Trivela
·15 de novembro de 2021
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·15 de novembro de 2021
A Suíça viveu um momento ímpar na última Eurocopa. Os alpinos eliminaram a França num jogaço, alcançaram as quartas de final e venderam caro a eliminação diante da Espanha. E o 2021 inesquecível dos helvéticos inclui a classificação direta à Copa do Mundo, mandando a Itália para a repescagem. Na rodada passada, o pênalti perdido por Jorginho no confronto direto manteve o empate no placar e deixou o caminho aberto aos suíços. Já nesta segunda-feira, no desfecho do Grupo C, a Suíça deu um banho de competência na Itália. Os suíços receberam a Bulgária em Lucerna e fizeram uma partidaça, com a vitória por 4 a 0 que ainda teve duas bolas na trave e dois gols anulados. Já os italianos sequer conseguiram a necessária vitória, empatando melancolicamente por 0 a 0 contra a Irlanda do Norte, e terminaram dois pontos atrás dos concorrentes na tabela. A viagem a Belfast, que tirou a Azzurra da Copa de 1958, provoca outro trauma e força mais uma repescagem.
Durante os últimos meses, a Suíça precisou lidar com a mudança no seu comando. Vladimir Petkovic saiu em alta após um trabalho de sete anos e o sucesso na Euro 2020, passando o bastão para Murat Yakin. A consistência, entretanto, não se perdeu entre os alpinos. Os suíços continuam com uma equipe bastante competitiva, que mescla jogadores mais experientes com uma boa dose de talento entre os novatos. Isso permitiu outra grande campanha nas Eliminatórias para a Copa.
A Suíça teve um desempenho praticamente idêntico ao da Itália. As duas seleções empataram duas vezes entre si e também ficaram na igualdade contra a Irlanda do Norte em Belfast, mas os italianos tropeçaram também contra a Bulgária – com quatro empates nas últimas cinco rodadas. E fez a diferença a postura neste jogo decisivo. Os suíços lidavam com uma série de desfalques importantes nesta Data Fifa, mas apresentaram sua regularidade com uma vitória incontestável sobre a Bulgária. O gol demorou a sair, mas a equipe voltou ainda melhor do intervalo e fez o segundo tempo perfeito. Mesmo jogadores que em teoria não seriam titulares em condições normais entraram bem na equipe. E a participação de Xherdan Shaqiri como referência técnica foi igualmente importante.
A Suíça chega a 12 participações em Copas do Mundo, cinco consecutivas desde 2006. E o sucesso na Eurocopa permite até acreditar em uma boa campanha no Catar, pelo potencial que o grupo apresenta. Já a Itália terá que viver outro drama na repescagem, num ano em que vinha de título de Eurocopa e recorde de invencibilidade. Para piorar, os moldes da repescagem para 2022 serão bem mais duros que o vivido em 2018. Desta vez, só três seleções entre 12 sobreviventes europeus irão ao Mundial. Os italianos terão que jogar semifinal e final em jogos únicos, com mando de campo só garantido na estreia.
A Itália vinha com duas mudanças em sua escalação em relação ao empate contra a Suíça na última sexta-feira. Sandro Tonali ganhava uma oportunidade no meio, na vaga de Manuel Locatelli, entrando ao lado de Jorginho e Nicolò Barella. No ataque, Andrea Belotti saiu. Lorenzo Insigne veio mais centralizado na frente, com Domenico Berardi e Federico Chiesa nas pontas. Já na Irlanda do Norte, os destaques eram os veteranos Jonny Evans e Steven Davis.
Como esperado, a Itália iniciou a partida se postando no campo de ataque, com ou sem a bola. À medida que a pressão aumentava, a primeira boa chance surgiu aos oito minutos. Insigne descolou uma linda inversão e Giovanni Di Lorenzo escapou com espaço pela direita. O lateral bateu cruzado e o goleiro Bailey Peacock-Farrell desviou com a ponta dos dedos. Apesar da superioridade, não era um abafa tão grande da Azzurra e a Irlanda do Norte até teve seus momentos no campo de ataque, com uma cabeçada para fora de Tom Flanagan.
A Itália conseguia levar mais perigo quando imprimia um pouco mais de velocidade, o que nem sempre acontecia. As chegadas eram esparsas e Barella assustou aos 22, num lance em que estava impedido, antes de Insigne carimbar a trave na sobra. No geral, porém, os italianos giravam os passes em busca de uma brecha contra a cerrada defesa da Irlanda do Norte. As finalizações, quando vinham, eram defendidas com segurança por Peacock-Farrell. Insigne teria um bom avanço aos 37, mas chutou fraco, e quando Chiesa forçou uma ótima defesa de Peacock Farrell, pouco depois, estava impedido. De qualquer forma, seria um primeiro tempo morno da Azzurra, bem longe de cumprir sua missão.
A Itália voltou para o segundo tempo com Bryan Cristante no lugar de Tonali. A Azzurra teria a primeira chance, num chute de Insigne para fora. Porém, neste momento também veio a notícia do primeiro gol da Suíça. E a situação quase piorou logo depois, num chute de George Saville que Gianluigi Donnarumma rebateu. Os impulsos italianos quase sempre se resumiam a Insigne, que voltaria a provar Peacock-Farrell aos sete minutos, com defesa firme do goleiro. Faltava uma postura mais agressiva e as finalizações demoravam a vir. Aos 18, Chiesa conseguiu encontrar um espaço, mas bateu para fora.
A Itália ganhou mais presença de área aos 19, com Belotti na vaga de Barella. Pouco depois entraram Manuel Locatelli e Federico Bernardeschi, saindo Jorginho e Insigne. A postura da Azzurra se tornava mais intensa, forçando a bola na área e buscando os cruzamentos. Era o que restava, diante da falta de criatividade dos italianos. E o placar amplo aplicado pela Suíça em Lucerna começava a exigir uma vitória por dois gols de diferença da equipe de Roberto Mancini.
Como não bastassem as debilidades ofensivas da Itália, a Irlanda do Norte passou até a acreditar numa zebra e seus contra-ataques levavam muito perigo. Conor Washington e Stuart Dallas assustaram já depois dos 30. E, à medida que o tempo passava, ficava cada vez mais claro que uma reviravolta não aconteceria. Os norte-irlandeses marcavam muito bem e os italianos passavam longe de criar oportunidades concretas. Até deram sorte de não sofrer o gol aos 45, numa saída desastrada de Donnarumma, com Washington invadindo a área sem goleiro e Leonardo Bonucci salvando em cima da linha. Neste momento, o quarto gol da Suíça pintava e a Azzurra dependia de mais três tentos. Não teria tempo nem para sair do zero e vai à repescagem.
Paralelamente, o primeiro tempo em Lucerna via uma Suíça ciente de sua missão e bastante agressiva para buscar o resultado – mais agressiva que a Itália em Belfast, aliás. Contudo, foi impressionante a forma como a bola insistiu em não entrar ao longo da primeira etapa. Os suíços tinham muito mais volume de jogo, aproveitando as aproximações de Noah Okafor e Rubén Vargas pelas pontas, mas o gol não saiu nos 45 minutos iniciais. Mario Gavranovic desperdiçou uma bola limpa, chutando fraco. Pouco antes do intervalo, Okafor bateu cruzado em busca do ângulo e parou na trave. A equipe da casa terminou o primeiro tempo com 72% de posse e dez finalizações, contra só uma da Bulgária.
A Suíça recomeçou o segundo tempo aumentando a pressão e não demorou a conseguir o gol, aos três minutos. Xherdan Shaqiri fez grande jogada individual pela esquerda e, na linha de fundo, cruzou na medida. Okafor apareceu livre e desferiu uma cabeçada fulminante para abrir o caminho aos alpinos. Shaqiri quase marcou um belo tento aos dez, quando limpou a marcação e chutou na trave. Dois minutos depois, a situação dos suíços se tornaria ainda melhor, com o segundo gol anotado por Vargas. Gavranovic deu a enfiada no contragolpe e, com pouco ângulo, o ponta conseguiu mandar um chute forte para dentro.
Diante das necessidades no grupo, a Suíça não dava sinais de que tiraria o pé do acelerador. Caso a Itália marcasse em Belfast, os suíços ainda precisariam do saldo favorável. Gavranovic teve um gol anulado por impedimento mínimo aos 19 e o mesmo aconteceria com Shaqiri aos 23, depois de uma linda finalização na saída do goleiro. Ainda assim, estava mais que claro como o terceiro gol helvético ficava maduro. Enfim, saiu aos 27, numa tabela pela direita, onde Renato Steffen cruzou na cabeça de Cédric Itten. E num momento em que os alpinos nem precisavam forçar mais nada, a pá de cal saiu nos acréscimos, em mais uma assistência de Shaqiri, para Remo Freuler bater no canto. A festa plena e merecida era da Suíça.
A Suíça terminou o Grupo C com 18 pontos. A Itália, por sua vez, parou nos 16 pontos. Mesmo se a Azzurra vencesse, pelo saldo de gols e pelo gol fora no confronto direto, precisaria aplicar uma diferença de três tentos diante dos 4 a 0 dos suíços. A Irlanda do Norte ficou na terceira colocação, com nove pontos, seguida pela Bulgária com oito. Já a Lituânia terminou na lanterna da chave, com três pontos.
Classificação fornecida por SofaScore LiveScore