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·24 de maio de 2022

Atlético de Madrid fecha quinta temporada no Metropolitano, mas ídolos e até rivais sentem falta do Calderón

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Madri – Conforme o ônibus se aproxima da avenida que beira o Rio Manzanares, na cidade de Madri, o guia pega seu microfone e se prepara para avisar os turistas. “Aqui, onde vocês estão vendo todas essas obras, ficava o estádio Vicente Calderón.”


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Até julho de 2020, no local em que o Atlético de Madrid mandou suas partidas entre 1966 e 2017, parte da arquibancada erguida sobre a rodovia M-30 ainda permanecia no lugar, última recordação física da antiga casa colchonera. Hoje, porém, só há entulho e escavadeiras. A região que um dia recebeu jogos históricos ganhará um parque.

“Você passa de carro por aí e não vê nada. Sente que falta algo”, diz Adelardo Rodríguez, jogador que mais vezes vestiu a camisa do Atlético, com 553 apresentações.

Aos 82 anos, Adelardo é o presidente da fundação do clube. Ele afirma gostar do atual estádio da equipe, o Wanda Metropolitano, localizado na periferia da capital espanhola. Mas é natural que, para ele, campeão de três ligas, cinco Copas do Rei e um Mundial de Clubes nas décadas de 1960 e 1970, o Vicente Calderón tenha um lugar mais que especial na memória.

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O Atlético de Madrid fechou no último fim de semana, na derradeira rodada de La Liga, a sua quinta temporada desde que se mudou para o Metropolitano. Ao menos esportivamente, os novos ares fizeram bem ao clube.

No novo estádio, com capacidade para 68 mil torcedores, o time do técnico Diego Simeone levantou as taças da Liga Europa (2017/18), da Supercopa europeia (2018) e um título de La Liga (2020/21), que não era vencido pelos colchoneros desde 2014.

O uruguaio José María Giménez, zagueiro da equipe, esteve nas três conquistas. Entretanto, quando perguntado sobre os grandes clássicos que disputou contra o Real Madrid, por exemplo, suas lembranças o levam para as margens do Rio Manzanares.

“Disputei muitos clássicos especiais e desfrutei de todos. Dos que ganhei e dos que não pude ganhar. Mas me lembro com carinho de um que jogamos pela Copa do Rei, em janeiro de 2015, no Calderón. Na nossa casa, pude marcar um dos gols e vencemos o dérbi”, recorda o defensor, que chegou ao Atlético em 2013, sobre o triunfo por 2 a 0 pelas oitavas de final do torneio.

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Se ainda havia uma conta pendente no Wanda Metropolitano nesses cinco anos desde a inauguração era justamente vencer o rival na nova casa, algo que ainda não tinha acontecido. A sequência incômoda de três empates e uma derrota diante dos merengues foi encerrada no último dia 8 de maio, com o triunfo por 1 a 0. Yannick Carrasco, de pênalti, anotou o gol da primeira vitória do Atlético de Madrid em clássicos disputados no estádio.

Um alívio para os colchoneros, que certamente não gostariam de reviver, agora em outro local, o período de 15 anos que ficaram sem vencer o Real no Calderón, entre 1999 e 2014.

Milinko Pantic, que jogou pelo Atlético na década de 1990 e conquistou o doblete (liga e copa) na temporada 1995/96, é um dos tantos ídolos que lembra com carinho da antiga casa, ainda que a balança dos clássicos daquela época não fosse nada favorável para ele e seus companheiros.

“O Wanda Metropolitano é mais moderno, um estádio muito melhor. Mas o Vicente Calderón tinha a magia”, contou o sérvio, em um evento organizado por La Liga em Madri do qual também participou Guti, ex-Real Madrid.

“Guti sabe. Com o torcedor [do Atlético] empurrando, os adversários nunca ficavam cômodos”, lembra Pantic, ao que Guti, presente nos 15 anos que o Real ficou sem perder no estádio, respondeu com uma brincadeira. “Cômodo eu podia não estar, mas nunca perdi no Calderón.”

Todos, até mesmo os rivais, sentem falta do Vicente Calderón.

* Bruno Rodrigues é jornalista formado pela PUC-SP e editor na Editora Grande Área. Também cobra escanteio e corre para cabecear no Futebol Café.

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