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·11 luglio 2025

Villas-Boas ataca… mas esquece condenações do FC Porto

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A carta que o FC Porto enviou à Liga Portugal, com ataques diretos ao Benfica, devia envergonhar não só os adeptos portistas, como também todos aqueles -incluindo benfiquistas- que elogiaram a candidatura de André Villas-Boas. O novo presidente do FC Porto venceu Pinto da Costa por goleada nas eleições, mas continua a somar vitórias apenas no campo da propaganda. O benfiquista que o aplaudiu devia, no mínimo, corar de vergonha.

Numa resposta extensa à carta do Benfica -sem que o clube encarnado os tenha sequer citado- o FC Porto recorreu à retórica habitual, evocando processos como o chamado “caso dos e-mails”, alegando ser uma das poucas entidades a apelar formalmente à Liga, à Federação e até à Procuradoria-Geral da República por medidas mais eficazes contra este “flagelo”.


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Dizem os dragões:

«Recordamos, a título de exemplo, o chamado ‘caso dos emails’, cujos contornos revelam práticas que o próprio Presidente do Sport Lisboa e Benfica classificou como ‘influências diretas ou indiretas na arbitragem’.»

Nada mais de acordo, exceto com a parte final. É que, ao contrário do que se insinua, o Benfica nunca foi condenado em qualquer instância judicial ou desportiva nesse processo. Já o FC Porto não pode dizer o mesmo. O clube azul e branco e o seu ex-diretor de comunicação, bem como o responsável de conteúdos, foram efetivamente condenados. E, curiosamente, nunca ninguém se lembrou de aplicar os regulamentos e despromover o clube.

No mesmo documento, o FC Porto aponta ainda o dedo às sanções brandas que têm sido aplicadas no futebol português, citando episódios no Estádio da Luz como exemplo de permissividade institucional.

«Recordamos, a este respeito, os acontecimentos verificados no Estádio da Luz, aquando do jogo entre o Sport Lisboa e Benfica e o Sporting Clube de Portugal, que evidenciam de forma gritante essa incongruência.»

Mais uma vez, estamos de acordo, mas apenas em parte. Se o FC Porto tivesse memória seletiva menos apurada, poderia ter citado os clássicos em que esteve envolvido. Por exemplo: o adepto que invadiu o relvado do Dragão e agrediu Pizzi, ou os coletes laranja que agrediram jogadores do Sporting. Em quantos desses episódios o FC Porto jogou à porta fechada? Zero. O número é fácil de verificar.

E já que falamos em disciplina, convém lembrar que o FC Porto teve o treinador mais expulso da temporada passada. Villas-Boas e os seus falam em ética e valores, mas esquecem-se que há vídeos, atas e relatórios.

No fim de contas, Villas-Boas pode até continuar a vencer nos comunicados e na propaganda institucional. Mas se não tiver a mão de Antero a guiá-lo no relvado, arrisca-se seriamente a continuar mais um ano a ver os troféus por binóculos.

A carta do FC Porto

Ex.mo Senhor Presidente da Liga Portugal, Senhor Reinaldo Teixeira

Acusamos a receção da carta que nos foi remetida para conhecimento pelo Presidente do Conselho de Administração do Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD, dirigida a V. Exa., a qual mereceu a nossa melhor atenção.

Foi com surpresa e estranheza que tomámos conhecimento do conteúdo dessa comunicação, sobretudo considerando que o Presidente do Conselho de Administração do Sport Lisboa e Benfica manifestou, de forma clara e inequívoca, o seu apoio às linhas mestras do seu programa eleitoral para o futebol português nas mais recentes eleições para a Presidência da Liga Portugal. Acresce ainda que havia anteriormente expressado publicamente a sua satisfação com a gestão do anterior Presidente da Liga Portugal, o Senhor Pedro Proença, que também apoiou na candidatura à Presidência da Federação Portuguesa de Futebol.

Não nos são inteiramente claros os motivos que justificam o momento escolhido para esta tomada de posição. Questionamo-nos se se deve à existência de dados novos, desconhecidos do FC Porto, ou se, internamente, o signatário encontrou razões para alterar e agora verbalizar um novo posicionamento.

Permito-me recordar a V. Exa. que, anteriormente à sua entrada em funções como Presidente da Liga Portugal, o FC Porto, de forma isolada e em sede de Cimeira de Presidentes, salientou a importância de submeter os candidatos à Presidência da Liga ao escrutínio dos Presidentes dos Clubes e demais Sociedades Desportivas. Acreditámos, e continuamos a acreditar, que era essencial conhecermos a sua visão estratégica para o futebol português, os caminhos para a criação de valor, e o seu posicionamento relativamente a temas estruturantes, como o combate à pirataria, as apostas desportivas, os seguros desportivos, os quadros competitivos e, naturalmente, o projeto da Liga Centralização. Infelizmente, a larga maioria dos Clubes optou pelo silêncio ou por alinhamentos estratégicos de interesse próprio, negligenciando a discussão franca e aberta que o momento exigia.

Talvez tenham surgido novos elementos. No entanto, também nas mais recentes Cimeiras de Presidentes, já no decurso do seu mandato, e em múltiplos eventos organizados pela Federação Portuguesa de Futebol, o FC Porto foi uma das poucas entidades a assumir posições públicas firmes sobre temas como a centralização, a reformulação dos quadros competitivos e o combate à corrupção — assuntos que, pela sua natureza, mereciam debate sério e transparente entre todas as Sociedades Desportivas.

A avaliação da clareza de posições tem sempre uma dimensão subjetiva. Já a sua tradução em ação é uma questão factual. E, de facto, pouco ou nada de substancial tem sido concretizado, apesar da aproximação das metas estabelecidas. Tomemos como exemplo a centralização e a proposta de repartição de receitas a submeter ao Governo. A anunciada saída do Sport Lisboa e Benfica da Direção da Liga Centralização pode representar mais um atraso relevante num processo fundamental para a valorização e estabilidade das Sociedades Desportivas. Solicitamos, por isso, a V. Exa. que assuma uma posição mais assertiva e objetiva sobre esta matéria. Registamos igualmente, coincidência ou não, que o Sporting Clube de Portugal não compareceu à reunião da Direção da Liga Centralização realizada ontem.

Por todos os motivos expostos, reafirmamos a nossa total disponibilidade para que estes e outros temas sejam amplamente discutidos em Assembleia Geral da Liga Portugal ou, caso se justifique, em Assembleia Geral Extraordinária, com o devido respaldo estatutário e a concordância dos restantes Clubes e Sociedades Desportivas.

Relativamente a outros assuntos referidos na missiva do Sport Lisboa e Benfica, não podemos deixar de registar uma falta de respeito para com diversos profissionais da indústria do futebol, bem como alguma omissão seletiva de factos que envolvem direta ou indiretamente a própria Sociedade Desportiva em causa, no plano legal e jurídico.

Assim, a proposta de solicitar à Federação Portuguesa de Futebol, à Liga Portugal e à Procuradoria-Geral da República a abertura de uma investigação sobre o exercício de funções por ex-árbitros em estruturas futebolísticas parece-nos profundamente desproporcionada. Tal sugestão levanta, de forma infundada, um manto de suspeição sobre figuras nacionais e internacionais que, de forma séria e competente, exercem ou exerceram funções relevantes em órgãos federativos, associativos, representações de classe ou até em clubes, onde colocam ao serviço da indústria o seu conhecimento técnico especializado.

A arbitragem é parte essencial do ecossistema do futebol. A crescente profissionalização do setor justifica plenamente a contratação de técnicos especializados. Não surpreende, portanto, que ex-árbitros assumam funções de liderança em entidades como associações, federações ou confederações — realidade que, em Portugal, encontra eco em figuras como Pedro Proença e Paulo Costa, tal como sucede a nível internacional com nomes como Pierluigi Collina, Lubos Michel, Markus Merk, Howard Webb e Bjorn Kuipers.

Este enquadramento contrasta fortemente com o comportamento de certos clubes que, de forma reiterada, recorrem a “especialistas em arbitragem” em painéis televisivos e meios de comunicação social, com o objetivo claro de gerar opinião pública favorável ou desfavorável, condicionando, por essa via, o julgamento do trabalho dos árbitros e afetando a sua dignidade profissional.

Importa ainda sublinhar o tema da corrupção ativa e passiva. O FC Porto tem sido uma das poucas entidades a dirigir, de forma formal, apelos à Liga Portugal, à Federação Portuguesa de Futebol e à Procuradoria-Geral da República para a adoção de medidas mais eficazes e consequentes no combate a este flagelo. Recordamos, a título de exemplo, o chamado “caso dos emails”, cujos contornos revelam práticas que o próprio Presidente do Sport Lisboa e Benfica classificou como “influências diretas ou indiretas na arbitragem”. Algumas dessas práticas foram judicialmente comprovadas; outras ficaram por apurar. Ainda assim, à época, a Futebol SAD do Sport Lisboa e Benfica não acompanhou os nossos apelos nem demonstrou qualquer vontade em contribuir para uma mudança estrutural — mudança que agora, com espanto, se propõe liderar.

Os regulamentos das instituições que tutelam, regulam e organizam o futebol português necessitam de uma revisão profunda, adaptada à realidade atual e com visão de futuro. A aplicação recorrente de sanções de reduzida gravidade, que não refletem a extensão ou gravidade dos comportamentos, transmite a ideia de permissividade institucional e afeta a imagem global da competição. Situações como quebras de segurança nos estádios, ou agressões iminentes à integridade física de árbitros, treinadores e jogadores, não podem continuar a ser penalizadas com meras multas. A aplicação de “atenuantes” para justificar decisões brandas apenas serve para reforçar perceções negativas. Recordamos, a este respeito, os acontecimentos verificados no Estádio da Luz, aquando do jogo entre o Sport Lisboa e Benfica e o Sporting Clube de Portugal, que evidenciam de forma gritante essa incongruência.

Caro Presidente, aguardamos uma reação esclarecedora de V. Exa., que oriente com clareza e determinação o tratamento de problemas amplamente identificados no seio do futebol português.

Contem com o FC Porto para discussões sérias, produtivas e para colaborar na concretização de medidas que efetivamente promovam a valorização e a credibilidade do futebol nacional.

Com os melhores cumprimentos,

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