16 de maio de 2024, um dia de luto para os amantes do futebol italiano no Brasil | OneFootball

De uma tacada só, o destino nos tirou Silvio Luiz, 89 anos, e Antero Greco, 69, duas das maiores referências em jornalismo esportivo, nesta quinta, 16 de maio de 2024. Dois pioneiros quando o assunto é a popularização do futebol italiano no Brasil. Um narrador e um comentarista que fizeram parte do imaginário dos fãs da Serie A, pois estavam presentes nas primeiras transmissões do campeonato para o país. E continuaram a trabalhar com a competição por décadas.

Todo mundo que acompanha esporte conhece Silvio Luiz pelos seus bordões e Antero Greco por sua inabalável parceria com Paulo Soares, o Amigão, no SportsCenter. Aqui, falaremos um pouco sobre a faceta “italiana” de ambos – no caso do comentarista, sem aspas mesmo.

Falecido em São Paulo, em virtude de falência de múltiplos órgãos, Silvio foi um dos maiores narradores brasileiros. E parte de sua rica história se entrelaça com a Rede Bandeirantes, que receberia a alcunha de “canal do esporte” muito por sua contribuição. Na década de 1980, o locutor foi a voz do primeiro campeonato estrangeiro transmitido para o Brasil: a Serie A italiana. No Show do Esporte, nos domingos pela manhã, Silvio Luiz narrava partidas da liga, geralmente ao lado dos parceiros Silvio Lancellotti e Giovanni Bruno.

Silvio Luiz trabalhou com o Campeonato Italiano na Band até meados da década de 1990. Posteriormente, na mesma emissora, transmitiu jogos da competição nos anos 2000. Um pouco adiante, no mesmo decênio, levou seu olho para os lances da Serie A na RedeTV!, na sua derradeira experiência com o certame. E, até hoje, diverte e emociona. Como mostrou Walter Casagrande Júnior, no programa De Primeira, do UOL, ao assistir a narração de sua doppietta na vitória do Torino sobre a Juventus, no Derby della Mole, em 1992.

Assim como Silvio Luiz, Antero Greco participou do Show do Esporte na Bandeirantes. Filho de imigrantes italianos com raízes na província de Salerno, mas simpatizante da Roma, o paulistano era referência no “calcio” desde que andava pelas ruas do Bom Retiro, bairro em que nasceu. De lá, partiu para a redação do Estado de S. Paulo, onde foi editor de Esportes e começou a ganhar evidência com a Serie A, polvilhada de brasileiros na década de 1980. No jornal, cobriu a Copa do Mundo de 1982, o que lhe abriria portas para um novo mundo: pela fluência no idioma itálico, relatou a campanha do Brasil no Corriere dello Sport e se tornou correspondente do diário desportivo estrangeiro no país.

Em 1983, quando a Serie A tinha 11 brasileiros (Falcão, Edinho, Dirceu, Juary, Zico, Sócrates, Toninho Cerezo, Batista, Elói, Pedrinho e Luvanor) concedeu uma célebre entrevista, que reproduzimos abaixo. Um jovem e barbudo Anterito conversou sobre futebol italiano, na redação do Estadão, com Fausto Silva, o Faustão – para fecharmos esta sequência de rimas aumentativas que contrastam com a delicadeza do apelido do amável comentarista.

Mas Antero viria a ficar conhecido mesmo como uma das caras da ESPN, empresa em que trabalhou de 1994 até seu falecimento, em virtude de um tumor cerebral, contra o qual lutava desde 2022. Na emissora, Greco conquistou o público com seu carisma, mas principalmente por ser exemplo de gentileza, decência, humanidade, bom humor e informação.

Durante as transmissões da Serie A, Anterito mostrava conhecer a Itália de cabo a rabo. O futebol, a cultura, a culinária, a arquitetura, a história das cidades – e até mesmo de povoadinhos encravados em qualquer canto do país, da Sicília ao Trentino Alto Ádige, de Vale de Aosta à Apúlia. Era assim que, nos momentos mais tranquilos das partidas, brincava com os fãs de esporte que mandavam perguntas e, em geral, com o narrador Luiz Carlos Largo.

Nos despedimos do Anterito com a alegria que ele sempre transmitiu a todo mundo. Abaixo, com um vídeo que ele mesmo publicou no seu Instagram, ao lado do comentarista Gian Oddi e do apresentador Bruno Vicari, emanando felicidade após a Itália derrotar a Inglaterra nos pênaltis e faturar a Euro 2020, em 2021. E também com um texto de sua autoria, com a classe de sempre.

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