Portal dos Dragões
·25 marzo 2025
Subintendente da PSP revela operação dentro dos Super Dragões na AG: “Clima de intimidação e terror”

In partnership with
Yahoo sportsPortal dos Dragões
·25 marzo 2025
O coordenador da investigação da Operação Pretoriano, cujo julgamento continuou nesta segunda-feira, descreveu a atmosfera de «intimidação e terror» gerada pelos arguidos em torno da Assembleia Geral (AG) do FC Porto de novembro de 2023.
A quarta sessão do julgamento, realizada no Tribunal de São João Novo, destacou o testemunho do subintendente da PSP, Dennis da Cruz.
De acordo com a testemunha, que prestou depoimento por videoconferência, a operação «complexa» centrou-se em «um grupo de indivíduos que, a todo o custo e em busca de benefícios financeiros, defendiam um determinado regime», referindo-se à estrutura liderada por Pinto da Costa.
«O que ocorreu na AG foi o recrutamento [de apoiantes], coordenado e liderado por Fernando Madureira. O objetivo era silenciar sócios legítimos do FC Porto que apenas desejavam expressar a sua insatisfação. Qual a razão, do ponto de vista da investigação, que originou aquele clima de intimidação e terror? Uma possível candidatura de André Villas-Boas.»
«Iniciámos a investigação, com uma equipa restrita, e avançámos com determinação e em segredo», revelou.
Dennis da Cruz coordenou a investigação e notificou pessoalmente Villas-Boas, Henrique Ramos e Bruno Ramos, o chefe da PSP que testemunhou os eventos como sócio na AG. A necessidade de «salvaguardar» o segredo da operação foi a razão para que este trio fosse considerado «testemunhas chave».
O subintendente da PSP afirmou que Fernando e Sandra Madureira elaboraram um plano para manipular o clima à volta da AG, usando a distribuição de bilhetes como «pressão», o que foi documentado em um dos grupos de WhatsApp mencionados na acusação.
Segundo a testemunha, a suposta candidatura de André Villas-Boas foi a razão por trás da criação de «umas primárias» em torno da AG extraordinária, que envolveu uma alteração estatutária.
Além disso, acusou Fernando Madureira de ser o «promotor dos atos ilícitos» que ocorreram na AG, não apenas por não ter tentado evitar os conflitos, mas também por ter colaborado com o arguido Hugo Carneiro, conhecido como “Polaco”, para obter pulseiras de acesso à reunião.
Acrescentou que Madureira recebeu cartões e números de sócio, os quais distribuiu, incentivando indivíduos a avançar na fila, em um grupo de WhatsApp com 166 membros, entre os quais se encontram sete arguidos.
O advogado de Fernando e Sandra Madureira, Gonçalo Cerejeira Namora, solicitou a gravação do depoimento do polícia por «manifesta animosidade» e por ter referido três vezes sete dos arguidos como «pretorianos», um termo considerado «pejorativo». A juíza aceitou o pedido, permitindo que Gonçalo Cerejeira Namora apresentasse queixa contra Dennis da Cruz.
O julgamento continua nesta terça-feira, com mais de 20 testemunhas ainda por ouvir.
Os 12 arguidos da Operação Pretoriano começaram a ser julgados a 17 de março, respondendo por 31 crimes, que incluem 19 de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no contexto de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, um de arremesso de objetos ou produtos líquidos e três de atentado à liberdade de informação.
Entre os arguidos, Fernando Madureira é o único que se encontra em prisão preventiva, a mais severa das medidas de coação, enquanto os restantes foram libertados em diferentes momentos.