A Atalanta fez história em Liverpool e se aproximou das semifinais da Liga Europa | OneFootball

A Atalanta de Gian Piero Gasperini não cansa de fazer história. A mítica Dea não tinha o favoritismo a seu lado após o sorteio das quartas de final da Liga Europa, mas isso não incomodou os nerazzurri. Contando com os gols de Scamacca e Pasalic, descartados no passado por times da Premier League, a equipe bergamasca conquistou um expressivo 3 a 0 sobre o Liverpool em pleno Anfield e, além de ter ficado próxima das semifinais da competição, obteve um resultado que entrou para os anais do futebol italiano.

O triunfo da Atalanta foi tão importante que ofuscou até mesmo o confronto de grandes entre Milan e Roma, válido pela mesma fase da Liga Europa, que ocorria simultaneamente. Para começar, foi a maior vitória de uma equipe italiana em Anfield e a segunda da Dea no próprio estádio. Nenhuma outra formação da Bota bateu o Liverpool tantas vezes longe de seus domínios por competições da Uefa. Aliás, nesse recorte, só outros dois times europeus conseguiram superar os Reds na casa dos adversários em pelo menos duas ocasiões: Barcelona e Real Madrid. Este é o tamanho do feito da Dea.

A noite iluminada dos comandados de Gasperini na visita à trupe de Jürgen Klopp já se prenunciava aos 3 minutos de bola rolando, quando os nerazzurri perderam a primeira claríssima oportunidade de abrir o placar contra os Reds. Após bate-rebate, a bola sobrou para Pasalic, que, sozinho na pequena área, acabou acertando o rosto de Kelleher e não as redes, como parecia mais fácil.

Scamacca marcou dois gols, participou de outro e foi o grande destaque de uma das maiores vitórias da Atalanta em competições europeias (Getty)

Depois do susto, o Liverpool, que poupou cinco titulares devido à disputa do título da Premier League, viria a ter seus melhores momentos na partida – e os únicos que talvez tenham sido realmente bons. Núñez teve duas oportunidades em sequência: na primeira, arriscou cruzado de canhota, mas Musso fez boa defesa em dois tempos. Aos 15, o próprio Darwin foi deixado cara a cara com o goleiro argentino devido à enfiada de Jones. Só que tentou a cavadinha e espirrou o taco, mandando a bola para fora. Já na casa dos 26, foi a vez de Elliott finalizar com muita curva, da quina da área, e acertar travessão e trave de uma vez só.

A Atalanta resistiu a esses ataques do Liverpool e, na verdade, nunca sucumbiu ao adversário. Os nerazzurri faziam um jogo parelho, circulavam bem a bola no meio-campo e, volta e meia, chegavam ao ataque. Numa dessas investidas, aos 38 minutos, Zappacosta cruzou rasteiro para Scamacca, ex-West Ham, que finalizou rasteiro, de direita. O goleiro Kelleher saltou, mas a pelota passou por baixo dele e o placar foi inaugurado. Já nos acréscimos, o irlandês se redimiu do equívoco – ainda que tenha contado com uma ajudinha dos orobici. Koopmeiners teve ótima chance de ampliar o marcador ao sair cara a cara com o arqueiro, mas tentou a cavadinha ao invés de driblar o rival e parou numa defesa com o peito.

O Liverpool voltou para a segunda etapa com três alterações: Robertson, Szoboszlai e Salah nas vagas de Tsimikas, Jones e Elliott. Com três titulares em campo, começou ameaçando cedo. Aos 52, o lateral-esquerdo escocês cobrou escanteio e Van Dijk cabeceou para fora. Três minutos depois, após bate e rebate na área, foi a vez de o craque egípcio arriscar e obrigar Musso a espalmou para escanteio. No escanteio, o arqueiro ainda precisou trabalhar.

De novo, a Dea soube resistir aos momentos em que foi atacada e aproveitar os erros do time de Klopp. Aos 60, o Liverpool cometeu uma falha de marcação grotesca. A badalada defesa, com nomes como Van Dijk e Robertson, simplesmente assistiu a construção da Atalanta. O xerifão holandês deu um espaço generoso para De Ketelaere na ponta direita e o belga não hesitou: efetuou um belo cruzamento para Scamacca, caminhando sozinho na área – contrariando a famosa música da torcida dos Reds. Enquanto Konaté e Gomez só olhavam, o camisa 90 finalizou de canhota, sem deixar a bola cair, tirando do alcance de Kelleher e ampliando o placar. Foi a primeira doppietta de um jogador italiano em Anfield.

No final, Pasalic ainda deixou o dele: vitória poderia ter sido de goleada se Koopmeiners não tivesse desperdiçado chances (AFP/Getty)

Àquela altura, o Liverpool estava atônito. Poucos minutos depois, o De Ketelaere encontrou Koopmeiners sozinho, mas o holandês finalizou mal de esquerda e chutou para fora. Aos 70, Gomez recebeu da entrada da área e arrematou à esquerda da baliza adversária. Os Reds tentavam marcar de qualquer jeito, com Gakpo, Díaz, Diogo Jota e Salah, porém pouco arrumavam. Na única chance real que engataram, na casa dos 79, até balançaram as redes. O gol do egípcio, porém, foi anulado por impedimento.

Aos 83 minutos, a Atalanta mataria o jogo – e, talvez, o confronto de quartas de final. Szoboszlai saiu jogando errado, com um passe na fogueira para Konaté, e Scamacca foi esperto para roubar a posse. Ainda mais astuto, o atacante descartado pelo West Ham no início da temporada, esperou Éderson avançar em profundidade e o deixou na cara do gol. O brasleiro chutou, Kelleher deu rebote e Pasalic, que foi contratado pelo Chelsea e jamais foi considerado bom o suficiente para vestir a camisa dos Blues num jogo oficial, anotou o terceiro e último da histórica vitória dos italianos.

Muito próxima da vaga nas semifinais da Europa League, a Atalanta ainda está viva nas três frentes em que ainda compete. Enquanto aguarda o Liverpool para defender sua vantagem em Bérgamo, a Dea recebe o Verona pela Serie A, ainda em busca da quinta posição. Afinal, muito por conta de sua vitória em Anfield, o posto deve ser suficiente para um lugar na próxima Champions League – afinal, a Itália lidera com folga o ranking da Uefa, utilizado para a distribuição de duas vagas extras para os dois melhores colocados. Os nerazzurri ainda estão entre os quatro melhores da Coppa Italia e podem chegar à decisão se reverterem a magra derrota para a Fiorentina, na ida. Vem aí um ano dourado para Gasperini e seus pupilos?