Calciopédia
·01 de junho de 2022
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Depois da semana da vexaminosa semana de março, na qual terminou fora da Copa do Mundo de 2022 após perder para a Macedônia do Norte e teve de fazer um amistoso “fantasma” contra a Turquia, a Itália voltou a campo numa data Fifa. A missão desta quarta, 1º de junho, seria a enfrentar a Argentina pela Finalíssima, partida que reunia as seleções campeãs da Europa e da América do Sul, em Wembley. O categórico 3 a 0 aplicado pelos portenhos estendeu a sequência negativa da Nazionale e emprestou melancolia à última aparição de Chiellini com a camisa azzurra.
A Itália, que até estreava uniforme novo, se despedia de seu capitão e também sabia que o jogo contra a Argentina seria um ensaio da última dança de alguns outros nomes que faturaram a Euro 2020. Roberto Mancini, aliás, via a Finalíssima como forma de dar um ponto final na primeira etapa de seu trabalho, antes de renovar a equipe. Sendo assim, deu espaço para os campeões europeus: Pessina, Bernardeschi, Belotti e Raspadori, por exemplo, receberam chance na equipe titular, assumindo espaços abertos como as lesões de Verratti, Chiesa, Immobile e Insigne. Do outro lado, a Argentina estava completa em Londres.
A Finalíssima começou bastante estudada, com a Itália buscando estabelecer seu jogo de construção curta e a criação de duelos de um contra um para os pontas. Di Lorenzo sustentava a saída pela direita, Barella funcionava como elo no centro do campo e Bernardeschi era a opção para aproveitar as jogadas individuais. Depois de 15 minutos de maior estudo, o ritmo da partida aumentou, a Argentina assumiu o seu controle e não o largou mais – o que expôs Chiellini, em sua 117ª aparição.
Através de um bom encaixe na pressão alta e contando com um Messi em noite mágica, a albiceleste foi dominando jogo, acumulando chances e construiu o primeiro gol aos 28 minutos. Lo Celso roubou a bola de Bernardeschi no meio-campo e acionou Messi, que girou, deixou Di Lorenzo na saudade e cruzou na medida para Lautaro, desmarcado, empurrar para as redes.
Já no último lance do primeiro tempo, a Argentina ampliou. Após outra recuperação de bola, Lautaro dominou ao passo em que girava em direção ao campo ofensivo e se livrou de Bonucci, que chegou atrasado. O atacante da Inter ainda efetuou um lindo passe em profundidade para Di María, que recebeu com vantagem sobre Chiellini e tocou por cobertura, na saída de Donnarumma.
Mancini sequer esperou o segundo tempo começar e realizou três trocas na equipe na volta do intervalo: lançou Lazzari, Scamacca e Locatelli nos lugares de Belotti, Bernardeschi e Chiellini, encerrando assim a trajetória de Giorgio pela seleção. Com as trocas, a Itália saiu do 4-3-3 para atuar no 3-5-2, buscando uma melhor transição defensiva da equipe.
Donnarumma bem que evitou um saldo ainda pior para a Itália, mas sofreu com as boas partidas de Lautaro, Messi e Di María (Getty)
A troca deu até certo resultado, já que a Nazionale cresceu na partida e teve mais volume de jogo. Contudo, conforme o tempo foi passando, passaram a pesar a derrota no placar e o clima de fim de festa que contagiou a seleção italiana após a eliminação na fase qualificatória para a Copa do Mundo. Devido a esses dois fatores, o ritmo da Itália foi caindo progressivamente.
A Argentina aproveitou o descompromisso do adversário e criou muitas chances, não aumentando o placar graças a seguidas boas intervenções de Donnarumma – o goleiro fez pelo menos cinco defesas importantes. Já nos acréscimos da segunda etapa, com o jogo decidido, Messi encontrou Dybala, que tinha entrado em campo havia poucos segundos, e o ex-jogador da Juventus não perdoou. La Joya finalizou com enorme categoria, e deu números finais à partida.
O jogo encerrou um ciclo bastante agridoce para a Itália. Rapidamente, o trabalho de Mancini foi da alegria contagiante pela conquista do título europeu para a decepção absoluta por ficar de fora de mais uma Copa do Mundo. Ainda que não estejam se aposentando oficialmente da seleção, como fez Chiellini, jogadores como Bonucci, Florenzi, Acerbi, Jorginho e Insigne devem ter cada vez menos espaço no próximo ciclo, visando uma troca natural de guarda e a solidificação de novas referências, como Bastoni, Locatelli, Tonali, Raspadori e Scamacca.
Além disso, é necessário compreender como a ausência de Chiesa tem enorme influência no que aconteceu com a Itália após a Eurocopa. Apesar de a Squadra Azzurra contar com ótimos jogadores em todos os setores do campo, considerando a ideia de jogo do Mancini e a realidade de um futebol cada vez mais físico e controlado pela ocupação de espaços, ter um atleta com a capacidade inventiva e o poder de drible do ponta da Juventus é um luxo – do qual os azzurri não podem abrir mão. Federico tem tudo para ser o grande nome da Nazionale daqui para frente.
Apesar disso, o péssimo futebol apresentado nos últimos meses, que acarretou na derrota para a Macedônia do Norte, não pode ser esquecido. O baixo nível de atuações que se estendeu há um longo período de tempo representa um peso considerável e deve ser colocado na balança durante as avaliações internas feitas pela comissão técnica. O que não significa que a decepção deva apagar o bom trabalho feito anteriormente, seja na construção de bases táticas, técnicas ou de renovação do grupo. É hora de colocar a cabeça no lugar e trabalhar para devolver a Itália ao posto que sempre teve na modalidade.