Fala Galo
·05 de junho de 2025
Atlético pode levar duas décadas para quitar dívida bilionária, aponta relatório financeiro

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·05 de junho de 2025
Foto: Pedro Souza / Atlético
Por: Thiago Florêncio
O Atlético encerrou 2024 com um fluxo de caixa final negativo de R$201,2 milhões, apesar do crescimento de receitas e da inauguração da Arena MRV. O dado consta no Relatório Convocados, divulgado nesta terça-feira (3) pela Galapagos Capital e produzido pelo economista Cesar Grafietti, especialista em gestão e finanças no esporte.
Segundo o documento, o clube apresentou evolução na arrecadação, mas ainda enfrenta desequilíbrio financeiro. As receitas brutas chegaram a R$607 milhões, um aumento de 30% em relação a 2023.
Os principais impulsos vieram dos direitos de transmissão (R$247,7 milhões), bilheteria e sócio-torcedor (R$112,9 milhões) e venda de jogadores (R$115,9 milhões). Em seu primeiro ano, a Arena MRV contribuiu com R$59,9 milhões.
Apesar do avanço na receita, o fluxo de caixa operacional foi negativo em R$58,5 milhões. O resultado foi impactado por recebimentos parcelados em negociações de atletas (R$ -124,5 milhões), gastos com capital de giro e adiantamentos (R$ -63,8 milhões) e investimentos no elenco profissional (R$ -218,3 milhões).
O passivo total do clube alcançou R$2,324 bilhões. Desse montante, R$1,151 bilhão tem vencimento de curto prazo. A relação entre dívida e receita, medida pela alavancagem, caiu de 2,07 em 2022 para 1,90 em 2024, mas segue em patamar elevado.
De acordo com Grafietti, se o clube destinasse 20% de sua receita anual à quitação das dívidas, levaria cerca de 23 anos para zerar o passivo, considerando a média de arrecadação dos últimos três anos.
Reprodução: Relatório Convocados / Galapagos Capital (2025)
O resultado operacional ajustado também preocupa. Embora o EBITDA tenha sido positivo em R$109 milhões, a exclusão de receitas extraordinárias, como vendas de atletas, revela um déficit de R$7 milhões. Isso indica que a operação regular ainda não se sustenta.
Reprodução: Relatório Convocados / Galapagos Capital (2025)
A metodologia aplicada pelo economista Cesar Grafietti aponta que a dívida do Atlético é maior do que os R$1,369 bilhão divulgados oficialmente pelo clube. Isso porque o Galo adotou um critério considerado inadequado pelo especialista: somou os passivos de curto e longo prazos, mas descontou receitas antecipadas, valores em caixa, créditos a receber (como vendas de atletas e direitos de transmissão), títulos mobiliários e depósitos judiciais, o que reduz artificialmente o valor final da dívida.
Ao adotar o modelo de SAF em 2023, o Atlético estimava quitar suas dívidas até 2027, segundo afirmou o gestor Ricardo Guimarães. No entanto, o relatório mais recente aponta uma extensão desse prazo para o fim de 2028.
O clube mantém como meta o plano “Galo 2030”, que prevê alcançar estabilidade financeira e competitividade esportiva até o fim da década. Pela legislação da SAF, o prazo máximo para liquidar os débitos é de dez anos. No cenário atual, o Atlético teria de comprometer quase metade da receita anual apenas para cumprir esse objetivo.