Trivela
·09 de dezembro de 2021
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Durante algum tempo, Mehdi Benatia se colocou entre os melhores zagueiros em atividade no futebol europeu. E a carreira do defensor guardou passagens por clubes de ponta: Roma, Bayern de Munique, Juventus. Nem sempre o marroquino esteve completamente saudável neste ápice, e as lesões custaram uma queda repentina de seu rendimento em meados da última década. Tal trajetória, ainda assim, permitiu que o defensor ganhasse títulos importantes, recebesse prêmios individuais e virasse capitão de sua seleção em uma Copa do Mundo. Uma carreira condecorada que se encerra nesta quinta-feira. Aos 34 anos, Benatia anunciou sua despedida dos gramados.
Durante os últimos anos, Benatia vivia mais de nome do que de bola. Pouco antes de participar da Copa de 2018 com Marrocos, o zagueiro deixou o futebol europeu para defender o Al Duhail, no Catar. Ficaria duas temporadas e meia por lá, com bom reconhecimento na potência local, antes de assinar com o Fatih Karagümrük. Todavia, as contusões seguiram limitando bastante seu rendimento no Campeonato Turco e, mesmo com a temporada em andamento, o veterano optou por encerrar a sua trajetória.
“Desde muito jovem, eu tinha apenas um sonho: me tornar jogador de futebol profissional. Para chegar lá, tive que me esforçar muito, fazer sacrifícios, mas, acima de tudo, traçar novas metas a cada etapa da minha carreira. Graças a Deus tive a sorte de me tornar jogador, mas, como costumam dizer, o mais difícil não é assinar o primeiro contrato, é seguir durante o tempo. Após mais de 15 anos de ‘bons e leais serviços’ ao futebol, disputando a maioria das competições mais prestigiadas, decidi que quero encerrar minha carreira”, declarou Benatia, em suas redes sociais.
“Ao longo da minha trajetória, conheci ótimas pessoas que me permitiram me desenvolver, e é por isso que quero homenagear todos os clubes que defendi. Esse trabalho também me concedeu defender e representar meu país, Marrocos, com o qual vivi momentos inesquecíveis – as várias Copas Africanas, mas em particular o Mundial de 2018. Para finalizar, gostaria de agradecer todos aqueles que me apoiaram e me apoiam ao longo desse tempo – meus pais, minha esposa, meus filhos, meu empresário, meus amigos e vocês que me seguem. Dizem que o fim de uma coisa é sempre o começo de outra… Por isso digo a vocês até breve, sempre conduzido pelo trabalho e pela paixão”, complementou.
Nascido na França, Benatia passou pela famosa academia de Clairefontaine, mas foi expulso por indisciplina. O adolescente precisou se reerguer no Guingamp e no Olympique de Marseille, onde fez a fase final de sua formação, mas não atuou pela equipe principal. O zagueiro despontou na segundona francesa, com Tours e Clermont, até descolar um contrato com a Udinese. Foram três boas temporadas com os friulani, que figuravam na parte de cima da tabela, antes de rumar para a Roma em 2013/14. Com os giallorossi, o defensor viveu sua melhor temporada e esteve entre os melhores beques da Serie A. Não à toa, o Bayern de Munique resolveu contratá-lo de imediato e desembolsou €28 milhões pelo negócio – €14,5 milhões a mais que os romanistas tinham gasto um ano antes.
Na Bundesliga, Benatia participou da equipe de Pep Guardiola e conquistou dois títulos nacionais, mas conviveu com as lesões e não se firmou totalmente como titular. Foram 46 jogos em dois anos pelo clube, até que acabasse negociado com a Juventus. O retorno à Serie A recuperou a sequência do marroquino, que levaria o Scudetto e seria titular na equipe finalista da Champions em 2017/18. Entretanto, depois de duas temporadas, ele perderia espaço e acabaria arrumando as malas para o Catar.
Pela seleção de Marrocos, Benatia disputou 58 partidas. O zagueiro esteve presente em quatro edições da Copa Africana de Nações e na Copa do Mundo de 2018. Inclusive, usava a braçadeira de capitão dos Leões do Atlas no Mundial da Rússia. O beque ainda teve o gosto de marcar um dos gols na vitória por 2 a 0 sobre a Costa do Marfim nas Eliminatórias, que selou o retorno dos marroquinos à competição após 20 anos. Faltaram apenas desempenhos melhores da equipe nas fases finais dos torneios internacionais.
Benatia ainda colecionou prêmios importantes ao longo da carreira. O zagueiro chegou a ser eleito para a seleção da temporada na Serie A em 2013/14. Também figurou no time do ano da Confederação Africana de Futebol em 2013, 2014, 2015 e 2018. Por duas vezes foi eleito o jogador do ano de Marrocos e também recebeu o prêmio de melhor futebolista árabe em 2015. E seria escolhido para o time africano da década, pelos feitos acumulados de 2011 a 2020. Tem seu lugar na história, mesmo que a carreira dê a impressão de que poderia fazer ainda mais.