AVANTE MEU TRICOLOR
·24 dicembre 2024
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·24 dicembre 2024
Colombiano achou que mandaria no Tricolor. Treinadores disseram o contrário (Foto: Divulgação/SPFC)
MARCIO MONTEIRO
O ano de James Rodríguez no São Paulo não começou nada bem. Após alguns atritos com o antigo treinador Dorival Júnior, a comissão técnica de Thiago Carpini sinalizou um ‘controle de carga’ em janeiro ao jogador, para atingir o nível dos demais.
O colombiano, no entanto, não cumpriu tudo que o clube ordenou, criando o primeiro mal-entendido de 2024. Ainda fora da forma ideal, não foi relacionado por Carpini para a Supercopa do Brasil contra o Palmeiras. E ali surgia a segunda polêmica.
O agora camisa 55 do São Paulo, para ‘mudar o astral’, decidiu então não viajar com o elenco, ao contrário de outros companheiros também não relacionados, criando atrito no grupo.
Como foi bem explicado depois, ninguém exigiu que ele fosse, tão menos ele se negou a ir. Simplesmente não foi. Mostrando não estar nem aí para o grupo. E a saída quase se deu logo no início da temporada.
Insatisfeito, James pediu a seu estafe para rescindir com o Tricolor e mudar de ares. A situação não era assim tão simples quanto o meia pensava. Com salário astronômico em qualquer parte do mundo, o jogador não teve interesse de nenhum grande clube.
E seus empresários então aconselharam James a colocar o rabinho entre as pernas, se desculpar com o São Paulo e seguir em frente. E foi o que ele fez. E o Tricolor, assim como um namorado traído e carente, aceitou sem questionamentos as desculpas do desinteressado James.
Com os panos quentes colocados, veio a aguardada estreia no ano, em 28 de fevereiro, contra a Inter de Limeira, pelo Paulistão, mas em Brasília (DF). Foi o auge da ilusão.
Os são-paulinos mais emocionados pareciam que viam a reencarnação de Pelé. James saiu do banco para conferir uma assistência e um gol sobre a poderosa equipe de Limeira. O talento e qualidade do colombiano nunca foram questionados. Se mostrasse tudo o que mostra na seleção de seu país, ainda o teríamos como atleta do São Paulo.
Entrou nos três jogos seguintes saindo do banco novamente, sem se destacar. Vinha então o início da Libertadores, e James, um dos grandes astros do clube, foi titular nos dois primeiros jogos, contra Talleres e Cobresal.
Mais uma vez, não encantou. Na sequência, jogou 32 minutos contra o Fortaleza na estreia pelo Brasileirão, mas depois ficou afastado por uma semana e meia, com uma lesão na região posterior da coxa direita. Nesse meio tempo, o Tricolor trocou de técnico, com a saída de Thiago Carpini e a chegada de Luis Zubeldía.
Poderiam ser novos tempos para o colombiano, que fez sua estreia com o novo chefe diante do Palmeiras, jogando os seis minutos finais do empate sem gols.
Mal sabiam todos que seriam os últimos minutos na frustrada passagem de James Rodríguez pelo Brasil. Desfalque do compromisso seguinte, por uma tendinose de Aquiles que não chegou nem a ser divulgada pelo clube, deixou até de ser relacionado para os jogos.
“Eu tomo decisões em relação ao que vejo”, disse Luis Zubeldía quando questionado sobre o atleta, sugerindo que James não estaria entregando o mesmo que os colegas nos treinos.
Neste meio tempo, James seguia convocado pela Colômbia, titular, e jogando muito. A situação incomodava e causava dúvida nos torcedores, que estavam começando a abrir os olhos e enxergar a situação. Por que o meia brilhava pela seleção e parecia outro jogador pelo São Paulo?
Era a pergunta mais feita para todos os setores do clube, presidente, dirigentes, e até jogadores. Algumas respostas deixavam escapar o que estava acontecendo. “É um craque, impressiona a todos nos treinos, mas não entrega a intensidade que se exige hoje”, era o mais ouvido.
Oras, mas como na Colômbia ele brilha? Por lá, como muitos repetiram, ele é o cara, o camisa 10 e capitão que tem o respeito de todos. O time é armado para ele jogar, e ele determina o ritmo do jogo. Do jeito que ele gosta. Mas no São Paulo, não poderia ser assim.
Veio então a Copa América em junho e julho, e Rodríguez começou arrebentando, com gols e assistências para ser o principal jogador da Colômbia que apresentava um grande futebol.
As boas atuações aumentavam as especulações sobre uma possível saída. O presidente Julio Casares, que chefiava a comissão da Seleção Brasileira e também estava no torneio nos Estados Unidos, desconversava como podia, mas deixava bem claro que se a oportunidade aparecesse e fosse boa para todos, o colombiano trocaria de clube.
E foi o que aconteceu. A Colômbia bateu na trave pelo título, mas James Rodríguez foi premiado merecidamente como melhor jogador da competição sul-americana. Era a deixa para uma valorização na saída.
Agora, sim, as duas partes se acertaram pela rescisão de contrato em 30 de julho, um ano depois de ser anunciado como reforço em 2023. Foram somente oito jogos, dois como titular, um gol e uma assistência em 2024.
Em toda sua passagem pelo time do Morumbi, 22 jogos, dois gols e quatro assistências, e cerca de R$ 15 milhões gastos com James Rodríguez no período.
O astro colombiano viu que não estava tão em alta assim quando o modesto Rayo Vallecano, da Espanha, foi o único interessado em dar mais uma chance ao atleta que já acumulava decepções pelo Everton-ING, Al-Rayyan, do Catar, e agora São Paulo.
O roteiro se repete. Ausências em diversas partidas e atuações burocráticas quando conseguiu jogar, embora seguisse se destacando quando convocado pela Colômbia.
Iñigo Pérez, técnico do Rayo, inclusive, deu uma declaração sobre o jogador muito parecida com o que Zubeldía já tinha falado meses antes: “Se ele joga lá [pela Colômbia] e aqui joga menos, é porque eu escolho os jogadores que são melhores para vencer os jogos”, explicou o treinador. Até aqui, sete jogos e uma assistência pelo novo clube.
Por mais que a diretoria do São Paulo tente, até hoje, se justificar dizendo que James foi uma ‘boa contratação’ pelo aumento de nível do patamar do São Paulo, ela foi uma das piores da história. E não é só porque é fácil dizer agora.
Qualquer análise não muito profunda veria que, nos clubes, James já não rendia há tempos. Após ser enxotado do Real Madrid em 2020, depois de atritos com diferentes técnicos, teve passagem apagada no inglês Everton e rumou para o mundo árabe, onde realizou 15 jogos em duas temporadas.
De lá, partiu para o Olympiacos, da Grécia, onde realizou 23 partidas, anotou cinco gols e seis assistências. Um currículo que descreditaria qualquer jogador para ser contratado como grande nome de qualquer clube no mundo. Mas o São Paulo caiu no conto...