A Costa Rica se reergueu da surra na estreia e deixa a Copa de alma lavada, até com a breve euforia da vaga que logo escapou | OneFootball

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·02 de dezembro de 2022

A Costa Rica se reergueu da surra na estreia e deixa a Copa de alma lavada, até com a breve euforia da vaga que logo escapou

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A Costa Rica desembarcou na Copa do Mundo como candidata à pior campanha. Vinha com uma equipe envelhecida, que teve dificuldades claras no ciclo, numa das chaves mais difíceis do Mundial. Os mais otimistas podiam mencionar 2014 para esperar um milagre, o que se sugeria fora de alcance. Mas, apesar da eliminação, os Ticos ganharam uma campanha para se lembrar com carinho. O time se transformou depois de uma saraivada, arrancou uma vitória vibrante e quase alcançou uma improvável classificação. Foram dois minutos de êxtase, por mais que o empate imediato da Alemanha tenha cortado a empolgação.

A Costa Rica correu riscos de sequer se classificar para o Catar. O time começou mal nas Eliminatórias e só pegou no tranco durante o segundo turno do qualificatório na Concacaf. O técnico Luis Fernando Suárez auxiliou nesse processo, assim como os frequentes milagres de Keylor Navas. Os Ticos alcançaram uma vaga na repescagem e venceram a partida extra contra a Nova Zelândia. A mera aparição no Mundial, a terceira consecutiva, soava como lucro pelos problemas recentes.


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O elenco da Costa Rica tem muitas carências. Não à toa, os nomes mais conhecidos ainda são remanescentes de 2014. Até ascenderam algumas outras lideranças, enquanto há uma fornada de jovens que ganhou espaço com Suárez. Mas nada que soasse tão competitivo assim. E a estreia contra a Espanha seria desastrosa. Os Ticos foram totalmente envolvidos pelos adversários e pareciam divisões abaixo do toque de bola envolvente da Roja. Acabaram como expectadores de luxo do avassalador 7 a 0 dos adversários. Poderia ser um resultado para fazer o emocional desabar.

No entanto, a Costa Rica preferiu ir por outro caminho. Fortaleceu-se e voltou com uma postura bem mais concentrada diante do Japão, candidato a sensação. Os Samurais Azuis também pareceram subestimar os Ticos e, quando quiseram jogar bola, era tarde demais. Os costarriquenhos tiveram uma mísera finalização certa em 180 minutos, mas ela terminou exatamente nas redes, com uma colaboração do goleiro Shuichi Gonda. Não dava para menosprezar a maneira como o time cresceu e se defendeu muito bem.

As chances de classificação existiam na rodada final. O problema era lidar com uma Alemanha que precisava atacar. A Costa Rica resistiu ao bombardeio inicial, mesmo que tenha sofrido um gol. E quando os alemães baixaram o ritmo, os Ticos se permitiram sonhar. Faltava mais qualidade, é verdade, mas desde o fim do primeiro tempo o time estava disposto a provocar um terremoto. Ele veio com o empate num contragolpe na segunda etapa. E uma bola parada possibilitou outro gol, bem como aquilo que parecia impossível: a classificação dos costarriquenhos, ao lado dos japoneses, com Espanha e Alemanha pelo caminho.

Não durou muito o devaneio. Mais exatamente, os dois minutos até o novo empate dos alemães. A partida permanecia aberta e, mesmo que faltasse talento ao ataque da Costa Rica, o mesmo dava para notar na descompassada defesa adversária. Entretanto, os costarriquenhos também têm suas fragilidades atrás, apesar de Navas. De tanto insistir, e de acertar a trave, e de parar no goleiro, dois gols vieram no final para assegurar a vitória da Alemanha por 4 a 2. Para quem tomou sete na estreia, ainda assim, a forma como tudo se deu nesses loucos minutos finais permitiu aos Ticos saírem de cabeça erguida.

Keylor Navas deu mais motivos para a idolatria. Foi mal contra a Espanha, mas cresceu contra o Japão e fez seus milagres contra a Alemanha. A defesa contra Niclas Füllkrug é das mais impressionantes desse início de Copa. Francisco Calvo fez falta diante dos alemães, mas tinha sido monstruoso contra os japoneses. Juan Pablo Vargas o suplantou bem e Kendall Waston se destacou em ambos os encontros. Yeltsin Tejeda trancou a cabeça de área e acabou premiado com gol. Joel Campbell não foi o atacante arisco de outros tempos, mas sua entrega é daqueles que entendem o peso da seleção. Também saiu maior.

O processo de renovação da Costa Rica não será simples para 2026, por mais que alguns jovens cheguem à Europa. O time tende a perder ainda mais referências em relação àqueles que estiveram no Catar. Se é para se despedir dessa sequência em Copas, foi bom o que se viveu em 2022, até melhor que em 2018. Mas, com a ampliação no número de seleções para 2026, não dá para duvidar do que os Ticos farão num caminho mais aberto na Concacaf. Canadá, Estados Unidos e México podem ser logo ali.

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