Após deixar o Zenit, Dzyuba terá a primeira experiência fora da Rússia e será parceiro de Balotelli no Adana Demirspor | OneFootball

O Campeonato Turco é uma ótima liga para os medalhões que desejam ganhar uma boa grana na reta final de suas carreiras num nível minimamente competitivo. O Adana Demirspor se coloca entre os clubes que mais aproveitam essa política de contratações, com uma coleção de veteranos em seu elenco. Mario Balotelli foi o grande destaque da equipe na última temporada, mas o elenco reúne também nomes como Younès Belhanda, Gökhan Inler, Birkir Bjarnason e Britt Assombalonga. Já a novidade para a atual temporada é o tarimbado Artem Dzyuba. O centroavante deixou o Zenit ao final de seu contrato e chegou de graça à Turquia. O Adana Demirspor é o atual líder da Süper Lig, com seis pontos em duas rodadas.

Fundado em 1940, o Adana Demirspor possui uma ascensão recente na elite do Campeonato Turco. Os Raios Azuis possuem aparições esparsas na primeira divisão e ficaram 26 anos longe da Süper Lig até o acesso consumado na temporada passada. Seria uma boa reestreia, com a nona colocação em 2021/22. A ascensão é financiada por Murat Sancak, empresário turco que está à frente da agremiação desde 2018. Ele é sobrinho de Ethem Sancak, figura política importante na Turquia e partidário do presidente Recep Tayyip Erdogan – além de nome influente nas relações com o Brasil, chegando a receber a Ordem de Rio Branco pelo trânsito diplomático.

Com dinheiro em caixa e força nos bastidores, o Adana Demirspor contratou vários jogadores badalados para a sua volta à primeira divisão. Já o escolhido para o comando era Vincenzo Montella. O desempenho seria satisfatório em 2021/22, com o time brigando por vaga na Conference, apesar da queda na reta final da temporada que custou posições na tabela. Balotelli foi uma grata surpresa, tornando-se o protagonista da campanha, com 18 gols. E o investimento cresce para passos maiores rumo a 2022/23. Foram 19 reforços até o momento, com destaque ao ponta Henry Onyekuru (Olympiacos) e ao lateral Kévin Rodrigues (Real Sociedad). As duas principais contratações, ainda assim, vieram do Zenit.

Yaroslav Rakitskyi foi o primeiro a deixar o Zenit, em março, logo após o início da invasão russa na Ucrânia. O zagueiro passou os últimos meses sem clube e fechou com o Adana Demirspor. Vira uma referência na zaga, com a experiência de quem disputou as competições continentais ao longo da carreira. Diferentemente do ucraniano, Dzyuba não viveu a mesma tensão. No entanto, também entrou em atrito por causa da guerra (especialmente ao se posicionar publicamente) e não chegou a um acordo pela renovação de seu contrato. Já tinha em mente que uma proposta gorda poderia chegar da Turquia, até acertar com o novo time.

Antigo capitão do Zenit, Dzyuba é um dos maiores ídolos da história do clube. Disputou 249 partidas, com 108 gols e 70 assistências. Foi essencial no atual tetracampeonato dos celestes na liga nacional, especialmente pela volta por cima que deu, após brigar com Roberto Mancini e passar um tempo emprestado ao Arsenal Tula. De certa maneira, sua saída de São Petersburgo surpreendeu neste momento, já que o veterano continuava rendendo bem. Entretanto, não é o rompimento que diminui sua importância.

Dzyuba também possui cartaz por sua história na seleção da Rússia. O centroavante soma 30 gols em 55 partidas. É o capitão da equipe nacional, presente em duas Eurocopas, além de ter sido protagonista do país-sede na campanha durante a Copa do Mundo de 2018. Já por clubes, o centroavante também tem passagens notáveis por Spartak Moscou e Rostov, mas sem os mesmos feitos que conseguiu como estrela do Zenit.

Por seu estilo de jogo, Dzyuba terá muito a contribuir com o Adana Demirspor. É um centroavante muito inteligente, apesar do porte físico, que facilita o jogo para os companheiros. Pode inclusive se combinar com Balotelli, embora o mais provável é que os veteranos se revezem. Independentemente da idade, o russo parece ter capacidade para deixar sua marca na Turquia. Será uma prova de seu talento, na primeira experiência num clube estrangeiro. Pelo início do time de Montella na Süper Lig, com duas vitórias em duas rodadas, não surpreenderia se uma inédita classificação às copas europeias acontecesse.