‘Palmeiras contra suas próprias narrativas na final do Paulistão’ | OneFootball

‘Palmeiras contra suas próprias narrativas na final do Paulistão’ | OneFootball

In partnership with

Yahoo sports
Icon: Nosso Palestra

Nosso Palestra

·26 marzo 2025

‘Palmeiras contra suas próprias narrativas na final do Paulistão’

Immagine dell'articolo:‘Palmeiras contra suas próprias narrativas na final do Paulistão’

Um amigo palmeirense fez uma previsão sombria sobre o segundo jogo da decisão do Campeonato Paulista. Segundo ele, “tá com uma cara de que” o Palmeiras vence por 1×0 no tempo normal, gol de Vitor Roque, e perde nos pênaltis. Longe de discordar, eu até completei: com o Hugo Souza defendendo três cobranças e saindo como herói.

Calma, palestrino e palestrina! Antes de me chamar de traidor ou agourento, deixe eu me explicar. Para isso, preciso voltar um pouco no tempo.


OneFootball Video


Se você já leu o best-seller “Sapiens, uma breve história da humanidade”, sabe o quanto as histórias são fundamentais para nossa espécie ter chegado até aqui. São as histórias que, quando compartilhadas por vários indivíduos, criaram os laços sociais e a capacidade de cooperação que fez o homo sapiens superar e dominar outras espécies. As crenças comuns tornaram a cultura mais complexa e levaram os grupos de caçadores-coletores a sociedades sofisticadas e duradouras.

Os torcedores de futebol também compartilham narrativas a respeito de si mesmos e dos clubes para os quais torcem. Algumas torcidas se dizem mais populares, outras mais vibrantes, outras chegam a delirar em sua mania de grandeza. No nosso caso, como palmeirenses, temos não só uma identidade própria como também uma mania de fazer previsões a respeito de grandes jogos. Não são previsões tiradas do nada: elas são permeadas pelas nossas glórias e nossos traumas, transmitidos de uma geração para a outra.

Conheça o canal do Nosso Palestra no Youtube! Clique aqui.Siga o Nosso Palestra no Twitter e no Instagram / Ouça o NPCast!

Essas previsões fazem até o mais cético acreditar que existem histórias já traçadas que não podem ser modificadas. Por exemplo, outro amigo, ao saber que nosso adversário nas oitavas de final da Libertadores passada seria o Botafogo, disse algo como “tá com uma cara de que eles vão eliminar a gente e conseguir a vingança por 2023”. Dito e feito. Por outro lado, nas finais do torneio de 2020 e 2021, eu tinha a certeza de que venceríamos, desde o apito inicial. Nada poderia nos tirar aqueles troféus.

Acredito que torcedores de outros times também compartilham narrativas e previsões. Aposto que muitos botafoguenses, ao verem a reação alviverde nos derradeiros minutos daquela disputa épica na Libertadores, acreditaram ser inevitável outra pipocada. Na minha teoria, quanto mais calejada uma torcida, maior sua propensão a acreditar que existem histórias pré-determinadas, tais quais os oráculos da mitologia grega, profecias que nem humanos nem deuses poderiam evitar.

Voltando à grande final da próxima quinta-feira (27). Vejo alguns elementos que compõem uma história de triunfo corintiano: nossos rivais não conquistam títulos há anos, estão levando o Paulistão muito a sério desde o princípio e têm personagens prontos para se consagrar, como o Memphis Depay, ou alcançar a redenção, caso do Hugo Souza. Desde as primeiras rodadas, ouço colegas palmeirenses dizendo que este campeonato “tá com uma cara” de título do Corinthians. Esse “tá com uma cara de” é a expressão moderna dos oráculos futebolísticos, terrível ou encantadora, dependendo do lado para o qual ela pende.

Mas vamos deixar as superstições de lado! Sejamos racionais, por mais que isso seja difícil para um ser humano e quase impossível para um torcedor apaixonado. Não existe, definitivamente, na física, na biologia, na matemática ou na espiritualidade algo que diga que o fim do Paulista 2025 está escrito. Reverter a derrota em casa será tarefa complicada? Bastante. Inalcançável? Jamais! O Palmeiras já subiu montanhas mais árduas que essa, como na final da Copa do Brasil de 2015, para não falar do inesquecível 4×3 sobre o Botafogo.

Que na quinta os gritos de gol se libertem da garganta e que as amarras de um suposto destino inexorável sejam rompidas! Que Abel acerte a estratégia e nossos principais jogadores decidam a parada! Ser Palmeiras, para além das manias e desconfianças, é acreditar na glória, mesmo quando ela parece distante. Porque, afinal, estamos acostumados a ela.

Luiz Andreassa é palmeirense e jornalista.

Visualizza l' imprint del creator