada por um conselheiro da Chapa 55 (Paixão Corinthiana), chegando a Augusto Melo por intermédio de Rubão, com o propósito de emular no Corinthians o trabalho de reestruturação moldado para o Flamengo pela mesma empresa em 2013.
No entanto, ainda segundo essas fontes, desde o início da parceria entre Corinthians e EY era claro o escopo de trabalho da consultora, que se reunia com dirigentes alvinegros semanalmente para realizar os serviços. Além disso, no documento firmado entre as partes em janeiro, consta a assinatura de Augusto Melo, o que em tese configura ciência de que tipo de trabalho seria exercido.
“Ele, como presidente, podia perfeitamente solicitar ajuste no escopo do contrato caso sentisse que não fosse o que imaginava”, afirmou uma das fontes à Central do Timão.
Vale lembrar, também, que mesmo após a saída de Rubão do cargo de diretor estatutário de futebol, a gestão corinthiana seguiu tratando o serviço contratado junto à EY como auditoria. Um exemplo ocorreu durante protesto convocado pelos Gaviões da Fiel no Parque São Jorge, no final de junho. Na ocasião, Augusto conversa com os torcedores, afirmando: “Já está para sair a auditoria, fiquem tranquilos. O patrocínio também. Isso não é fácil.”
Negou possuir relatório
O presidente corinthiano também explicou na entrevista o que a consultoria abordou no clube. “Tudo é notas fiscais, tudo é contrato, tudo é papel. E o que eles analisam é o que está no papel, na nota fiscal. E aí aparecem algumas notas que estão sendo investigadas, tem outras que estão analisando. A gente teve que trocar jurídico, teve que trocar financeiro, agora entrou um jurídico atuante e um financeiro também, no qual eles estão já conversando direto, que a gente precisa recuperar isso”, pontuou.
Augusto prosseguiu, alegando que não possui um relatório conclusivo das análises da EY: “Pode (ser divulgado o resultado), assim que tiver o relatório, a gente quer (divulgar). E o que tiver que divulgar, a gente vai divulgar. Não é problema meu, ao contrário. Tem que ser feito um levantamento árduo, porque eu não vou ficar aqui pagando por coisas que eu não fiz e não vou ficar sofrendo essa pressão, igual eles vem fazendo comigo aqui todo dia.”
O dirigente foi, então, confrontado com informações já divulgadas pela imprensa de que, na realidade, o relatório já havia sido finalizado pela EY e entregue ao clube ainda em 2024. No entanto, Augusto voltou a negar que tenha recebido qualquer documento da empresa.
“Nas minhas mãos não está. Nunca recebi esse relatório. Saindo daqui eu vou conversar com o meu jurídico. Nunca chegou esse relatório na minha mão. Isso é mentira. Ao contrário, nós cobramos muito isso. Várias reuniões, pode perguntar para a EY, eles falavam: ‘A gente está chegando em uma certa altura, ou a gente para por aqui ou a gente vai moralizar o Corinthians’. O que eu quero é o bem do Corinthians. Eu preciso mostrar aqui como eu estou pegando o clube e como eu vou deixar o clube.”
A apuração feita pela Central do Timão, porém, confirmou as informações veiculadas pela imprensa durante o ano de 2024: antes de deixar o Corinthians, a EY finalizou diversos serviços pelos quais foi contratada, entre eles uma análise de due diligence, um trabalho sobre governança (pilares da gestão), um mapeamento de redução de custos e a análise de sete contratos assinados pelo clube durante as duas últimas gestões anteriores à atual (Andres Sanchez e Duílio Monteiro Alves). De acordo com as fontes consultadas, essas entregas ocorreram ainda no primeiro semestre do ano passado.
Investigação de ex-dirigentes e familiares
Outra questão ligada aos serviços da EY que foi negada pelo presidente foi a permissão para investigação de ex-dirigentes do Corinthians e seus familiares. Augusto Melo foi enfático ao afirmar que jamais assinou qualquer documento que permitisse tal investigação.
“Isso é mentira. Eu assinei documentos, autorizados pelo meu jurídico e pelo nosso compliance, para que se investigasse os contratos que tem aqui. Agora, se tem algum ex-dirigente ou conselheiro, que participa desses contratos, o que estatutariamente é proibido, eles automaticamente vão estar olhando. Eu assinei um documento para se investigar os contratos e notas que tem aqui. Eu não sei se tem alguém envolvido ou não. Não me passaram isso. Eu quero que me mostrem, manda mostrar.”
É importante lembrar, no entanto, que tal autorização já havia sido identificada no contrato entre Corinthians e EY pelo Conselho de Orientação (CORI) durante a análise das contas do clube do primeiro semestre de 2024. Tratava-se de um SoW (Statement of Work, ou Declaração de Trabalho) firmado em 22 de abril do ano passado.
O CORI lista o escopo de trabalho desse serviço específico no relatório: a análise, pela EY, de sete contratos e 35 transações/pagamentos realizados pelo clube entre 2015 e 2020, além do background check dos antigos dirigentes, incluindo “abertura familiar”. Ainda há a ressalva de que “os dirigentes (analisados) serão validados previamente pelo Cliente”, no caso, o Corinthians.
O relatório do CORI, cujos detalhes a Central do Timão trouxe em primeira mão, listou uma série de problemas na prestação de contas do Corinthians, como ausência de documentos comprobatórios da gestão financeira, irregularidades na contratação de empresas e indícios de gestão temerária, culminando na recomendação do afastamento de Augusto Melo da presidência do Corinthians. Essa recomendação tornou-se um processo ético-disciplinar que, atualmente, tramita entre o CORI e a Comissão de Ética do clube.
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