Quem sobe e quem desce na Segunda Liga? Eis a tendência das edições deste século | OneFootball

Apontado por muitos como o campeonato mais competitivo em Portugal, a Segunda Liga aproxima-se a passos largos do final. Com cinco jornadas por disputar ainda nada está definido, num cenário que promete fazer subir a temperatura nos jogos que cada clube tem pela frente.

Neste momento, o Tondela lidera a competição com dez pontos de vantagem sobre o quarto classificado Chaves, primeira equipa a, caso o campeonato terminasse agora, ficar afastada da possibilidade de subir de divisão. Seguem-se depois o Vizela de Fábio Pereira (2º lugar, em posição de subida direta) e o Alverca de Vasco Botelho da Costa (3º lugar, posição que dá acesso ao playoff contra o 16º classificado da Liga Portugal Betclic).

No plano oposto, o Mafra ocupa atualmente o último lugar da tabela classificativa, tendo à sua frente a UD Oliveirense de António Torres Campos (17º lugar, que também se traduz em descida direta) e o FC Porto B de João Brandão (16º lugar, que dá acesso ao playoff contra o 3º classificado da fase final da Liga 3).

Para além disto, há outras contas a ter em consideração: com a atual disposição da tabela classificativa, os oito primeiros classificados sabem que já não podem descer de divisão e apenas os seis últimos classificados já não têm qualquer hipótese de festejarem a subida de divisão.

Com estes dados em cima da mesa, o zerozero decidiu olhar para as edições da Segunda Liga disputadas no século XXI no sentido de procurar tendências: quantas vezes é que o 1º classificado a cinco jornadas do fim não subiu? E quantas vezes é que o último classificado nesta fase da competição conseguiu a salvação?

Bons indicadores para Tondela...

Antes de partirmos para a análise propriamente dita, importa referir que o número de épocas disputadas inteiramente no século XXI está fixado em 23 (parte de 2000/01 ainda decorreu no século XX, pelo que não entra nas nossas contabilizações).

Assim sendo, e começando a olhar para as contas da subida, há um dado que joga claramente a favor do Tondela de Luís Pinto: apenas em cinco das 23 edições da Segunda Liga disputadas neste espaço temporal não se viu o primeiro classificado a cinco jornadas do fim terminar efetivamente nessa posição. Ou seja, estar nesta posição com uma mão cheia de partidas por disputar ditou a coroação como campeão em 78,3 por cento dos casos.

Se quisermos ser ainda mais 'drásticos' na análise, podemos apresentar as temporadas em que quem liderava a cinco rondas do final não subiu.

No entanto, a amostra é ainda mais curta, isto na medida em que ficamos cingidos a duas temporadas- 2008/09 e 2006/07 (já lá vamos a um 'estudo' mais aprofundado de ambos os cenários). Quer isto dizer que, em 91,3 por cento dos casos, quem estava na liderança na fase do campeonato em que agora estamos acabou mesmo por garantir a vaga na Primeira Liga na temporada seguinte.

Por fim, importa referir que na última (e também primeira) vez que foi promovido ao principal escalão do futebol português, o Tondela já estava em posição de subida quando tinha cinco jogos por disputar. Tal aconteceu em 2014/15, altura em que o conjunto de Quim Machado liderava a competição.

E não tão bons para Mafra

No plano oposto, a história diz que o Mafra, que segue no último posto da tabela classificativa, tem uma missão hercúlea pela frente.

Para começar, só em seis das 23 épocas em análise é que o lanterna vermelha a cinco jornadas do final não terminou com o selo de pior equipa no campeonato. Ou seja, nas 17 edições restantes (73,9 por cento) 'estar' em último acabou mesmo por se traduzir em 'ser' último.

No entanto, sabemos que não terminar na posição mais baixa da tabela classificativa nem sempre é sinónimo de salvação, isto na medida em que há sempre mais do que um clube a ser despromovido. Assim, fomos um pouco mais fundo: quantas vezes é que o último classificado a cinco rondas do final consegui a permanência?

A amostra é também ela curta: duas. Tal aconteceu em 2020/21 e 2004/05 (também vamos analisar estes casos com mais pormenor). Traduzindo isto para percentagens, em 91,3 por cento dos casos estar no fundo do poço na reta final do campeonato resultou em descida.

Se o cenário já se pinta com tons pesados para o Mafra, há outro dado não joga a favor da equipa de Paulo Alves: na última vez que desceram na Segunda Liga, os mafrenses já estavam em posição de despromoção, no caso no 21º lugar, quando tinham cinco jornadas pela frente.

Quedas, saltos... e a mítica época 2004/05

Sendo certo que até aqui apresentamos mais dados quantitativos, a verdade é que há também uma vertente mais qualitativa nesta nossa análise.

Apontando baterias às contas da subida. procurámos casos nos quais Tondela, Vizela e Alverca, equipas atualmente em posição de subida (a equipa de Vasco Botelho da Costa está em posição de playoff), não se devem inspirar. Falamos de clubes que, estando em posição privilegiada a cinco jornadas do final, claudicaram e não conseguiram a promoção.

De forma natural, os casos mais flagrantes são os das duas épocas acima referidas: 2008/09 e 2006/07.

Em 2008/09, o Santa Clara de Vítor Pereira seguia no 1º lugar, mas três derrotas, um empate e apenas uma vitória nos últimos cinco jogos ditaram o trambolhão para o 3º posto.

Por seu lado, em 2006/07, o Rio Ave de João Eusébio, que também liderava o campeonato a cinco rondas do final, perdeu quatro dos últimos cinco encontros e também caiu para o 3º lugar.

Ainda neste capítulo, é importante também referir os casos de Trofense (queda do 2º para o 3º lugar em 2010/11) e do Varzim (queda do 3º para o 4º lugar em 2003/04). Ambos os clubes estavam em posição de subida direta, não a conseguiram alcançar e daí para cá não mais voltaram à Primeira Liga.

Na luta pela salvação, Mafra, UD Oliveirense e FC Porto B têm alguns exemplos aos quais se podem agarrar.

Começando pelas duas épocas (já mencionadas) em que o lanterna vermelha a cinco rondas do final não foi despromovido, o próprio FC Porto B e o Alverca conseguiram verdadeiros milagres em 2020/21 e 2004/05, respetivamente.

Enquanto os jovens dragões alcançaram duas vitórias nos últimos cinco jogos e passaram do 18º para o 16º lugar (nesta temporada não houve playoff de descida/permanência), os ribatejanos venceram quatro dos últimos cinco encontros e saltaram do 18º para o 13º (!) posto.

A temporada 2004/05, de resto, é verdadeiramente digna de um filme: à entrada para a jornada 30, Alverca (18º), Santa Clara (17º) e Portimonense (16º) estavam em posição de descida; após a jornada 34, os despromovidos foram Espinho, Chaves e Gondomar. Ou seja, todos os clubes que estavam aflitos a cinco jornadas do fim conseguiram a salvação.

Viajando 20 anos no tempo, qual será o desfecho da edição 2024/25 da Segunda Liga?