
Terra de Zizou
·14 de março de 2022
A redenção de Léo Jardim

In partnership with
Yahoo sportsTerra de Zizou
·14 de março de 2022
Quando buscou Léo Jardim, em julho de 2019, o Lille tinha uma ideia bem clara: preparar um substituto para Mike Maignan, que mais cedo ou mais tarde sairia do clube – isso se concretizou ao fim da temporada 2020/21. O tempo passou, as chances do brasileiro se rarearam, ele buscou novos ares em Portugal e voltou aos Dogues no meio de 2022 para enfim trilhar o caminho que era previsto na época de sua contratação, já que o então titular seguiu para o Milan. O começo com falhas e muita insegurança forçou a diretoria buscar um novo goleiro (Ivo Grbic) e o atleta de 26 anos amargou a reserva por mais alguns meses. Entretanto, a poucas rodadas para o fim da temporada, o arqueiro natural de Ribeirão Preto vive nova fase e, às vésperas do decisivo duelo pela UEFA Champions League, é uma das esperanças para reverter a vantagem do Chelsea na busca por uma das vagas nas quartas de final do torneio continental.
Foto: Glyn Kirk / IKIMAGES / AFP via Getty Images – OneFootball
Para falar de Léo Jardim no Lille, precisamos, primeiramente, voltar até dezembro de 2019, data de sua estreia como titular pelos Dogues. Na ocasião, o goleiro brasileiro foi a campo nas oitavas de final da Copa da Liga diante do Monaco, no Louis II. Após um primeiro tempo de amplo domínio dos visitantes, que abriram 2 a 0 com tranquilidade, a etapa final começou com um pênalti a favor dos anfitriões. Atento, Jardim defendeu o tiro de Slimani e freou qualquer chance de reação monegasca. O time do norte francês foi às redes mais uma vez, confirmou a classificação e o brasileiro deixou o gramado em alta, inclusive recebendo a maior nota do Sofascore (8.1)
A primeira temporada de Léo Jardim se resumiu a este único momento. Ele seguiu como o goleiro da Copa da Liga, que teve caminhada encerrada na semifinal, e jogou alguns instantes contra o Chelsea, pela Champions League, em partida que teve lesão de Maignan a menos de 20 minutos do fim. Após um breve hiato em 2020/21, período em que defendeu o Boavista, em Portugal, Jardim voltou após a saída de Maignan, estabelecido como goleiro de seleção francesa e um dos grandes nomes da campanha do título francês em 2021.
A missão era inglória e o brasileiro fraquejou em seu início. Entre tantas incertezas no elenco, principalmente após a saída de Christophe Galtier, uma delas parecia ser a meta. Nas duas primeiras rodadas de Ligue 1, os Dogues, sofreram sete gols. Léo Jardim saiu como culpado em alguns deles, como no quarto do Nice na goleada por 4 a 0.
Menos de uma semana depois, o Lille anunciou a chegada do croata Grbic, que tão logo veio, assumiu a titularidade. O ex-Atlético de Madrid ganhou a confiança de Jocelyn Gourvennec, teve ótimas atuações e foi uma das poucas unanimidades de um time que ainda não conseguiu embalar na temporada.
Entretanto, tudo mudou em 2022. A massacrante derrota por 5 a 1 para o PSG teve como ponto negativo a péssima atuação de Grbic. Com falhas grosseiras, o croata ganhou a marca de “culpado” e deixou o time titular já na partida seguinte, frente o Montpellier. Léo Jardim assumiu o posto de goleiro principal e correspondeu à confiança depositada por Gourvennec.
Na vitória sobre o Montpellier foram cinco defesas, três em finalizações da grande área. O brasileiro também não foi vazado no 0 a 0 diante do Metz, onde foi pouco exigido, e com isso se tornou o titular na meta contra o Chelsea, em Londres, na ida das oitavas de final da Champions League. Contra os Blues, não foi capaz de evitar os gols de Havertz e Pulisic, mas impediu uma derrota com margem maior no placar.
Outro momento destacável de Léo Jardim na temporada foi na vitória por 1 a 0 sobre o Lyon, no Groupama Stadium. O brasileiro deixou o gramado com oito defesas e foi o grande herói da 11ª vitória dos atuais campeões na Ligue 1. O Sofascore deu nota 8.8 ao goleiro, que cada vez mais se mostra dono da posição. O arqueiro, inclusive, foi eleito pelos torcedores como o “Jogador do Mês” de fevereiro.
Inclusive, é bom destacar um dado interessante na comparação de Jardim com Grbic. Enquanto o croata possui apenas dois jogos sem sofrer gols na Ligue 1, Léo, com menos partidas, já soma cinco. É uma quantidade maior do que Donnarumma, do PSG, que soma quatro, por exemplo.
Às vésperas de uma eliminatória que parece irreversível, Léo Jardim se firma e vive momento de redenção dentro do Lille. Se lá na frente, o ineficiente ataque de apenas 37 gols na temporada (o 11º da Ligue 1) precisará ter pontaria certeira para reverter o 2 a 0, lá atrás será a fase redentora do brasileiro que receberá toda a dose de confiança lillois para brecar os atuais campeões da Europa.