A Copa da Hungria coroou um campeão inédito: o Zalaegerszeg ganha uma nova taça, 21 anos depois de levar sua única liga | OneFootball

A Copa da Hungria teria um campeão inédito nesta temporada, sim ou sim. A decisão do torneio reuniu duas equipes menos expressivas do país: o Budafok, da segunda divisão, e o Zalaegerszeg, da primeira. As zebras tiveram a honra de atuar na novíssima Puskás Arena e levaram um público expressivo. E quem escreveu uma página de ouro em sua história foi o Zalaegerszeg, um clube de certa dose de tradição (com 37 aparições na elite nacional) e até mesmo um título da primeira divisão em seu passado – que possibilitou inclusive um triunfo sobre o Manchester United nas preliminares da Champions League 2002/03. A vitória por 2 a 0 sobre o Budafok nesta quarta demorou a sair, mas dois gols anotados na prorrogação concretizaram a façanha. Os alviazuis ganham um novo troféu para exibir em seu museu e também uma vaga na Conference League de 2023/24, de volta às copas europeias após 13 anos.

O Zalaegerszeg está sediado na cidade homônima de Zalaegerszeg, de 62 mil habitantes, localizada a 220 quilômetros de Budapeste e próxima da fronteira com a Áustria. A fundação dos alviazuis aconteceu em 1920 e o clube disputava as divisões de acesso do Campeonato Húngaro em suas primeiras décadas. Chegou a ter suas estruturas confiscadas pelo império nos anos 1930, até que o renascimento acontecesse a partir de 1957, com a fusão com outros times locais. O Zalaegerszeg estreou na elite nacional em 1972 e permaneceria por quase duas décadas na primeira divisão. Teve campanhas dignas, com destaque à quarta colocação conseguida em 1984/85 e também 1985/86. A equipe caiu na virada para os anos 1990, mas se restabeleceu na primeira divisão a partir de 1994. Foi o período mais importante da história dos alviazuis.

A primeira grande glória do Zalaegerszeg aconteceu em 2001/02, quando a equipe conquistou o inédito título do Campeonato Húngaro. Os azarões se classificaram para o hexagonal final na segunda colocação e conseguiram superar os favoritos, dois pontos à frente do Ferencváros, na fase decisiva. O nome mais célebre dos alviazuis na época era o seu treinador, Péter Bozsik, filho de József Bozsik – lendário craque da seleção húngara nos anos 1950. Também se sobressaía a dupla de ataque formada por Krisztián Kenesei e Gábor Egressy, ambos com passagem pela seleção local.

A conquista levou o Zalaegerszeg para a Champions League e o time eliminou o NK Zagreb, antes de sucumbir diante do Manchester United nas preliminares. Mesmo assim, os húngaros tiraram uma casquinha, com a vitória por 1 a 0 em casa, antes dos 5 a 0 na Inglaterra. Ficava o orgulho pelo triunfo sobre um time que reunia Ruud van Nistelrooy, Ole Gunnar Solskjaer, Juan Sebastián Verón, Ryan Giggs, Roy Keane e David Beckham. Depois disso, o Zalaegerszeg nunca passou da terceira colocação no Campeonato Húngaro, com o melhor momento vindo na final da Copa da Hungria de 2010. Apesar do vice contra o Debrecen, o time herdou a vaga na Liga Europa de 2010/11, em que sucumbiu logo de cara. O time caiu à segundona húngara em 2012 e só voltou à elite em 2019, com campanhas de meio de tabela desde então.

O Zalaegerszeg não pegou as camisas mais pesadas nesta campanha da Copa da Hungria. Enfrentou times das divisões de acesso até as quartas de final, quando passou pelo Mezökövesd. Já nas semifinais, a vítima foi a ascendente Puskás Akadémia. Na decisão, o desafio seria o Budafok, da segunda divisão. Os rubro-negros, fundados em 1912, estão localizados num distrito de Budapeste e possuem algumas boas histórias. Em 1945/46, quando o time estreou na elite e logo caiu, era dirigido por Gustav Sebes, célebre técnico da seleção húngara em seu auge. Depois disso, o Budafok voltou à elite só em 2020/21, mas de novo foi rebaixado de imediato. Mesmo na segunda divisão, o time deixou pelo caminho o tradicional Vasas na semifinal desta edição da copa.

O Zalaegerszeg era o natural favorito na decisão realizada na Puskás Arena. Entretanto, o Budafok conseguiu levar mais perigo nos 90 minutos. Foi apenas na prorrogação que a vitória dos alviazuis se resolveu. O primeiro gol saiu aos 12 minutos do segundo tempo extra, numa investida pela esquerda, com a finalização cruzada de Dániel Németh. Já a confirmação do título aconteceu nos acréscimos, com um golaço. O ZTE ganhou uma falta frontal na intermediária. Por causa dos riscos, quase todos os jogadores da equipe ficaram na defesa, assim como o Budafok quase não voltou, à espera do contra-ataque. No fim, a bola morreu nas redes. A batida de Szabolcs Szalay foi perfeita, num tiro que ainda beliscou o travessão antes de entrar.

A Copa da Hungria enriquece a galeria de troféus do Zalaegerszeg. Os alviazuis agora possuem as duas principais taças do país, além de um troféu da segunda divisão. Podem buscar também a Supercopa, que escapou em 2002. E a Conference League é um excelente prêmio também, para fazer jus a outros momentos de destaque do ZTE. A Europa volta a pintar no mapa dos pequeninos depois de mais de uma década.