A curiosa dança das cadeiras interna de técnicos na Bundesliga | OneFootball

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·11 de junho de 2021

A curiosa dança das cadeiras interna de técnicos na Bundesliga

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Quando uma equipe perde seu treinador é normal que ela olhe para seu próprio campeonato na busca pelo substituto, por diversos motivos: a fim de escolher alguém que já esteja habituado ao futebol do país; para sair na frente dos seus rivais e contratar aquele técnico promissor; e também para, se possível, enfraquecer um concorrente direto. A Inter de Milão, por exemplo, após a saída de Antonio Conte, escolheu o técnico da Lazio, Simone Inzaghi, que se encaixa em alguns dos requisitos citados acima, é um técnico promissor, já obteve algumas conquistas com o time da capital, e enfraquece um adversário forte. Indo agora para a Espanha, algumas temporadas atrás o Bétis foi atrás de Rubi, técnico que havia levado o Espanyol a Europa League, para que ele liderasse o time da Andaluzia também de volta às competições europeias, o que acabou não dando muito certo.

Na Alemanha isso também é muito comum. Constantemente vemos dentro da Bundesliga uma equipe ir buscar seu novo técnico em outro clube da liga. Podemos citar, por exemplo, o Leipzig contratando Julian Nagelsmann do Hoffenheim e o caso do Borussia Dortmund que foi duas vezes em Mainz trazer seu novo técnico: primeiro em 2008 quando contratou Jürgen Klopp e depois em 2015, quando substituiu o próprio Klopp por Thomas Tuchel, que já havia sido o substituto de Jürgen no Mainz 05.


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Agora, dito tudo isso, o que se viu a partir da segunda parte da temporada até esse momento foi um fenômeno raro e muito curioso. Ocorreram simplesmente QUATRO trocas de técnicos entre os clubes da Bundesliga que terminaram nas oito primeiras colocações. Um verdadeiro efeito dominó. Tudo começou quando, ainda em fevereiro, o Dortmund, que havia demitido Favre em 13 de dezembro de 2020, anunciou que o seu técnico para a próxima temporada seria Marco Rose do Borussia Monchëngladbach. Chama a atenção que após esse anúncio, com a temporada ainda em andamento, os resultados do Gladbach despencaram, como destacamos no nosso perfil no Twitter:

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Após o último jogo citado no tweet, contra o Ausburg, ainda houve mais uma derrota por 2×0 para o Man City, depois disso o time teve uma pequena recuperação com 4 jogos invictos, mas o desempenho irregular nas últimas rodadas da Bundesliga não permitiu aos Potros garantirem ao menos uma vaga na Conference League, a nova competição da UEFA.

Com a perda do seu comandante, que havia colocado o Gladbach de volta à Champions League, a diretoria do clube agiu rápido, definindo seu novo técnico ainda antes do fim da temporada, e no dia 13 de abril anunciou que o substituto de Rose no comando da equipe seria Adi Hütter,  técnico do Frankfurt. E se o anúncio da saída de Rose afetou o desempenho do Borussia M’gladbach, com o Eintracht não foi diferente.

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A equipe que parecia já estar com a sua classificação à Champions assegurada, retornando à competição após 60 anos, teve uma derrocada nas rodadas finais e foi ultrapassado pelo Dortmund. Se até o anúncio da saída de Hütter o time vinha de uma sequência invicta contra times como Union Berlin, Leipzig, Dortmund e Wolfsburg, após a notícia, as Águias venceram apenas 1 dos 5 jogos seguintes. A confirmação do adeus à Champions veio numa vexatória derrota por 4×3 para o lanterna Schalke, naquela que foi apenas a terceira vitória dos Azuis Reais na Bundesliga.

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O time seguinte a perder seu técnico para um adversário foi o Leipzig. O Bayern anunciou que Hansi Flick sairia ao final da Bundesliga, assumindo posteriormente a seleção alemã, e poucas semanas depois em 27 de abril contratou Nagelsmann para substituí-lo, pagando, segundo os jornais alemães, um valor recorde para a contratação de um técnico, algo em torno de 25 milhões de Euros. O Leipzig já não tinha mais chances de vencer a Bundesliga quando aconteceu o anúncio da saída de Julian, mas também sofreu com uma queda de desempenho, não conseguindo nenhuma vitória nas 3 rodadas restantes. A equipe até conseguiu vencer o Werder Bremen na semifinal da Pokal, a Copa da Alemanha, no sufoco, com gol de Forsberg no final da prorrogação, mas não conseguiu bater o Dortmund na final, sendo derrotado por 4×1.

E por último tivemos o Frankfurt indo buscar no Wolfsburg o seu técnico para a próxima temporada. Essa troca foi anunciada já após o fim da temporada então não impactou os resultados dos Lobos, que voltaram para a Champions League após 6 temporadas.

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E Leipzig e Wolfsburg como ficaram?

O Leipzig fez o esperado e trouxe o técnico da sua “filial”. Jesse Marsch chega do RB Salzburg após vencer duas vezes o campeonato austríaco e a copa do país, além de levar a equipe a boas campanhas na Europa League e à classificação para a Champions. Enquanto que o Wolfsburg escolheu Mark Van Bommel para comandar o clube na próxima temporada.

O Bayer Leverkusen não entrou na brincadeira

Apesar do Leverkusen ter demitido Peter Bosz ainda com a temporada em andamento, em março, os Aspirinas não participaram dessa busca interna por um substituto. Entretanto, a equipe fez uma escolha muito interessante, contratando o suíço Gerardo Seoane que estava no Young Boys. Seoane foi tricampeão suíço com o Young Boys e eliminou o próprio Leverkusen nas oitavas da Europa League.

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Resta um

O Union Berlim foi o único clube dentre os oito primeiros que manteve, ao menos por enquanto, o seu técnico. Urs Fischer comandou os Eisernen a uma ótima campanha de Bundesliga, que fez o time chegar a frequentar o G5 e que terminou com o Union se classificando para a Conference League, o que faz o time voltar a disputar uma competição europeia depois de 20 anos.

Alguns apontamentos sobre o início desses trabalho

Bayern de Munique

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Nagelsmann encontrará uma situação relativamente parecida com a que Niko Kovac encontrou ao chegar na Baviera para comandar a equipe: um time que foi campeão de tudo, apesar de a tríplice coroa ter acontecido na temporada passada, então manter a motivação do elenco poderá ser algo importante e talvez um pouco mais difícil do que o normal.

Como será montada a defesa

O técnico alemão encontrará um time com um processo de renovação da zaga, com as importantes saídas de Jerome Boateng e David Alaba e a chegada do, então seu comandado no Leipzig, Dayot Upamecano. Fica a expectativa para ver se Nagelsmann montará uma escalação com três zagueiros, como fez com muita frequência nos seus dois trabalhos anteriores. Caso faça isso, poderemos ver a dupla francesa de laterais, Lucas Hernández, que até jogou constantemente como zagueiro com Hansi Flick, e Pavard atuarem nessa função, como aconteceu com Klostermann e Halstenberg no Leipzig.

Potencialização de Davies

Um jogador que teve um grande crescimento sob o comando de Nagelsmann no Leipzig foi Angeliño. O, então lateral espanhol, se tornou um jogador muito importante ofensivamente para os Touros a partir do momento que começou a jogar como ala. Isso pode acontecer com Davies, que teve uma segunda temporada com um desempenho mais abaixo em comparação com a sua temporada anterior, o que é normal considerando sua idade. Jogando como ala, tendo um papel ainda mais importante no ataque, e sendo originalmente um ponta, o jovem canadense poderá se tornar um jogador de destaque do Bayern de Nagelsmann.

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Leipzig

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Se Nagelsmann vai chegar a um Bayern com um nível de exigência elevadíssimo, é possível dizer o mesmo sobre o cenário deixado por ele para Jesse Marsch no Leipzig. Apesar de não ter levado o Leipzig ao seu primeiro título de primeira divisão, Nagelsmann entregou um alto nível de desempenho e resultados aos Touros, com bons desempenhos na Champions League, incluindo uma semifinal e uma final de Copa da Alemanha. Marsch terá certamente o objetivo de tentar manter o Leipzig como um dos principais adversários do Bayern e buscar o primeiro grande título do clube.

Trocas na zaga

O Leizpig também perdeu dois zagueiros importantes, com a, já citada, saída de Upamecano para o Bayern e a venda de Ibrahima Konaté para o Liverpool. E caso Marsch não utilize os laterais Klostermann e Halstenberg na função ele terá apenas Willy Orban como opção para o setor. Ou seja, vai ser muito necessária a ida ao mercado para reforçar o setor, talvez indo no próprio ex-clube do técnico americano, o Salzburg, para encontrar as soluções, já que esse movimento de contratações entre os times da Red Bull é tão comum, e o fato de Marsch conhecer tão bem os jogadores da equipe austríaca pode colaborar ainda mais para que isso aconteça.

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Borussia Dortmund

Sancho e Haaland

Uma das questões mais importantes para o começo de trabalho de Marco Rose no Dortmund será se ele poderá contar com Sancho e Haaland. O atacante inglês pareceu ter estado perto de sair no começo da temporada passada e, ao que tudo indica, isso tem grandes chances de acontecer nessa janela de transferências, com o Man United mantendo seu interesse no jogador. No caso de Haaland não existe nenhum rumor tão forte, como no caso de Sancho, mas sendo seu agente o Mino Raiola, tudo é possível. A permanência da dupla será fundamental para manter o Dortmund muito competitivo e na briga por títulos.

Estilo de jogo que combina

O Gladbach de Rose tinha um estilo muito vertical de atacar, conseguindo chegar à área adversária com poucos passes, seja utilizando o drible e condução de jogadores como Marcos Thuram e Breel Embolo ou os próprios passes verticais que ligavam rapidamente defesa e ataque. Isso combina com o elenco do Dortmund que possui jogadores de ótima qualidade no passe, como Dahoud, Bellingham, Witsel, Hummels e Brandt, ótimos dribladores e passadores como Hazard. Reus e Sancho e Haaland que é excelente atacando os espaços.

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Defesa pode ser um problema

O Dortmund tinha uma defesa que era vazada constantemente quando a equipe estava sob o comando de Lucien Favre. Quando Terzic assumiu interinamente isso não mudou tanto com a equipe terminando como a  6ª melhor defesa ao final da Bundesliga. E essa será uma das áreas que Rose terá que melhorar no time aurinegro. O problema é que seu Gladbach teve a quarta pior defesa, ao lado do Mainz, neste campeonato. Entretanto, na Bundesliga anterior, os Potros tiveram a terceira melhor defesa, então não é exatamente uma dificuldade do técnico alemão de montar bons sistemas defensivos, pode ter sido apenas uma especificidade dessa temporada em questão.

Wolfsburg

Inexperiência de Van Bommel

De todas as escolhas talvez a do Wolfsburg seja a mais imprevisível, isso por conta do pouco tempo de carreira de Van Bommel como técnico. Ele teve apenas uma passagem curta pelo PSV, de mais ou menos, 1 ano e meio, onde não conseguiu conquistar títulos e caiu ainda na fase de grupos da Europa League. Sua falta de experiência pode pesar trabalhando num cenário de tão alto nível de exigência como a Bundesliga e a Champions.

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Elenco curto

O tamanho do elenco poderá tornar ainda mais difícil o trabalho de Van Bommel que poderá ter dificuldades de conciliar a Bundesliga com a Champions. Será necessário aos Lobos irem ao mercado para reforçar a equipe caso queiram ser competitivos nas duas frentes.

Eintracht Frankfurt

Desempenho defensivo e ataque vertical

Glasner montou um Wolfsburg muito forte defensivamente – foi a segunda melhor defesa da Bundesliga – e com um ataque vertical. Pelas peças que terá à disposição no Frankfurt, ele pode repetir essas ideias de jogo. Talvez ele sinta falta de um centro avante bom em fazer o pivô e segurar a bola para a aproximação dos meias, por esse não ser o estilo de jogo de André Silva, mas ele ainda terá um ótimo atacante à disposição, que terminou na vice-artilharia da Bundesliga.

Lado esquerdo como ponto forte

E se o seu Wolfsburg tinha um lado direito muito forte, muito por conta de Ridle Baku, que terminou a Bundesliga com 12 participações em gols (6 gols e 6 assistências), no Frankfurt seu time poderá fazer do lado esquerdo o seu lado forte, com Kostic, que foi vice-líder de assistência desse último campeonato alemão, com 14 passes para gol.

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Borussia Mönchengladbach

Três zagueiros

Hütter até tentou mudar algumas vezes, mas os melhores momentos do seu Frankfurt aconteceram quando a equipe atuou com três zagueiros. Caso ele opte por manter essa formação da defesa no Gladbach talvez a equipe tenha que contratar mais um zagueiro para, ou então ele pode recuar Zakaria para fazer a função, já que o suíço já atuou algumas vezes no setor. De qualquer forma, ele já terá, em Matthias Ginter e Nico Elvedi, dois ótimos zagueiros à disposição, são jogadores de ótima qualidade com a bola no pé.

Qualidade nas duas laterais

E caso mantenha esse estilo de montar a equipe, ele também pode se beneficiar de ótimos alas, com Bensebaini na esquerda e Lainer na direita sendo jogadores de muita qualidade no apoio ao ataque. Diferente do que acontecia no seu Frankfurt, que não tinha um ala direito tão bom no apoio como tinha em Kostic na esquerda.

Excelentes opções para o ataque

Se no Frankfurt Hütter teve dificuldade para remontar o ataque, quando a equipe perdeu o seu trio de sucesso, formado por Rebic, Jovic e Haller, no Gladbach o técnico encontrará um setor ofensivo muito qualificado e com ótimas opções, desde a dupla francesa Thuram e Pléa, até o trio alemão Hofmann, Herrmann e Stindl, além de Embolo. São jogadores de características muito diversas, que podem oferecer muitas coisas diferentes ao jogo de Hütter e permitir que ele monte mais um trio ofensivo de sucesso.

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Ausência em competições europeias pode ser vantagem

Com tantos times tendo trocado de técnico, muitos deles podem demorar para conseguir bons resultados de maneira regular e com competições europeias para disputar os técnicos podem ter menos tempo para implantar suas ideias, fazendo com que os jogadores demorem para se assimilarem à elas. Como o Gladbach não disputará nenhuma competição europeia nesta temporada, Hütter e sua equipe poderão ter uma vantagem em relação aos outros concorrentes, tendo muito mais semanas completas para treinar.

Bayer Leverkusen

O Leverkusen foi outro time, assim como o Wolfsburg, que fez uma escolha mais diferente, em relação aos outros clubes, mas que soa um pouco mais promissora do que a escolha feita pelos Lobos. Com a escolha de Gerardo Seoane, que foi inclusive o sucessor de Adi Hütter no Young Boys, os Aspirinas trazem mais um técnico promissor – tem apenas 42 anos – para a Bundesliga, que tem um estilo de jogo ofensivo, casando bem com o elenco do Leverkusen.

Saída dos irmãos Bender

Com a aposentadoria de Lars e Sven Bender os Aspirinas perdem ótimas peças para a zaga e para o meio de campo. A zaga em particular terá que ser um ponto a ser reforçado nessa janela, já que a equipe ainda contou com a saída de Dragovic para o Estrela Vermelha.

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Todas essas trocas tornarão a próxima edição da Bundesliga ainda mais interessante de se acompanhar para vermos como serão os desempenhos desses técnicos em suas novas casas, principalmente os envolvidos nas trocas internas, para vermos quem conseguirá apresentar resultados regulares mais rapidamente e quais ideias de jogo terão seus novos trabalhos. Além de que, com tantas trocas, a chance de acontecer alguma surpresa aumenta. Vale a pena conferirmos.

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