FNV Sports
·25 de junho de 2020
A relação entre Real Madrid e o ditador Francisco Franco

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O esporte foi uma das ferramentas usadas para gerar propaganda nos diversos governos totalitários e facistas estabelecidos na Europa. Certamente, não foi diferente na Espanha. Durante a ditadura de Francisco Franco, o futebol era extremamente politizado e o Real Madrid se tornou o time do regime, sendo utilizado como símbolo do nacionalismo espanhol.
Nesse sentido, o crescimento do Real Madrid coincidiu com os fortes anos da ditadura franquista. Assim, o clube passou pela construção de um estádio moderno, domínio da maioria dos títulos da liga espanhola, assinatura com um astro mundial – Alfredo Di Stéfano – e por uma internacionalização do time. Em vista disso, existe a discussão sobre como a influência política de Francisco Franco possa ter sido um determinante para a evolução da Instituição. Dado que, nesse período, a equipe madrilenha encerrou um jejum de duas décadas sem vencer o Espanhol e, em seguida, veio em cascata, conquistando 14 trófeus e suas primeiras seis Copas da Europa.
Em 1939, a Segunda República Espanhola caiu e Franco ganhou poder político e militar no país. Nesse período, o Real Madrid estava desestruturado, sem time e passava por problemas financeiros e institucionais, além de um estádio em ruínas. Desse modo, os anos 40 foram os mais difíceis do ponto de vista esportivo para a equipe madrilenha, durante o regime franquista. No entanto, em 1943 Santiago Bernabéu, assumiu a presidência dos Blancos. Ele foi soldado de Francisco Franco e com suas conexões transformou o Real no clube do regime. Barnabéu tinha um projeto para tentar superar a crise interna: a construção do estádio com a maior capacidade da Europa.
Ao decorrer da Ditadura, o Real Madrid passou a se restruturar, obter dinheiro para contratar bons jogadores e até mesmo a garantia de poder jogar sem custos no municipal Estádio Chamartín, utilizado pelos merengues como sua casa antes do Estádio Santiago Bernabéu. Ainda se recuperando dos danos provocados pela Guerra Civil, de fato, uma construção assim seria cara demais para qualquer clube da época.
A nova casa do Real Madrid foi levantada onde era o antigo Estádio Municipal de Chamartín. Todavia, o local pertencia a prefeitura e foi cedido como “ajuda”. Além disso, documentos mostram a destinação de 980.000 pesetas da época, de recursos públicos, para o novo estádio. Em 22 de junho de 1944, o crédito foi liberado pelo banco Mercantil Industrial de Madrid. Em apenas três anos, o Estádio Novo Chamartín, atualmente Santiago Barnabéu, com capacidade para mais de 75 mil pessoas, foi inaugurado em 1947.
Desse momento em diante, a equipe madridista cresceu na Liga Espanhola e a dominava. Altos oficiais militares estavam inseridos no conselho administrativo do clube. Dessa maneira, o objetivo de Francisco Franco era que o Real Madrid se tornasse a representação da Espanha e do regime na Europa. Dado que, é uma das equipes com mais identidade espanhola. Assim, foi nessa ditadura que foram lançados os fundamentos da grandeza merengue, e a representação vitoriosa e nacionalista.
Jogos organizados em conjunto com os árbitros, subornos, bem como decretos e regulamentos que favoreciam apenas o Real. O exemplo mais claro disso, foi a contratação de Di Stéfano, em vez de seu verdadeiro destino, o Barcelona. Foi nesse período que o time da capital colheu seus títulos mais importantes. Logo, todos esses favores de Franco tinham um suposto objetivo principal: favorecer a expansão do clube internacionalmente.
O objetivo foi alcançado, haja vista que cinco dos 13 títulos do Real Madrid da Champions League, anteriormente chamada de Copa Europa, foram conquistados durante o regime de Francisco Franco. A competição foi criada em 1955 pela revista francesa L'Equipe e Santiago Bernabéu, assumiu a vice-presidência do comitê de organização da competição. Os cinco troféus da equipe madrilenha foram obtidos de maneira seguida.
Desse modo, Gregório Paunero Martin, ex-diretor esportivo do Real Madrid, afirmou que os árbitros e suas esposas eram recebidos com flores e outros presentes. Além de serem convidados a juntar-se aos diretores madridistas para longos jantares às vésperas dos jogos. Entretanto, ele afirmou que se tratava apenas de uma singela cortesia, e que jamais houvera nenhum tipo de acordo ilícito com os homens do apito.
Foto destaque: Reprodução/EFE