Trivela
·23 de março de 2023
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Bojan Krkic sempre foi um jogador precoce. Estreou pelo Barcelona ainda com 16 anos, em um amistoso em 24 de abril de 2007. O treinador era Frank Rijkaard e já se falava no nome do atacante há muito tempo pelos seus feitos na base, os muitos gols. O rótulo de “novo Messi”, já o craque ascendente daquele time, foi atribuído a ele. Pouco mais de 15 anos depois, Bojan, agora com 32 anos, anuncia a sua aposentadoria, tão precoce quanto o seu início de carreira.
Sua história como jogador de futebol terminou onde começou: no Camp Nou. Ele não voltou a defender as cores do Barcelona, mas foi ali, em um salão do estádio que chamou de casa por tanto tempo, que ele anunciou que pendura as chuteiras. Uma carreira que iniciou como uma das grandes promessas mundiais, mas que nunca correspondeu às expectativas criadas sobre ele. Algo, aliás, que ele não tem controle algum. A expectativa que se criou sobre ele criou também um peso imenso para que ele carregasse.
Durante a sua fase de categorias de base, se falava em números de 800 gols atuando nas canteras blaugranas. Até por isso, já na temporada 2007/08 o atacante foi incorporado ao elenco principal do Barcelona pelo técnico Frank Rijkaard. É importante falar o nome do treinador neerlandês, porque o próprio Bojan disse que ele foi o mais marcante em toda a sua carreira.
Bojan estrearia em um jogo oficial pelo Barcelona em 16 de setembro de 2007, contra o Osasuna, e se tornou o terceiro jogador mais jovem a estrear pelo clube. O primeiro gol em jogos oficiais aconteceu no dia 21 de outubro de 2007, contra o Villarreal e se tornou o mais jovem a fazer um gol em jogo oficial pelo clube em La Liga. Também se tornou o mais jovem a marcar pelo clube na Champions League, com 17 anos e 217 dias, em jogo contra o Schalke 04. Terminou a sua primeira temporada com 12 gols em 48 jogos disputados em todas as competições. Atuou nas três posições do ataque: pelo lado direito, pelo lado esquerdo e como centroavante.
Bojan pelo Barcelona, em 2011 (Allstar / Icon Sport)
A saída de Rijkaard e a chegada de Pep Guardiola poderia significar a explosão da carreira de Bojan. O técnico se caracterizou por dar chances a jogadores das categorias de base. Na sua segunda temporada, os números de jogos (e de minutos) foram bem similares. Foram 42 jogos, com 10 gols. Essa seria uma constante. Na temporada seguinte, 2009/10, foram 36 jogos, com 12 gols. Em 2010/11, 37 jogos, sete gols. Embora os números sejam parecidos, uma constante: eles foram diminuindo, seja em jogos, seja em minutos.
Não por acaso ele deixaria o Barcelona em julho de 2011, rumo à Roma. Novamente, atuou em todas as posições do ataque, fez 37 jogos e sete gols. Teve minutos similares ao que tinha no Barcelona. No ano seguinte, foi emprestado ao Milan. Foram 27 jogos, com três gols. Menos minutos do que na temporada anterior. Curiosamente, ao final da temporada 2012/13, o Barcelona exerceu a cláusula de recompra de Bojan. Tinha vendido por € 12 milhões em 2011 e recomprou por € 13 milhões.
Só que ele não voltou ao Barcelona. Foi emprestado ao Ajax, clube que compartilha de muitas ideias do Barcelona desde a época de Johan Cruyff. Novamente, minutos e números similares: 32 jogos, cinco gols. Ao final da temporada, foi vendido, mas a outro clube: o Stoke City. O valor foi muito mais baixo: € 1,8 milhões.
Bojan pelo Stoke City (Icon Sport)
No Stoke, Bojan viveu ótimos momentos. Já tinha mostrado que era bom jogador nos clubes anteriores, mas nunca conseguiu ter continuidade, algo que conseguiu no clube inglês. Só que teve um primeiro grande revés: uma lesão de ligamento cruzado anterior, que o deixou parado por muito tempo.
Voltaria na temporada 2015/16 e seguiria atuando bem. Se não era o novo Messi que se esperava, era um jogador habilidoso, rápido e que ajudava muito o Stoke City em sua disputa para permanecer na Premier League. Em 2016/17, passou a jogar menos e acabou emprestado, no meio da temporada, para o Mainz 05. No clube alemão, foram 11 jogos, com um gol.
Sem espaço no Stoke, foi emprestado novamente, desta vez ao Alavés, retornando à Espanha. Jogou muito pouco: apenas 17 jogos, com um gol marcado. Não conseguiu repetir as boas atuações. Retornaria ao Stoke ao final da temporada, em 2018. Foram 23 jogos, com um gol marcado, mas novamente sem convencer.
Assim, foi negociado em agosto de 2019 para a MLS. Foi jogar no Montreal, mas jogou pouco em sua primeira temporada, que pegou na metade: apenas 10 jogos, com três gols. A temporada seguinte foi melhor: 21 jogos, quatro gols. Nada que chamasse demais a atenção. Assim, ao final da temporada 2020, deixou o Montreal e ficou sem contrato.
Ficou sem jogar de janeiro até agosto de 2021, quando foi anunciado pelo Vissel Kobe. A temporada no Japão, tal qual a MLS, é como no Brasil, do começo ao fim do ano. Em 2021, foram apenas seis jogos e um gol, com uma lesão muscular que o tirou dos últimos jogos. Em 2022, começou a temporada já no clube japonês, onde dividia o gramado com um ex-companheiro de Barcelona, Andrés Iniesta. Na temporada 2022, foram 20 jogos, mas nenhum gol marcado e poucos minutos em campo. Não ficou no clube ao final do contrato. Sem clube desde janeiro deste ano, Bojan decidiu se aposentar.
Bojan pelo Vissel Kobe, em 2022 (Pakawich Damrongkiattisak/Getty Images)
Gerard Piqué já tinha antecipado em uma live na quarta-feira que o ex-companheiro de Barcelona iria se aposentar. Em evento comandado por Joan Laporta, presidente do Barcelona, e com a presença de Piqué e outros jogadores. “A ideia é me aposentar em uma partida da seleção catalã, já falei com Gerard López, o técnico aqui presente, e a Federação Catalã está buscando datas no começo de junho”, afirmou o jogador.
“Sem Frank Rijkaard, que que colocou um menino de 17 anos para jogar, nada disso teria acontecido”, afirmou o jogador. “Vim fazer testes com nove anos em campos de terra aqui ao lado, aqui começo tudo, depois de muitas vivências e aprendizagens em nível profissional, quero anunciar que acaba uma etapa como jogador profissional de futebol, sou realista e consciente que a vida são etapas e quero comunicar agora”, explicou Bojan.
“Agradeço ao presidente, Joan Laporta, uma pessoa muito especial para a minha família, começamos juntos esta viagem e temos uma conexão especial, agradeço à diretoria por me deixar me despedir aqui em casa”, continuou o atacante. “Agradeço aos meus pais, se não fosse pelo meu pai, por sua valentia de deixar um país e vir para aqui pelo futebol, por uma família, é uma pessoa que admiro muito e que sempre me deu muita força. À minha mãe, que renunciou ao seu trabalho como enfermeira para estar ao lado do seu filho para que se formasse como pessoa e como jogador”.
“Lembro que viver aqueles anos do Barça foi um privilégio. Talvez a Copa do Rei de Valencia, contra o Athletic, foi o mais especial, como poder ganhar La Liga e Champions com o seu clube de coração. Mas fico com o que fiz e com o que custou fazer, não com o que não pude fazer”, disse um jogador bastante resignado com o que fez.
“O gol anulado contra a Inter na semifinal de 2010? Aceitei que aquele gol contra a Inter foi irregular, como aceitei a grave lesão que sofri no Stoke. Nunca me queixei. Se tivesse valido aquele gol, talvez a minha história tivesse sido diferente, não sei, mas eu gosto da história que tive”, afirmou Bojan.