Trivela
·01 de dezembro de 2021
Trivela
·01 de dezembro de 2021
As autoridades italianas conduzem uma grande investigação sobre ganhos de capital entre os clubes de futebol do país. Na última semana, o caso estourou ao redor da Juventus, com um mandado de busca e apreensão no clube, para reunir documentos e detectar possíveis irregularidades no mercado de transferências. Todavia, não é apenas a Velha Senhora que está na mira do Ministério Público e da Comissão de Supervisão dos Clubes de Futebol Profissional (Covisoc), que conduzem o caso. Segundo o jornal Tuttosport, estão envolvidos cinco clubes da Serie A (incluindo também o Napoli) e outros seis das divisões de acesso, além de sete equipes estrangeiras (como o Barcelona e o Manchester City).
Há cerca de um mês, o Covisoc publicou um relatório sobre uma série de transferências que aconteceram de 2018 a 2021. Os clubes da Itália eram os principais analisados, mas alguns negócios internacionais também fizeram com que clubes estrangeiros fossem avaliados. A suspeita se concentrava sobre o superfaturamento quanto ao valor de mercado de certos jogadores, sobretudo mais jovens, em vendas que acabaram servindo para maquiar as contas de diferentes equipes. As transferências superfaturadas ajudariam, inclusive, a equilibrar os balanços e dar um respiro econômico.
A lista de clubes elencada pelo Tuttosport inclui Juventus, Napoli, Genoa, Sampdoria e Empoli entre os participantes da Serie A. Nas divisões de acesso, também aparecem Parma, Pisa, Pro Vercelli, Pescara e Novara. O Chievo Verona, que declarou falência recentemente, também é investigado. Já no exterior são listados Barcelona, Manchester City, Olympique de Marseille, Lille, Amiens, Basel e Lugano.
A investigação deflagrada contra a Juventus suspeita de um movimento ilegal de €282 milhões em ganhos de capital. Segundo a Gazzetta dello Sport, o Ministério Público coletou documentos dos juventinos a partir de 2018, para analisar as informações. O presidente Andrea Agnelli, o vice-presidente Pavel Nedved e o ex-diretor Fabio Paratici também estariam entre os seis indivíduos averiguados pelas autoridades. Paratici seria o “arquiteto” do caso, segundo as primeiras informações, apoiado por Agnelli. Entre as transferências suspeitas está a troca entre Miralem Pjanic e Arthur com o Barcelona, bem como entre Danilo e João Cancelo com o Manchester City.
O caso envolvendo a Juventus e os demais clubes não é inédito no futebol italiano. Milan e Internazionale já foram investigados por transferências irregulares em 2008, mas não foram considerados culpados, pela ausência de um mecanismo para quantificar o valor dessas negociações. O Chievo, por sua vez, recebeu uma dedução de três pontos por infringir de forma repetida as regras contábeis. Desta maneira, apesar de pedidos de organismos locais, parece improvável que a Juve ou qualquer outro clube seja rebaixado por conta das irregularidades.
No entanto, conforme a Gazzetta e a Sportmediaset, há um risco palpável de uma punição financeira e em pontos caso as violações sejam comprovadas – especialmente se ajudaram tal equipe a cumprir o Fair Play Financeiro. Além do mais, o caso da Juventus é visto como mais sério porque o clube tem ações na bolsa de valores e isso resultaria em consequências junto à polícia financeira italiana. O diretor esportivo Federico Cherubini passou por um interrogatório de nove horas na última semana.
Em nota oficial, a Juventus garantiu que está cooperando com as investigações e prometeu esclarecer a situação. “A Juventus reconhece que o Ministério Público iniciou investigações contra a companhia e alguns de seus atuais dirigentes e antigos funcionários sobre o item ‘receitas de direitos de registro de jogadores’. A companhia está cooperando com os investigadores e confia que irá esclarecer qualquer aspecto, assim como acredita ter agido em conformidade com as leis e regulamentos que regem a preparação de relatórios financeiros, de acordo com os princípios contábeis e em linha com a prática internacional do mercado do futebol”.