A reação no último jogo não apaga a Copa do Mundo fraca e decepcionante que a Bélgica fez | OneFootball

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·01 de dezembro de 2022

A reação no último jogo não apaga a Copa do Mundo fraca e decepcionante que a Bélgica fez

Imagem do artigo:A reação no último jogo não apaga a Copa do Mundo fraca e decepcionante que a Bélgica fez

Ninguém esperava que a Bélgica fosse campeã do mundo – pelo jeito, nem os jogadores. O auge da geração que atraiu tanta atenção, críticas, piadas e memes foi em 2018. Conseguiu uma vitória enorme sobre o Brasil e igualou a semifinal de 1986. É verdade que não conquistou títulos, mas foi um resultado que justificou parte da badalação, e, desde então, o tempo foi cruel com a atual terceira colocada. Mesmo com esse contexto, a campanha no Catar foi muito fraca e também decepcionante porque, se igualar a Rússia era difícil, poderia ter feito mais. Ou pelo menos, ter tentado fazer mais.

O melhor exemplo foi o time que no fim das contas a eliminou na fase de grupos da Copa do Mundo. A Croácia também tem uma geração envelhecida, embora Luka Modric esteja fazendo teste para Benjamin Button. Houve momentos no último ciclo em que não parecia ter mais tanta gasolina no tanque, mas perdeu com honra contra a Espanha na Eurocopa, ganhou da França em Paris pela Liga das Nações e, em vez de aceitar a inevitabilidade do tempo, está tentando tirar o máximo dos últimos anos de Modric, Perisic, Lovren, Vida, Kramaric e outros, antes de ser forçada a uma renovação mais ampla.


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A Bélgica pareceu adotar o caminho contrário. Se a melhor chance passou, por que se esforçar? Não foi tanto assim durante o ciclo. Brigou até ficar claro que não tinha mais perna contra a Itália na Euro, com Kevin de Bruyne jogando no sacrifício, e quase surpreendeu a França na semifinal da Liga da Nações. Mas, no Catar, desde a horrível estreia contra o Canadá, da qual sabe-se lá como saiu com a vitória por 1 a 0, pareceu desesperada para voltar para casa o mais rápido possível.

O tumultuado extracampo não ajudou. A entrevista de Kevin de Bruyne ao The Guardian dizendo que não havia chance de a Bélgica ser campeã porque estava “velha demais” ganhou elogios pela sinceridade, mas também uma indireta de Jan Vertonghen, o mais veterano dos 26 convocados. “Acho que atacamos mal porque também estamos velhos na frente”, disse o zagueiro, após a derrota para Marrocos. Surgiram rumores de uma briga de vestiário que envolveu os dois e Eden Hazard, apartada por Romelu Lukaku. Courtois disse que quem tiver vazado essa informação à imprensa seria excluído da seleção.

Após a eliminação para a Croácia, a Federação Belga anunciou que Roberto Martínez encerrará o seu trabalho de seis anos à frente do time nacional. Uma decisão que foi tomada antes da Copa do Mundo começar, o que o tornou um treinador “pato manco”, um termo utilizado para o político que não foi reeleito, mas ainda tem alguns meses de mandato, com pouco poder ou influência, porque todos sabem que ficará desempregado. Mais um fator à sensação de fim de feira que foi a Copa do Mundo da Bélgica.

E quando se fala do envelhecimento da seleção, é mais do que uma questão de idade. Isso é visível na defesa, onde Jan Vertonghen e Toby Alderweireld foram titulares com 35 e 33 anos respectivamente, após retornarem ao futebol local para os últimos jogos de suas carreiras. Eles nem foram o principal problema, na verdade. Ao contrário das expectativas, a defesa da Bélgica segurou o tranco. Mas o time titular das duas primeiras rodadas teve uma média etária alta (30,5 anos), embora não astronômica, para um time que quer competir no mais alto nível.

E a idade, como ilustra Modric, é mais um estado de espírito. Eden Hazard tem 31 anos, teoricamente poderia até disputar mais uma Copa do Mundo, mas perdeu totalmente a potência ao longo do último ciclo. Não consegue sequência, sequer minutos, pelo Real Madrid. Uma sombra do jogador que encantou pelo Chelsea. Romelu Lukaku tem 29. Em forma, ainda é um dos melhores atacantes do mundo. Mas chegou machucado, após uma temporada em Stamford Bridge em que pareceu completamente fora de ritmo. Kevin de Bruyne, mesmo em excelente forma pelo Manchester City, não conseguiu manter a qualidade que exibe todos os fins de semana pela Premier League.

O tempo custou peças importantes para a Bélgica, principalmente Vincent Kompany, um líder da defesa, e deixou coadjuvantes como Ferreira Carrasco e Thomas Meunier perto dos 30 anos, embora eles não estejam entre os principais problemas da seleção no Catar. E por outro lado, não apresentou soluções. Martínez abriu mão dos mais prováveis sucessores na zaga – Dedryck Boyatá e Jason Denayer – e convocou três zagueiros inexperientes que foram ao Oriente Médio a passeio. O mais talentoso que surgiu no último ciclo foi Youri Tielemans, titular na estreia e depois esquecido por Martínez.

No jogo da eliminação, o técnico pelo menos se mexeu. Barrou Hazard para aproveitar o momento muito melhor de Leandro Trossard, abriu mão de Batshuayi no ataque para tentar contar com a movimentação de Mertens, centralizou De Bruyne, arriscou Leander Dendoncker como volante. Conseguiu resultados melhores. A Bélgica reagiu. Fez um jogo equilibrado em um duelo que se esperava que fosse assim mesmo. É possível defender até que foi melhor, pela quantidade de chances que teve no segundo tempo. Em um cenário ideal, Lukaku retornaria apenas no mata-mata, mas como o da Bélgica estava longe de sê-lo, foi lançado no intervalo como última cartada e desperdiçou três oportunidades claras, além de atrapalhar um chute-cruzamento de Meunier.

Os bons momentos contra a Croácia, porém, não apagam a campanha apática e fraca da Bélgica na Copa do Mundo. O argumento a favor é que a história poderia ter sido diferente com um centroavante como Lukaku em forma, se apenas metade dele já foi suficiente para ter tantas oportunidades perigosas. O contra, que se sobressai neste momento, é que mesmo com problemas, era necessário ter mais brio, lutar mais, tentar cair de cabeça erguida e sem transparecer que queria estar em qualquer outro lugar menos no Catar.

Por idade, De Bruyne, Lukaku e Hazard ainda poderiam chegar à América do Norte em 2026. Não é algo que conseguimos visualizar neste momento. Pela maneira como a campanha da Bélgica andou nas últimas semanas, o mais provável é que um ou dois deles se aposentem da seleção. Se isso acontecer, a famosa ótima geração terá tido uma grande campanha e outras, principalmente entre 2014 e 2016, em que poderia ter chegado mais longe. Talvez seja um balanço positivo para um país que realmente depende de talentos excepcionais para ser forte e que, no geral, fica na segunda prateleira da Europa. Mas principalmente, se esse foi o fim, a última impressão foi péssima.

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