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·7 agosto 2025
MVP na MLS e ponto da virada para o Cincinnati: as credenciais de Lucho Acosta, novo reforço do Flu

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·7 agosto 2025
O Fluminense deve anunciar nas próximas horas a contratação do meia argentino Luciano Acosta, que estava no Dallas FC, da MLS. O jogador teve um início de pouco destaque nos Estados Unidos, mas conquistou o espaço aos poucos no D.C United e se tornou protagonista e MVP da liga no Cincinnati. Após uma temporada menos brilhante no Dallas, chega para ser uma opção importante para Renato Gaúcho nas Laranjeiras.
Procurando conhecer um pouco mais o jogador, vamos repassar a trajetória de Acosta, do início na Argentina ao destaque na MLS, e analisar o jogador técnica e taticamente, projetando como pode encaixar no Flu.
Do início lento até o protagonismo na MLS
A história de Luciano Acosta na MLS começou em 2016. O jogador chegou na liga com uma definição interessante: "o que falta em tamanho, sobra em criatividade". Talvez a melhor possível se formos fazer uma análise resumida do jogador.
Cria do Boca Juniors, havia chegado como aposta no DC United, com 21 anos, após começar a mostrar seu talento no Estudiantes, onde disputou pela primeira e única vez na carreira a Copa Libertadores.
O primeiro ano na MLS foi de pouco brilho, com 32 jogos, 3 gols e 3 assistências. Acosta teve certa dificuldade em se encaixar no time, como comentou na época o então treinador do clube, Ben Olsen, que ilustrou um pouco do papel tático do argentino.
"Acho que a melhor função para o Acosta seria em um meio-campo com três homens. Ele fez isso na Argentina. Mas se você jogar mais em um 4-1-4-1, eu entendo o argumento que defende ele no meio. Mas na nossa formação, eu o vejo como segundo atacante ou como um verdadeiro camisa 10", explicou Olsen.
Acosta demorou um pouco a se aclimatar na nova liga, principalmente em termos de intensidade de jogo. "O futebol aqui é muito mais físico, você não tem muito tempo com a bola e tem de encontrar espaço mais rápido, pensar e definir com um toque", resumiu Marcelo Sarvas, brasileiro que foi companheiro de Acosta nas duas primeiras temporadas do argentino em Washington.
Foi apenas na terceira temporada que Luciano Acosta mostrou sua melhor versão, com 10 gols e 15 assistências na liga. Mas já na reta final da temporada de 2017 começou a ser um jogador com influência na equipe, ditando o ritmo de jogo e, também, mostrando intensidade para aplicar a pressão alta que Olsen exigia. Um Acosta que parecia frustrado pelas limitações ofensivas do time se tornou referência e líder pelo exemplo.
Em 2019, Acosta começou a atrair o interesse de clubes europeus. O The Athletic informou que em abril daquele ano o Manchester United enviou olheiros para a capital estadunidense para observarem o argentino. O Fenerbahçe, da Turquia, e clubes da Ligue 1 também sondaram o jogador naquela temporada.
O meia esperou o fim de seu contrato com o Dallas para decidir seu novo destino, mas não teve a esperada chance de jogar na Europa. Aceitou um bom contrato na Liga MX, mas não correspondeu às expectativas no Atlas, com apenas três gols em 32 jogos, e só reencontrou o bom jogo no retorno para a MLS, em 2021.
Luciano Acosta foi o game changer na história do Cincinnati. O time havia terminado com a pior campanha de toda a liga nos dois anos que antecederam a chegada do craque. Na segunda temporada com o argentino, alcançou as semifinais. O meia se tornou o capitão da equipe e a grande referência técnica do time.
Em 2023, em 44 jogos pelo clube, marcou 21 gols e contribuiu com 14 assistências. O Cincinnati ganhou a Supporters' Shield, troféu simbólico dado ao melhor time da temporada regular, e Lucho Acosta foi eleito o MVP da liga. O argentino ganhou também naquele ano o prêmio de gol da temporada, ao marcar um golaço em bela arrancada contra o Charlotte em setembro daquele ano (veja abaixo).
MVP com 60% dos votos no ano da primeira temporada de Messi na MLS, Acosta levou o Cincinnati até a final da conferência. Marcou um gol na decisão, mas o Columbus Crew buscou o empate, com direito a gol contra, após estar perdendo por 2 a 0, e foi para a final da MLS Cup com vitória na prorrogação.
No ápice da carreira e em evidência na liga, Acosta chegou a ser sondado pela seleção estadunidense. A U.S Soccer discutiu internamente a convocação do argentino, que estava em processo de naturalização, e Acosta declarou publicamente que aceitaria defender o país, já que nunca recebera nenhuma chance pela Argentina. Só que a convocação nunca saiu do papel.
A quarta temporada de Acosta no Cincinnati foi ainda melhor, com 19 assistências e 15 gols, apesar de um período fora do time por lesão. O time acabou eliminado nos playoffs, e Lucho deixou claro que não voltaria. Acabou assinando com o Dallas em transferência estipulada em 6 milhões de dólares. O clube comprou como substituto Evander, do Portland Timbers pelo dobro do preço.
Quando reencontrou o antigo clube, em maio deste ano, Lucho foi vaiado pela torcida por ter pedido para ser vendido. O jogador ficou chateado.
"Eu achei que fossem me receber melhor, mas me vaiaram. Sei o que dei a esse clube e a verdade é que as pessoas deveriam ser gratas. Dei a eles a Supporters' Shield, uma campanha de MVP e um gol do ano. Acho que deveriam ser gratos", declarou.
Pelo Dallas, Lucho somou 21 jogos, com 7 gols e 1 assistência. Não conseguiu ter o mesmo protagonismo dos tempos de Cincinnati, e pode ser negociado por um valor menor.
Acosta é um meia dinâmico, que tem como uma das grandes características a capacidade de quebrar linhas. Seja com um passe, ou enfrentando adversários no 1 contra 1. É um meia técnico, com excelente condução de bola, e muito habilidoso para se livrar dos marcadores.
Se adapta a diferentes cenários do jogo, tendo agilidade no raciocínio e nos movimentos para dar velocidade ao jogo, mas também para temporizar e buscar apoios em trocas de passe quando necessário.
Com o passar dos anos, e hoje já acima dos 30, naturalmente se tornou um jogador com menos potência física. Ainda assim, consegue manter a intensidade durante os 90 minutos e terminou 65% dos jogos que começou nesta temporada. Na temporada, terminou 70% das partidas, atrapalhando esses números 4 substituições depois dos 80 minutos em 2025 e 5 em 2024.
Se no início da carreira atuou como um terceiro homem em uma linha de 3 no meio, no Flu deve seguir o exemplo de seu ápice na MLS e ser opção como um camisa 10 no 4-2-3-1 de Renato Gaúcho. Uma opção dinâmica, capaz de entregar mais criatividade e também intensidade ao Flu no último terço.