Nasceu na Alemanha, é lenda na Turquia e avisa Portugal: «Euforia é gigante e ambiente vai ser condizente» | OneFootball

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Zerozero

·21 giugno 2024

Nasceu na Alemanha, é lenda na Turquia e avisa Portugal: «Euforia é gigante e ambiente vai ser condizente»

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Um «10» clássico; na camisola e nos pés, um daqueles magos que a evolução do futebol parece ter condenado a viver na memória. Yildiray Bastürk. Intocável na furiosa Turquia que em 2002 conquistou a medalha de bronze no Mundial da Coreia e do Japão, incontornável no dramático Bayer Leverkusen que, um mês antes, só sucumbiu ao remate imortal de Zinedine Zidane na final da Liga dos Campeões, em Glasgow.

Na véspera do jogo entre Portugal e Turquia, no colossal Westfalenstadion, em Dortmund, o antigo médio de futebol refinado concede uma entrevista exclusiva ao zerozero onde destaca, desde logo, um dado evidente e incontestável para quem viu o primeiro jogo dos turcos e para quem passeia pelas ruas da cidade e da região do Ruhr: a seleção portuguesa vai jogar em território «hostil», dominado praticamente na totalidade pela gigantesca comunidade turca que reside na Alemanha.


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Nascido na localidade de Herne, na fronteira com Bochum e Gelsenkirchen e a 20 quilómetros do estádio onde esta tarde Portugal defronta a seleção de Vincenzo Montella, Bastürk é um dos milhares de filhos de imigrantes turcos que nasceram e cresceram na Alemanha, mas cujo coração bateu mais forte, desde cedo, pela nação dos pais.

Na conversa com o zerozero, a lenda da seleção do Bósforo justifica o momento em que optou por representar a Turquia e não a Alemanha e os sentimentos inquebráveis que a comunidade turca sente em relação ao país de origem.

Para a Turquia, defrontar Portugal em fases finais ou em jogos a «doer» (como no play-off de acesso ao último Mundial) tem sido um pesadelo histórico - seis derrotas em outros tantos jogos.

Segundo Bastürk, ex-jogador do Bayer Leverkusen, Bochum ou Hertha BSC, há uma ou outra explicação para essa estatística «negra». Ainda assim, a esperança numa boa campanha dos comandados de Vincenzo Montella é real para Ylidiray Bastürk, sobretudo depois do triunfo na jornada inaugural, frente à Geórgia.

zerozero - Nasceu em Herne, a 20 quilómetros de Dortmund. É, por isso, um «filho» da região e um de muitos turcos que vivem na Renânia do Norte-Vestfália. O jogo com Portugal vai ser uma festa?

Yilidray Bastürk - Sim, claro. Vamos jogar todos os jogos praticamente em casa aqui na Alemanha! E, como sabe, os adeptos turcos são extremamente entusiastas e vão apoiar de forma bastante ruidosa a nossa seleção. Por isso, foi importante entrar bem no torneio e acredito que o jogo com Portugal seja um momento alto para nós.

zz - Abordou aí a minha pergunta seguinte. Há pouco tempo assistimos a uma «invasão» impressionante de adeptos turcos a Berlim para o jogo particular com a Alemanha. Este é um Europeu em que a Turquia joga praticamente em casa?

YB: Absolutamente! Nos estádios onde a Turquia vai jogar, 80 por cento das bancadas terá bandeiras turcas! Os turcos que vivem na Alemanha aguardam com ansiedade por estes jogos e a euforia é gigante, pelo que o ambiente no estádio vai ser condizente com esse estado de espírito.

zz - O que é que este torneio significa para os turcos que vivem na Alemanha? O facto de viverem longe da Turquia torna a ligação emocional ainda mais forte?

YB: Os nossos antepassados são turcos, mas nós só vamos à Turquia para passar férias. E, por aí, sentimos falta dessa ligação ao país, claramente. Por isso, aproveitamos oportunidades como estas (Euro, Mundiais) para estarmos todos juntos e ostentarmos com orgulho as cores do nosso país ao peito. É um orgulho para nós receber a nossa seleção na Alemanha e vê-los a representar-nos na Europa. O orgulho e a honra acabam por ter um papel importante e isso vai refletir-se no apoio à equipa.

zz - Há muitos turcos, de primeira, segunda ou terceira geração, na Alemanha e em especial na Renânia do Norte-Vestfália - meio milhão - e há muitos casos de jogadores que tiveram de optar por uma das duas seleções. No seu caso, foi relativamente simples?

YB - Eu decidi bem cedo que queria jogar pela Turquia, tendo representado a seleção logo nos sub-15. Depois de ouvirmos pela primeira vez o nosso hino, aqueles acordes que a nossa família e os nossos antepassados cantaram, não voltamos a ter dúvidas nem voltamos a questionar uma mudança de seleção. Haverá sempre turcos nascidos na Alemanha que vão optar pela seleção alemã e outros que se decidem pela Turquia e tudo isso é legítimo e uma decisão muito pessoal. Para mim, desde cedo, ficou claro que só queria jogar com as cores da Turquia ao peito.

zz - Voltemos ao jogo com Portugal. Há uma estatística terrível do ponto de vista da Turquia: perdeu todos os seis jogos oficiais que realizou contra Portugal. Que justificação é que encontra para isso?

YB - Uma justificação? Boa questão. [Sorrisos]. Portugal é sempre uma equipa muito forte tecnicamente, até à semelhança com a Turquia que costuma ter jogadores talentosos. Eu diria que o estilo é parecido, mas Portugal acaba por ser uma equipa mais disciplinada, nomeadamente na transição defensiva. Essa é, talvez, uma das explicações, porque para lá dos imensos talentos que Portugal tem há igualmente muita experiência porque a maioria dos jogadores joga nas melhores equipas dos melhores campeonatos da Europa. E essa é a "pequena" diferença para a Turquia, o facto de quase todos os internacionais portugueses jogarem ao mais alto nível e estarem habituados à pressão constante de terem de se medir com os melhores dos melhores. E talvez isso ajude a explicar essa estatística. Apesar de nós, este ano, termos uma equipa com jogadores que também jogam em bons clubes, mas ainda assim muito longe da equipa de Portugal.

zz - Ainda assim, o que é que espera da seleção turca neste Europeu?

YB - Temos uma equipa muito boa, mas que é muito jovem também - creio até que é das mais jovens da prova. Acredito que podemos chegar aos oitavos de final, ficar em segundo lugar do grupo, e depois será tudo uma questão de quem é que nos vai calhar em sorte, da forma no dia do jogo, e aí também será preciso alguma sorte. Mas no geral destaco o facto de termos uma equipa bastante jovem e com talento, mas com pouca experiência. Muitos dos nossos jovens estão a jogar pela primeira vez um torneio desta importância. Mas com a euforia dos adeptos, com a despreocupação destes jovens até, acredito que os oitavos e até os quartos de final são objetivos possíveis.

zz -  A Renânia do Norte-Vestfália é um verdadeiro «viveiro» de talentos que conseguiram chegar ao mais alto patamar. Você é um deles e mais recentemente há os casos de Gündogan, Özil, etc... Como é que explica essa tendência da região para formar estrelas?

YB -  Há muitos turcos que vivem na Renânia do Norte-Vestfália; se compararmos com as outras regiões da Alemanha, é mesmo a região onde vivem mais turcos. Depois, esta é uma região fortemente operária e povoada por famílias que tinham poucas posses financeiras e, por isso, poucas distrações. E é aí que o futebol entra. Para muitas crianças nesta região, a bola assume um papel importante nas suas vidas. E isso explica, em parte, que tantos jogadores nascidos e criados nesta região - Gelsenkirchen, Dortmund, Bochum, Colónia, Leverkusen - tenham chegado ao topo.

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