Jogada10
·19 de dezembro de 2024
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Em meio à promessa de uma novela com longos capítulos sobre o futuro, Artur Jorge cravou o nome na história centenária do Botafogo. O rosto do treinador bracarense está estampado no pôster do tricampeonato brasileiro e na imagem do primeiro título da Libertadores do clube. O comandante minhoto moldou um Glorioso vencedor e não somente pelas taças. Os resultados dizem muito sobre o trabalho, afinal, em somente oito meses, obteve resultados tão expressivos que não é nenhum exagero afirmar que o português é o melhor treinador na história do Mais Tradicional. Há discussão no universo preto e branco!
Antes do debate, no entanto, vamos aos números. Nos clássicos regionais, um vareio: em seis partidas, venceu cinco e empatou um. 12 gols marcados e apenas dois sofridos. Um aproveitamento elevadíssimo de 88,8%. Artur Jorge permaneceu invito na Ponte Aérea. Nenhum paulista fez frente ao Botafogo. Em 12 combates, o Fogão trinfou em oito e deixou apenas quatro empates: 77,7% dos pontos, incluindo duelos que valeram vagas nas quartas e semifinais da Libertadores. Só isso.
Por falar no torneio continental, Artur Jorge levou a taça trabalhando com um jogador menos desde os 30 segundos do primeiro tempo. Quando Gregore foi expulso por deixar as travas de uma das chuteiras no rosto de Vera, muitos alvinegros, naquele instante, assinariam um documento que levasse a final contra o Atlético-MG aos pênaltis. Mas o português tinha um plano. O Botafogo não venceu somente “no detalhe”, como insiste o velho chavão. Levou a pressão por estar com dez e tirou a adversidade de letra: 3 a 1 épico e irretocável.
Artur Jorge em carreata após título do Botafogo na Libertadores – Foto: Vitor Silva/Botafogo.
“Nunca fui de individualizar. Não estou sozinho. O que me move são títulos coletivos. Não tenho pretensão de ser o melhor ou o pior treinador. O importante, volto a frisar, é o título que aqui está, será hoje, amanhã e no futuro. Meu objetivo sempre foi, portanto, as conquistas ao lado dos jogadores. Estou feliz porque contribuí com minha melhor parte”, colocou o Rei Artur, em Buenos Aires, ao ser perguntado pelo Jogada10 se era, de fato, o número 1 da história no Alvinegro.
Como se não bastasse um título com aquele enredo, dias depois, mesmo com o elenco extenuado, o Mister ainda ajudaria o Botafogo a encerrar um jejum de 29 anos sem o Brasileirão. Quer mais estatísticas? O caneco veio com 16 rodadas de invencibilidade (dez vitórias e seis empates), com 100% nos últimos compromissos: Palmeiras (fora), Internacional (fora) e São Paulo (em casa). Em briga de cachorro grande, ninguém, então, se cria perto do time do treinador bracarense.
“Ser o técnico do Botafogo significa apenas a oportunidade de disputar e ganhar estes títulos. Muito feliz pelo sucesso”, sintetizou o Mister, no gramado do Estádio Nilton Santos, à equipe de reportagem do J10.
Dois jornalistas que cobrem o Botafogo, de diferentes gerações, divergem sobre quem é o melhor técnico da história do Glorioso. Os bons modos recomendam que os mais experientes venham à frente. Radialista com passagens por diversos veículos de comunicação no Rio de Janeiro, Waldir Luiz ainda não vê Artur Jorge no topo.
“Artur é vitorioso e está na história do Botafogo. Ganhou duas vezes do Flamengo e não perdeu para os paulistas. Passa à frente Paulo Autuori, que disputou menos jogos no título brasileiro de 1995. Mas o Mário Jorge Lobo Zagallo… Ele ficou no clube de 1967 a 1970. É difícil superá-lo pela marca do número de jogos e vitórias. Eram poucos títulos na época, mesmo assim, ganhou dois Cariocas e uma Taça Brasil. Aliás, também não podemos esquecer o Marinho Rodrigues, técnico do time que tinha o próprio Zagallo, Garrincha, Didi. Amarildo e Quarentinha. Enfim, Zagallo é o maior, com Artur Jorge na segunda colocação”, estabeleceu.
Guilherme Cardozo, do canal “Gigante Glorioso”, tem outra linha de raciocínio para embasar o voto.
“O Botafogo já teve treinadores emblemáticos e vencedores, como João Saldanha e Zagallo, mas Artur Jorge, sem dúvida. é o maior treinador que já passou pelo Glorioso nos últimos 50 anos. Especialmente por ter feito um time com boas peças render em tempo recorde, garantindo estabilidade defensiva e agressividade ofensiva a ponto de se tornar imbatível em âmbito nacional e internacional”, enfatizou.
Do outro lado do Oceano Atlântico, o jornalista Thiago Correia, do “Diário do Minho”, acompanhou de perto o trabalho de Artur Jorge no Braga e sua mudança para o Botafogo, com a temporada 2023/24 em andamento. Ao Jogada10, ele descreve como a população daquela cidade reagiu ao êxito do treinador.
“O português tem na sua essência muito orgulho dos seus compatriotas que fazem sucesso pelo mundo. No caso do Artur Jorge, não foi diferente. E isto foi mais evidente em Braga, sua cidade natal, e onde está o clube que tem a ligação mais profunda com o treinador. O Braga, enquanto instituição, tem, na sua essência, o mesmo. Fica orgulhoso de forma genuína de ver os seus antigos “Gverreiros” vencendo. Assim, parabenizou logo o treinador. A torcida, porém, teve sentimentos mistos e conflitantes, mas ainda assim de orgulho. Digo isto porque ele não saiu da melhor forma, e foram poucos torcedores que lamentaram a sua saída”, relatou.
Ex-lateral, Artur Jorge conquistou a Taça de Portugal pelo Braga – Foto: Divulgação/Braga
Abel Ferreira (Palmeiras) e Jorge Jesus (Flamengo) haviam dominado a América antes de Artur. Além da nacionalidade lusitana, a passagem pelo Braga tornou-se um denominador comum entre os portugueses vencedores.
“Outro aspecto que deixou o torcedor do Braga orgulhoso pelos seus antigos treinadores foi o seguinte: os três portugueses que venceram Libertadores e Brasileirão, recentemente, passaram pelo clube. A imprensa repercutiu bastante o sucesso de Artur Jorge, mas já de forma diferente dos casos de Jorge Jesus e Abel Ferreira, dois treinadores que foram para o Brasil com mais peso e currículo. No caso do Artur Jorge, decerto que ele conquistou uma atenção maior por conta daquilo que apresentou em campo”, completou.
28/4 – Flamengo 0 x 2 Botafogo – Maracanã – Brasileiro
2/6 – Corinthians 0 x 1 Botafogo – Neo Química Arena – Brasileiro
12/6 – Botafogo 1 x 0 Fluminense – Nilton Santos – Brasileiro
26/6 – Botafogo 2 x 1 Bragantino – Nilton Santos – Brasileiro
29/6 – Vasco 1 x 1 Botafogo – São Januário – Brasileiro
18/7 – Botafogo 1 x 0 Palmeiras – Nilton Santos – Brasileiro
24/7 – São Paulo 2 x 2 Botafogo – Morumbis – Brasileiro
15/8 – Botafogo 2 x 1 Palmeiras – Nilton Santos – Libertadores
18/8 – Botafogo 4 x 1 Flamengo – Nilton Santos – Brasileiro
22/8 – Palmeiras 2 x 2 Botafogo – Allianz Parque – Libertadores
15/9 – Botafogo 2 x 1 Corinthians – Nilton Santos – Brasileiro
18/9 – Botafogo 0 x 0 São Paulo – Nilton Santos – Libertadores*
21/9 – Fluminense 0 x 1 Botafogo – Maracanã – Brasileiro
25/9 – São Paulo 1 x 1 Botafogo – Morumbis – Libertadores
26/10 – Bragantino 0 x 1 Botafogo – Nabi Abi Chedid – Brasileiro
5/11 – Botafogo 3 x 0 Vasco – Nilton Santos – Brasileiro
26/11 – Palmeiras 1 x 3 Botafogo – Allianz Parque – Brasileiro
8/12 – Botafogo 3 x 1 São Paulo – Nilton Santos – Brasileiro