A Argentina demorou para encontrar um goleiro não apenas seguro, mas também decisivo como Martínez | OneFootball

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·10 de dezembro de 2022

A Argentina demorou para encontrar um goleiro não apenas seguro, mas também decisivo como Martínez

Imagem do artigo:A Argentina demorou para encontrar um goleiro não apenas seguro, mas também decisivo como Martínez

Desde que foi campeã em 1986 com Nery Pumpido debaixo das traves, a posição de goleiro tem sido uma questão com a seleção argentina. Sergio Goycochea se destacou na Itália, quatro anos depois, mais pela sua capacidade de pegar pênaltis do que pela segurança que passava. Poucos realmente passaram confiança. Em tempos recentes, Sergio Romero conseguiu ser relativamente estável, titular na África do Sul e no Brasil. Seria também na Rússia, mas se machucou, abrindo espaço a Willy Caballero, que falhou contra a Croácia e deu lugar a Franco Armani, que já parecia um ganho à posição naquela época. Esse histórico é importante porque mostra o quanto a Argentina demorou para encontrar um goleiro que é não apenas seguro, mas também decisivo como Emiliano Martínez.

A Argentina que está colecionando épicos no Catar tem algumas caras novas que surgiram ao longo do último ciclo. Como Cristian Romero e Lisandro Martínez, dois bons zagueiros. Ou Enzo Fernández, Mac Allister e Rodrigo de Paul, todo o meio-campo contra a Holanda. Ou Julian Álvarez, que foi parceiro de Lionel Messi no ataque. Entre os principais está Martínez, que assistiu à ultima Copa do Mundo após ser reserva do Getafe, imaginado se um dia conseguiria ser titular de um clube relevante de uma das grandes ligas europeias.


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O cenário não era promissor naquele momento. Martínez chegou ao Arsenal da base do Independiente assim que completou 17 anos. Foi chamado para um teste, o que não é incomum com jovens talentos sul-americanos. O incomum é receber a proposta para ficar. “Na minha cabeça, de jeito nenhum eu deixaria minha família. Eu não era muito pobre, mas minha família sofria muito em termos financeiros. Eu voltei à Argentina e, uma semana depois, tive a proposta do Arsenal. Eu vi meu irmão e minha mãe chorando, pedindo que eu não fosse. Mas eu também havia visto meu pai chorar no meio da noite porque não conseguia pagar as contas. Então eu tive que ser corajoso naquele momento porque disse ‘sim’ para eles”, disse, ao Guardian, em 2020.

Aquele era o momento, no meio da pandemia de coronavírus, que Martínez estava recebendo sua primeira sequência como titular pelo Arsenal, como você pode ter percebido, muito tempo depois – dez anos, mais precisamente – de ter chegado ao clube. Ele fez apenas 38 jogos pelos Gunners, os primeiros na Copa da Liga Inglesa em 2012. A sua paciência foi testada por uma série de empréstimos, enquanto as metas do norte de Londres eram defendidas por nomes como Szczesny, outro garoto que passou pelas categorias de base, David Ospina, Petr Cech e Benrd Leno. Nem quando saiu encontrou regularidade. Fez apenas 15 jogos pelo Sheffield Wednesday, oito no Rotherham, 15 no Wolverhampton, seis no Getafe e 18 pelo Reading.

Em 2019/20, pelo menos foi usado como goleiro da Liga Europa, antes de receber a grande chance. Infelizmente, por causa de uma lesão em Benrd Leno, em um jogo contra o Brighton, em junho de 2020, depois da retomada da Premier League após a paralisação da pandemia. Ele acabou terminando aquela temporada como titular e se destacou. Tão bem que, mesmo com a recuperação do titular, Martínez disputou a final da Copa da Inglaterra contra o Chelsea – uma competição em que havia jogado todas as fases anteriores. Acabou recebendo uma proposta para defender o Aston Villa e, depois de tanto tempo de casa, embarcou na nova aventura. Foi bem recompensado porque é titular e um dos destaques de um clube importante da Premier League há dois anos e meio.

Foi um dos melhores goleiros da Inglaterra na temporada 2020/21, que culminou com a Copa América. A sua ascensão foi notada por Lionel Scaloni, que promove a sua estreia em junho, contra o Chile, pouco antes da estreia. No torneio que quebrou o jejum de títulos da Argentina, tomou a camisa 1 da seleção de vez, principalmente na disputa de pênaltis contra a Colômbia na semifinal, quando defendeu três cobranças. Ninguém mais o tiraria de baixo das traves da argentina, mesmo que haja outros nomes bons no elenco, como o próprio Franco Armani ou Gerónimo Rulli, de altos e baixos com o Villarreal.

Martínez não teve muito trabalho na fase de grupos. Nem na maior parte do tempo contra a Austrália, nas oitavas de final, mas havia feito uma defesa importante, saindo bem do gol, no lance final, perdido por Garang Kuol. Também não foi uma atuação especial contra a Holanda. Não teve culpa nos gols de Weghorst e não fez nenhuma intervenção antes da disputa de pênaltis. Mas quando a Argentina mais precisou, ele estava ali para defender as bombas de Van Dijk e Berghuis e encaminhar a classificação à semifinal. Se a Argentina também quebrar o jejum de títulos mundiais no Catar, não será coincidência que o fez assim que encontrou um enorme goleiro. Ele pode não ter sido tão exigido com bola rolando ainda, mas certamente será e já mostrou que tem tudo para corresponder.

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