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·24 de setembro de 2022

Álvaro José e Del Vecchio, dois expoentes do ataque santista

Imagem do artigo:Álvaro José e Del Vecchio, dois expoentes do ataque santista

Guilherme Guarche, do Centro de Memória

Ter o seu nome numa rua no Jardim Acapulco, na Pérola do Atlântico, é a prova maior que seu desempenho como futebolista foi reconhecido pelas autoridades do Guarujá. O homenageado nasceu em São Paulo, “A terra da garoa”, no dia 24 de setembro de 1931, uma quinta-feira, no início da Primavera.


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Ainda pequeno, Álvaro José Rodrigues Valente mudou-se da capital paulista para a bela cidade praiana. Seu sonho quando criança era ser médico, no entanto, quis o destino que ele se tornasse um dos melhores atacantes que vestiram a camisa alvinegra do Santos.

Seu início no futebol ocorreu atuando na equipe do Guarujá Atlético Clube, no final da década de 1940. Seu bom desempenho dentro das quatro linhas o levou a jogar nas categorias de base do Jabaquara Atlético Clube, onde formou ao lado de seu irmão Ramiro que foi jogar no Fluminense.

Em fevereiro de 1953, aos 21 anos, deixou o “Leão do Macuco” e se transferiu para o Santos junto com o lateral Feijó. Sua estreia ocorreu no dia 3 de março desse mesmo ano, mostrando já na primeira partida seu cartão de visitas como um grande artilheiro, marcando três gols na partida diante do Flamengo pelo placar de 4 a 3, em amistoso na Vila Belmiro, com Carlyle marcando o outro o gol do Peixe.

Nesse encontro amistoso o Santos escalado por Artigas entrou em campo com a seguinte formação: Manga, Hélvio e Feijó; Nenê, Formiga e Zito; Nicácio (Bino), Antoninho (Hugo), Álvaro, Carlyle e Tite.

Dois anos depois era seu irmão Ramiro que vinha formar ao seu lado no time do Peixe e dar muitas alegrias ao torcedor do alvinegro praiano.

Álvaro era jogador versátil, pois tanto jogava como centroavante como também como meia direita, tinha muita visão de jogo, era muito técnico. Em 1954, ele foi o artilheiro da equipe que vinha crescendo no campeonato paulista marcando 26 gols.

Com a conquista do título do campeonato estadual de 1955, após uma espera de 20 anos, ele foi considerado um dos melhores jogadores do time santista, mas com Del Vecchio se destacando como um fazedor de gols no ataque do time da Vila Belmiro, Álvaro passou a atuar na meia-direita.

Na conquista do esperado título, Álvaro marcou 10 gols e foi também o autor do primeiro gol na partida final diante do Taubaté, na Vila Belmiro na vitória por 2 a 1, com Pepe marcando o segundo gol na memorável conquista.

Suas atuações destacadas no time santista valeram-lhe o passaporte para atuar na Seleção Brasileira, onde jogou 11 partidas e marcou 4 gols. Foi campeão da Taça Oswaldo Cruz.

Na primeira vez em o Campeão da Técnica e da Disciplina visitava o Continente Europeu, no ano de 1959, ele e seu irmão Ramiro despertaram o interesse dos dirigentes do Atlético de Madrid, que os contratou nesse mesmo ano.

No time espanhol Álvaro jogou apenas dois anos, disputando 12 partidas marcando três gols. Seu irmão Ramiro, no entanto, ficou mais tempo no time dos Colcheneros, até 1965.

Sua última participação com a camisa santista foi no dia 13 de abril de 1961, pelo Torneio Rio-São Paulo, na derrota diante do Vasco da Gama pelo placar de 2 a 1, no Maracanã, quando o Alvinegro escalado por Lula formou com: Lalá, Mauro e Dalmo; Jorge (Getúlio), Calvet e Urubatão; Dorval, Mengálvio, Álvaro (Sormani), Pelé (Tite) e Pepe.

No Santos ele sagrou-se Campeão Paulista nos anos de 1955/56 e 1958, e foi também Campeão do Torneio Rio-São Paulo em 1959 e Campeão do Torneio de Classificação da FPG em 1956, do Torneio Pentagonal do México, do Torneio da Costa Rica, do troféu Tereza Herrera e do Triangular de Valência todos no ano de 1959.

Álvaro, ao todo marcou pelo Peixe 111 gols em 290 partidas disputadas. É ao lado de Ary Patusca o 17º artilheiro do Santos.

Aposentado, trabalhou como zelador em um prédio em Guarujá. Diversos problemas de diabetes fizeram com que tivesse sérias complicações, causando sua morte três dias antes de completar 60 anos, no dia 21 de setembro de 1991.

Segundo contou o ex-goleiro santista Carlos Pierin, o querido amigo Lalá, que participou da épica primeira viagem do Santos ao Continente Europeu em 1959, tanto Álvaro José como seu irmão Ramiro, eram duas pessoas de caráter ilibado, dois seres humanos aos quais ele considerava como irmãos além de seres dois extraordinários craques que muito honraram a camisa do Alvinegro e ajudaram o clube a perpetuar o futebol santista na Europa a partir daquela histórica jornada.

Del Vecchio, o destemido centroavante

Três anos depois do nascimento de Álvaro José nascia outro inesquecível craque e artilheiro do Santos, Emmanuele Del Vecchio, filho de Frank Del Vecchio e da senhora Alboccini, de origem italiana. Del Vecchio nasceu no dia 24 de setembro de 1934, uma segunda-feira primaveril no bairro da Mooca, na capital paulista.

Ainda bem jovem passou a infância jogando bola nas areias das praias de São Vicente, na sequência jogou com o seu grande amigo Pepe nas equipes amadores da várzea vicentina. Em 1951 iniciou sua trajetória nas equipes de base do Santos, se sagrando campeão no infantil e no juvenil santista.

A estreia na equipe principal aconteceu em um amistoso na Vila Belmiro, no dia 21 de junho de 1953, na vitória diante do Bonsucesso pelo placar de 4 a 0, com gols de Walter Marciano, Hugo e Vasconcelos. O Peixe escalado por Artigas formou com: Manga, Hélvio e Cássio; Feijó (Nenê), Formiga (Pascoal) e Nélson Adams; Nicácio Walter Marciano, Hugo (Antoninho), Vasconcelos e Tite (Del Vecchio), nessa partida ele tinha 18 anos.

O primeiro gol santista fora do Brasil é de sua autoria, na excursão em gramados da Argentina, em La Plata, diante do Gymnasia y Esgrima, no empate em 1 a 1. Peça de fundamental importância no ataque, colaborou muito na conquista do tão almejado e esperado título de Campeão Paulista no ano de 1955, ano em que foi o artilheiro máximo do certame com 22 gols.

Um artilheiro como poucos com muita garra

No entanto, seu temperamento forte o prejudicou e acabou abreviando sua permanência no clube de Vila Belmiro que o afastou em 1957 por ter ele se desentendido com o radialista Ernani Franco, durante uma partida diante do Benfica em Santos. Ele não estava jogando, mas estava assistindo ao jogo e invadiu a cabine da Rádio Atlântica e agrediu o radialista.

Como sua atitude desagradou a diretoria ele foi de imediato negociado com a equipe do Verona da Itália. No time europeu permaneceu por um ano, indo depois para o Napoli jogar com a camisa 10.

Na terra natal de seus pais jogou também pelo Cálcio Padova e depois jogou em 1962/63 pelo time do Milan sendo Campeão da Champions League na temporada 1962/63.

Ainda no Exterior jogou pouco tempo pelo Boca Juniors, na Argentina e depois em 1964 na volta ao futebol brasileiro defendeu o Tricolor do Morumbi.

Sua volta ao Peixe, aos 31 anos, em 1965 onde permaneceu por apenas um ano jogando ainda pelo Bangu/RJ e encerrando a carreira no Atlético Paranaense, em 1970.

Com a camisa santista Del Vecchio disputou 175 partidas e marcou 105 gols. É o 20º maior artilheiro do Santos, pelo qual ganhou os títulos de Campeão Paulista em 1955 e 1956, Campeão do Torneio Rio-São Paulo em 1966 e Campeão Brasileiro em 1965.

Pela Seleção Brasileira jogou oito partidas e marcou um gol.

Após se aposentar, trabalhou no ramo de autopeças e mecânica de automóveis na região da Baixada Santista. Voltou a lidar com futebol como treinador dirigindo o Santos em 1984, vencendo uma, empatando outra e perdendo quadro partidas. Ainda treinou as equipes do Botafogo/PB, Barretos, Internacional de Bebedouro, Internacional de Limeira e Jabaquara todos clubes de São Paulo.

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