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·29 de março de 2023

A apagada passagem de Fernando Gago pela Roma durou apenas um ano

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O Real Madrid do final dos anos 2000 contou com vários jogadores de alto nível e, dentre eles, vários tiveram passagens nas equipes italianas. Alguns, como Fabio Cannavaro, Gonzalo Higuaín, Kaká e Wesley Sneijder, foram ídolos de clubes da Bota. Outros, porém, tiveram percalços na Serie A. Foi o caso do argentino Fernando Gago, que viu sua frustrante estadia na Roma ser mais um indício de que sua carreira não atingiria o patamar esperado quando deu seus primeiros passos.

Fernando nasceu em abril de 1986, em Ciudadela, município da grande Buenos Aires. Gago passou a frequentar as categorias de base do Boca Juniors aos 10 anos e efetuou todo o seu percurso formativo pelo clube, que o revelou. A estreia do volante como profissional ocorreu na vitória do Boca sobre o Quilmes, por 1 a 0, em dezembro de 2004. Seu primeiro gol na carreira viria duas temporadas depois, num 3 a 2 de virada sobre o Vélez Sarsfield, em plena Bombonera.


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Gago não era qualquer tipo de volante: sua presença no meio-campo era marcante, assim como a qualidade dos seus passes e, em especial, a saída de jogo. Essas características, aliadas ao papel de destaque na conquista da Copa do Mundo Sub-20 em 2005, ao lado de Sergio Agüero e Lionel Messi, chamaram a atenção dos clubes europeus, especialmente o Real Madrid. E foi para o time merengue que o jovem argentino se transferiu, no final de 2006.

Sem dúvida, Gago é mais lembrado pelo público em geral por conta de sua passagem pelo Real Madrid. Por lá, o volante conquistou dois títulos de La Liga, além de uma Supercopa da Espanha e uma Copa do Rei. Apesar de não ter se adaptado tão rapidamente, El Pintita se firmou no time merengue e virou titular em 2008. No mesmo ano, ele alcançaria a sua maior glória com a camisa da seleção argentina: a medalha de ouro na Olimpíada de Pequim.

No entanto, foi nessa mesma época em que surgiram as grandes pedras no sapato de sua carreira profissional: as recorrentes lesões. Depois de uma sequência de contusões nos dois joelhos, Gago foi perdendo espaço e, em 2010, a própria titularidade. O técnico do Real naquela época, José Mourinho, preferia mais o estilo de jogo de Xabi Alonso e Sami Khedira. Devido à pouca minutagem em campo, o volante buscou soluções fora do time merengue e, assim, conseguiu um empréstimo para a Roma.

O início da temporada 2011-12 para a Roma foi, no mínimo, turbulento. O técnico Vincenzo Montella não teve seu contrato renovado e deixou o clube, indo para o Catania momentos depois. Para seu lugar, chegou o espanhol Luis Enrique, que iniciava trajetória como treinador e tinha apenas um trabalho no Barcelona B no currículo. Com Francesco Totti e Daniele De Rossi comandando o time, a Loba tentava lutar por uma vaga na Liga dos Campeões e quem, sabe, voltar a brigar pelo scudetto, como fizera em anos anteriores.

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Longe das lesões, o volante argentino foi titular da Roma revolucionada pelo espanhol Luis Enrique (AFP/Getty)

O mercado feito pelos giallorossi foi potente e ambicioso, de acordo com os planos de Thomas DiBenedetto, empresário norte-americano de origem italiana que acabara de adquirir a agremiação. Luis Enrique foi escolhido pela nova diretoria para tentar transmitir aos romanos o DNA do Barcelona e, nesse intuito, ganhou uma penca de reforços: além de Gago, aportaram na Cidade Eterna Maarten Stekelenburg, Gabriel Heinze, Simon Kjaer, Miralem Pjanic, Erik Lamela, Bojan Krkic, Pablo Daniel Osvaldo e Fabio Borini.

Apesar dos esforços na janela de transferências, a temporada da Roma começou da pior forma – e a contratação de Gago foi uma tentativa de resposta por parte da diretoria recém-chegada. Os italianos foram eliminados da Liga Europa ainda na fase de playoffs e, para piorar, caíram para o modesto Slovan Bratislava, da Eslováquia: após derrota por 1 a 0 fora de casa, os capitolinos levaram o empate no Olímpico no final. Dias depois, o empréstimo com opção de compra por El Pintita foi confirmado.

A estreia do volante argentino pela Roma ocorreu no dia 11 de setembro de 2011, na derrota em casa para o Cagliari. Gago entrou nos 15 minutos finais, no lugar de Aleandro Rosi, mas aquela seria uma exceção: no geral, foi titular do meio-campo giallorosso, geralmente ao lado de De Rossi e Pjanic. Fisicamente saudável durante a temporada, somou 32 aparições, sendo 26 como integrante do onze inicial.

O único gol de Fernando com a camisa romanista sairia dois meses depois, na vitória por 2 a 1 sobre o Lecce. Mas a irregularidade daquela Roma era gritante e, uma semana depois, El Pintita teve noite de vilão. Atuando em Florença, a Loba tomou 3 a 0 da Fiorentina numa partida insólita, na qual teve três jogadores expulsos: Juan, o próprio Gago e, por fim, Bojan.

Por um lado, a equipe de Luis Enrique foi capaz de enfiar 5 a 1 no Cesena, 4 a 0 na Inter, 5 a 2 no Novara e de devolver o 3 a 0 num duelo com a Fiorentina. Por outro, a Roma também perdeu feio para a Juventus (3 a 0 na Coppa Italia e 4 a 0 na Serie A), levou 4 a 2 de Cagliari e Lecce, e um 4 a 1 da Atalanta, com direito a tripletta de Germán Denis. Além disso, foi derrota pela Lazio nos dois clássicos da temporada. Como Gago poderia prosperar naquela montanha-russa?

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Gago chegou à Roma num mercado ambicioso, mas teve dificuldades numa equipe irregular (Getty)

No fim das contas, a Roma terminou 2011-12 com resultados medíocres: foi eliminada nas quartas de final da Coppa Italia e ficou com o sétimo lugar na Serie A, sem vaga em qualquer competição europeia. Por causa das muitas derrotas e decepções, Luis Enrique se demitiu em maio de 2012 e deixou a capital italiana juntamente a vários jogadores – incluindo Gago. A diretoria romanista não quis pagar os 7 milhões de euros que o Real Madrid pedia para que a cessão se tornasse permanente e, então, o volante fez as malas e foi embora da Cidade Eterna.

Como não foi um dos grandes culpados pelo fracasso da Roma e teve um ano nota 6, com o bônus de não ter sido parado por lesões, Gago não demorou a encontrar um novo clube. No início da janela de mercado do verão europeu de 2012-13, o volante foi adquirido pelo Valencia e assinou um contrato de quatro temporadas. Porém, para azar dos che, os problemas físicos voltaram a acometer o argentino, que só atuou 18 vezes na campanha alvinegra, até ser emprestado, em janeiro de 2013, ao Vélez Sarsfield.

De volta à sua terra natal, Gago sofreu com lesões musculares, mas ainda disputaria a Copa Libertadores de 2013 e faturaria o campeonato nacional. No ano seguinte, o Boca Juniors comprou 50% dos direitos do volante e repatriou a sua joia. Depois de uma boa primeira temporada, que lhe rendeu espaço no grupo da Argentina que ficou com o vice na Copa do Mundo de 2014, disputada no Brasil, Fernando rompeu o tendão de Aquiles.

A séria lesão resultou em cada vez menos aparições para o volante, que até ganhou mais títulos – embora sempre como coadjuvante – e continuou a ser convocado para a seleção, por conta de sua indubitável qualidade técnica. Gago foi vice da Copa América de 2015 e se aposentou da Albiceleste em 2017. No geral, pendurou as chuteiras em 2020, aos 34 anos, após uma curta segunda passagem pelo Vélez.

De bate-pronto, El Pintita se tornou técnico: em janeiro de 2021, dois meses depois de sua aposentadoria, assumiu o comando do Aldosivi, na primeira divisão argentina. A experiência pelo tiburón foi curta e, em setembro, ele se demitiu. Na sequência, em outubro, Gago começou a escrever grande história pelo Racing: a sua “Gagoneta” se tornou sensação no país por conta do bom futebol e dos títulos do Trofeo de Campeones e da Supercopa Internacional, em 2022.

Fernando Rubén Gago Nascimento: 10 de abril de 1986, em Ciudadela, Argentina Posição: meio-campista Clubes como jogador: Boca Juniors (2004-06 e 2013-19), Real Madrid (2007-11), Roma (2011-12), Valencia (2012-13) e Vélez Sarsfield (2013 e 2019-20) Títulos como jogador: Copa do Mundo Sub-20 (2005), Campeonato Argentino (2005, 2006, 2013, 2015, 2017 e 2018), Copa Sul-Americana (2005), Recopa Sul-Americana (2005 e 2006), La Liga (2007 e 2008), Supercopa da Espanha (2008), Jogos Olímpicos (2008), Copa do Rei (2011) e Copa Argentina (2015) Clubes como treinador: Aldosivi (2021) e Racing (2021-hoje) Títulos como treinador: Trofeo de Campeones (2022) e Supercopa Internacional (2022) Seleção argentina: 61 jogos

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