Gazeta Esportiva.com
·23 de setembro de 2022
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Corinthians e Internacional estão há um dia de escrever mais um capítulo dentro da história do futebol feminino no Brasil. As equipes se reencontram neste sábado, a partir das 14h (de Brasília), na Neo Química Arena, na grande final do Brasileirão feminino. Na ida, o duelo acabou empatado em 1 a 1, no Beira-Rio.
Para o técnico das Brabas, Arthur Elias, o momento que a modalidade vive é um dos melhores e ele espera que a torcida esteja presente para empurrar as atletas dentro de campo – mais de 39 mil ingressos já foram vendidos.
“Com bastante alegria, pelo momento que o futebol feminino vive. A gente teve uma presença de público importante, um recorde de público no Beira-Rio. Aqui, com certeza, a Fiel vai comparecer e empurrar a nossa equipe, especialmente esse desenvolvimento, que vem sendo nos últimos anos de uma forma mais consistente, com investimento maior dos clubes, da CBF e das instituições. Ficamos muito contentes com isso”, iniciou o treinador em coletiva de imprensa nesta sexta-feira à tarde.
“Dentro de campo, o jogo vai precisar ser muito bem-jogado pelas atletas no sentido tático, daquilo que a gente espera do plano de jogo que fizemos, para tentar jogar melhor do que a primeira partida, especialmente do primeiro tempo, as atletas sabem disso. A gente fez os ajustes necessários, ainda que com o Paulista junto com o Brasileiro, e a gente conseguiu evoluir durante a semana para, amanhã (sábado), dar essa alegria ao torcedor na nossa casa”, complementou.
O profissional também enalteceu a presença do Internacional na decisão da competição, falando sobre o trabalho realizado pelo clube e também pelo técnico Maurício Salgado.
“É um indicativo (que as decisões estão saindo do eixo Rio-São Paulo), não só os clubes gaúchos, a gente precisa elogiar muito o trabalho que o Inter faz, há muitos anos, investindo forte no futebol feminino, nas suas categorias de base, revelando grandes atletas. É um trabalho de médio/longo prazo do Maurício, que é um ótimo treinador, experiente na modalidade, jogadoras de Seleção Brasileira”, iniciou sobre o assunto.
“O Inter e o Grêmio, ainda que tenha um investimento um pouco menor, são dois trabalhos que têm honrado a grandeza da instituição, assim como a gente vê o Flamengo, o Atlético-MG, duas equipes com muito poder de orçamento, de poder investir no futebol feminino, acredito que no próximo ano vão investir mais forte ainda. A gente vê o Cruzeiro se organizando muito bem, o Real Brasília que entrega o melhor que tem, nas suas condições, no futebol feminino, se classificou merecidamente, fez dois grandes jogos contra a gente. Então, com certeza está saindo de São Paulo, fico muito contente com os clubes do nordeste, investindo mais no futebol e também no futebol das mulheres. Eu não tenho dúvida que esta é a tendência, porque o Brasil tem muitos clubes grandes e vão abrir, estão abrindo as portas para o futebol das mulheres, estão dando estrutura para trabalhar, que é o mais importante. A própria desclassificação do Santos, uma equipe supertradicional, com ótimas jogadoras, com história no futebol feminino, o cenário tem mudado sim – e mudado para melhor”, finalizou.
Evolução do futebol feminino
“Eu concordo, e acho que, a cada ano, vem sendo mais competitivo e por isso que nós valorizamos muito o que fizemos, de chegar em todas essas finais, e a gente sabe que o esforço, o trabalho que é necessário para se chegar a uma final de Campeonato Brasileiro, para se vencer um torneio competitivo como este. Com certeza isso aconteceu este ano e vem acontecendo nesta crescente nos últimos anos. Isso é muito bom, é importante e que o próximo ano possa ser mais competitivo, com mais visibilidade, mais investimento, porque é isso que o futebol feminino merece”.
Pontos trabalhados durante a semana
“A gente teve dificuldade na saída de bola, isso tirou volume do nosso jogo, tirou um pouco de confiança daquilo que a gente tinha preparado para a primeira partida. No vestiário, conseguimos corrigir isso em termos de posicionamento, energia e postura. Fiquei satisfeito com o segundo tempo que a gente fez, o jogo foi equilibrado, com o Inter melhor no primeiro tempo e a gente conseguiu buscar o gol no segundo tempo e criar outras oportunidades também. A gente trabalhou no plano tático tanto melhorar essa saída em relação ao encaixe de pressão do Inter, mas também outros pontos fortes que a gente já tem, fortalecê-los e também outros detalhes foram trabalhados, e a gente conseguir anular o ponto forte do Inter também, nas transições, na bola parada. Acho que as atletas estão preparadas, estou confiante, de que vamos fazer um jogo melhor do que foi no Beira-Rio e merecer o título. O principal é o desempenho ser alto para que a gente mereça ser campeão mais uma vez”.
#InvasãoPorElas
“Em relação à mobilização da torcida, a gente fica muito contente e isso é uma missão nossa. A gente tem claro dentro do departamento, as jogadoras sabem, que uma das nossas missões é conquistar cada vez mais torcedores. Obviamente o torcedor corintiano, que é o que mais nos interessa, mas também pessoas que admiram o futebol que seja bem-jogado, como as mulheres têm apresentado, a partir do momento que deu estrutura. A melhora não é só tática, ela acompanha uma estrutura de trabalho adequada, uma valorização das profissionais envolvidas, isso está acontecendo e, obviamente, isso acompanha o plano tático. A gente fica contente com isso, é desafiador sempre, trazer coisas novas para a nossa equipe não ser previsível. E as atletas acreditam muito no trabalho, a gente é muito unido, escuta muito elas e não só as experientes, as mais jovens. A gente tem um trabalho com muito respeito e união para chegar aos nossos objetivos, que estão cada vez mais difíceis”.
Críticas à Federação Paulista
“Agradeço a pergunta, mas esse assunto para mim está encerrado, porque é um momento de valorização, valorização também do que vai acontecer amanhã (sábado) aqui, na Neo Química Arena, isso é o mais importante para nós agora. Obviamente a questão do calendário precisa ser mais bem-pensado e isso já é falado, não só por mim, mas por muitas pessoas há bastante tempo. Mas precisamos focar agora nesse momento do futebol feminino, nas duas equipes, as estratégias, valorização dessas jogadoras… Eu acho que fui muito claro no que falei e, no momento, está encerrado o assunto”.
Favoritismo
“No futebol existem coisas que são muito mais faladas fora do que efetivamente no dia a dia. A gente não usa essa palavra, a gente não se acha maior ou menor do que ninguém. Respeitamos sempre todos os nossos adversários, não só na final, independente da camisa ou da trajetória da equipe. A gente busca fazer o nosso melhor a cada jogo e a cada dia, e essa nossa cultura que a gente estabeleceu de buscar sempre evoluir no trabalho, as atletas são muito focadas nisso. Essa palavra não existe para nós, os resultados são reflexo do nosso ambiente, daquilo que a gente está fazendo e evoluindo. Isso fica mais para a imprensa. A gente fica feliz e confiante na nossa capacidade. Vamos com tudo amanhã (sábado) para buscar mais esse objetivo”.
Diany e desfalques
“A Diany ficou de fora do primeiro jogo por suspensão. Ela é muito importante para nós, assim como todas as atletas. A gente teve muitos desfalques ao longo da temporada, a gente convive com isso, mas que bom que foi (uma ausência) por cartão e não por lesão. Eu tenho um grupo agora praticamente todo à disposição, somente as lesões mais longas que não poderão estar no jogo, as que estão em transição também. Então, tenho praticamente todo o meu grupo. Fico muito contente, porque isso traz toda a energia, a qualidade que a gente tem. Não foi a ausência da Diany que fez a gente fazer um primeiro tempo, vou resumir ao primeiro tempo, abaixo, assim como não vai ser ela sozinha no jogo fazer mudar o nosso desempenho de forma radical. Vai ajudar muito, com certeza, é uma atleta que vem fazendo uma temporada excelente, em mais de uma posição, mas eu tenho uma expectativa muito grande do jogo e da gente poder fazer um jogo, acima de tudo, muito confiante”.
Torcida contra
“Eu acho excelente, porque eu quero cada vez mais os estádios cheios, que o futebol feminino esteja nos principais estádios, porque a qualidade do gramado é melhor, o espetáculo fica melhor. O mais importante é que isso não está sendo feito de uma forma ‘ah, vamos fazer aí para ajudar’, tudo que está acontecendo está acontecendo por muito trabalho anterior das jogadoras, gerações de profissionais que estão no futebol feminino há muito tempo. O que está acontecendo hoje, de o público estar presente, de maior visibilidade na mídia e de maior investimento, não é nada à toa e nem nada de graça. Tudo foi conquistado, e as atletas são as principais responsáveis por isso. Fico muito satisfeito de a torcida comparecer e a gente espera que, ao longo da temporada, a torcida possa comparecer também e os clubes estão fazendo esses esforços. A gente sabe que o Inter encheu Beira-Rio sem cobrar ingresso, algo que o Corinthians já fez também há alguns anos atrás, e agora a gente tem a oportunidade de fazer receita também. Porque parte da receita tem que vir do público também”.