AVANTE MEU TRICOLOR
·1 agosto 2025
MAGNATA GREGO QUE NEGOCIA INVESTIMENTO EM COTIA VAI AJUDAR TEXTOR A 'RECOMPRAR' BOTAFOGO: SÃO PAULO NÃO VÊ CONFLITO (POR ENQUANTO)

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·1 agosto 2025
Marinakis pode entrar no Brasil em dois clubes diferentes de uma só vez (Clive Manson/Getty Images)
RAFAEL EMILIANO@rafaelemilianoo
Quase um mês depois da imprensa carioca noticiar que o magnata grego Evangelius Marinakis, que negocia desde o início do ano um acordo com o São Paulo para investimento nas categorias de base do clube, teria se aproximado do dono do Botafogo, John Textor, uma nova informação nesta quinta-feira (31/7) abalou mais um pouco as estruturas no Morumbi.
De acordo com o portal 'Globo Esporte', Marinakis estaria negociando ajuda financeira ao estadunidense para que ele recompre a equipe carioca e assim o separe do restante Eagle, sua empresa e que oficialmente é a responsável pela SAF botafoguense.
O AVANTE MEU TRICOLOR apurou com fontes ligadas ao bilionário grego que esse aporte poderia chegar a 100 milhões de euros (cerca de R$ 639,5 milhões).
Não entendeu? Pois é, a coisa é complexa, mas vamos explicar.
A Eagle entrou em colapso nos últimos meses após vir à tona que Textor deu um calote em um fundo de investimentos que emprestou dinheiro para ele comprar o Lyon em 2022. A dívida beira os US$ 500 milhões (cerca de R$ bilhões) atualmente.
Os reflexos foram imediatos: sem fornecer garantias da saúde financeira da Eagle, a Liga Francesa decidiu rebaixar o Lyon. E a Uefa também poderá anunciar sanções aos outros clubes da empresa e seus sócios no continente europeu.
O estadunidense vem tentando salvar o que pode. Após ser afastado do conselho diretivo da Eagle e renunciar (de forma forçada) ao comando do Lyon (uma tentativa de reverter o rebaixamento), decidiu 'recomprar' o Botafogo para, desta forma, manter o time carioca sob suas rédeas.
Para isso, teve uma mãozinha da Justiça brasileira, que emitiu liminar a seu favor, garantindo a ele, e não a Eagle, o controle do Botafogo.
Com isso, segundo o 'Globo Esporte', Textor ofereceu aos sócios da Eagle na última quarta-feira (30/7) uma proposta pelo Botafogo, separando assim os cariocas do restante da empresa. E é aí que Marinakis surge como o grande financiador do estaduninense na empreitada.
O plano é de se abrir uma nova empresa nas Ilhas Cayman (conhecido paraíso fiscal). Se ele tiver sucesso, o Botafogo fica blindado das disputas pelo comando da Eagle.
A informação divulgada no início de julho foi a de que Textor e Mainakis negociavam um acordo para investimentos do grego nas categorias de base do Botafogo. Ou seja, algo exatamente igual ao que é tratado entre o magnata e o São Paulo.
O caso surgiu após os cariocas venderam o zagueiro Jair ao inglês Nottingham Forest, de propriedade do grego, por 12 milhões de euros (cerca de R$ 76,5 milhões), 2 milhões de euros a menos do que foi pago ao Santos para contratar o jogador no início do ano.
O negócio escancarou a aproximação entre Textor e Marinakis. Desde o início de 2024, os dois empresários movimentaram mais de R$ 700 milhões em negociações de jogadores entre clubes dos dois grupos.
Nos últimos 19 meses, os dois fizeram pelo menos sete operações de compra ou venda de jogadores. Uma dessas transações, inclusive, causou polêmica na França. No início de junho, Textor e Marinakis acertaram a ida do goleiro Matt Turner do Nottingham Forest para o Lyon por 8 milhões de euros.
"Eu gosto do Marinakis. Há muita conversa sobre nos unirmos porque nosso relacionamento começou no Brasil, ele passou aqui antes de mim. Gostamos de recrutar, negociar e conversar sobre jogadores juntos. Ele é um dono diferente, muito passional. Tenho muita coisa em comum com esse estilo. Continuaremos negociando, trocando e nos divertindo", admitiu Textor em entrevista a jornalistas cariocas no último sábado (26/7).
De acordo com o portal, a nova empresa a ser formada com ajuda financeira de Marinakis e que controlaria o Botafogo teria autonomia total de Textor no controle e tomadas de decisão. Ou seja, de forma clara, Marinakis não uma espécie de sócio do clube carioca, mas apenas o investidor financeiro para que a operação seja concretizada.
É exatamente esse cenário, de Marinakis apenas sendo investidor da nova empresa que controlaria o Botafogo, que a diretoria do São Paulo se ampara.
Antes de tudo, há o entendimento legal (e isso é o que mais vale para o clube do Morumbi) que a coisa não seja vista como conflito de interesses.
Até por isso, a explicação recebida foi a de que seria uma espécie de 'empréstimo'. Ao AMT, fontes ouvidas disseram que o assunto sobre o aporte a Textor foi tratado nos últimos dias em reuniões. Sim, Edu Gaspar, que agora trabalha para Marinakis e é quem cuida das negociações com o São Paulo. avisou sobre o assunto.
O clube do Morumbi e Marinakis estão próximos, neste momento, nas discussões sobre a formalização do contrato, mudaram cláusulas de como o dinheiro entrará no Tricolor: seria por meio de um fundo de investimentos a ser criado ao invés de aporte direto de um CNPJ para outro. O que permitira ao grego fazer acordos semelhantes com outros clubes ou pessoas (ou seja, Textor e afins).
Na verdade, a mudança contratual na negociação entre o magnata grego e o São Paulo prevê apenas uma forma de acelerar o processo com maior segurança jurídica. Além, claro, de aliviar um pouco a barra do presidente Julio Casares, evitando assim a impressão de que o clube está 'vendendo Cotia'. Os termos e valores revelados por nós, contudo, continuam valendo (leia mais abaixo).
De acordo com o 'Blog do São Paulo', a mudança de paradigma, com a criação de um novo CNPJ para um fundo de investimentos permitirá a Marinakis ser uma espécie de acionista majoritário da operação, permitindo a entrada de novos investidores, desde que seguidas as regras estabelecidas pelo São Paulo para divisão de direitos dos jovens da base.
A verdade até aqui (e trabalhamos somente com fatos) é que São Paulo e Marinakis continuam as discussões. Pela complexidade do projeto e sua inovação, não há prerrogativa jurídica sobre esse caso, que não é englobado pela lei da SAF, a demora é considerada natural.
A diretoria do São Paulo assinou em março um memorando de entendimento com o grupo do magnata grego Evangelius Marinakis para encaminhar (ainda mais) a parceria pelo recebimento de investimentos em sua grande parte para as categorias de base do Tricolor.
Conforme apurou o AVANTE MEU TRICOLOR, o documento oficializa o entendimento entre as partes para cláusulas de divisão da verba de US$ 100 milhões (cerca de R$ 600 milhões) que o clube do Morumbi receberá para os próximos cinco anos.
O memorando estabelece de que forma a grana será gasta pelo Tricolor. A reportagem apurou que ficou acertada que parte desse montante (aproximadamente R$ 100 milhões) será despedida em reforços para o time profissional. Mas há teto para gasto com jogadores de até 25 anos.
O restante será mesmo para investimentos em jovens talentos para as categorias de base. O São Paulo teve que aceitar a contrapartida de Marinakis, de que parte dos investimentos será obrigatório para a aquisição de promessas dos outros países sul-americanos.
Outras cláusulas do memorando já eram conhecidas: a maior delas é que o grupo de Marinakis terá direito a percentual dos jogadores da base pelos próximos dez anos a partir da assinatura oficial do acordo. Também há itens que preveem o repasse de talentos direito aos outros clubes do magnata na Europa.
O documento, que serve basicamente pelo lado do São Paulo para ser apresentado ao Conselho Deliberativo, estabelece que não há multa rescisória nessa etapa das negociações. Ou seja, qualquer um dos dois lados pode desistir antes da assinatura do contrato oficial.
O São Paulo já deu demonstração pública de que o negócio com Marinakis talvez realmente esteja mais próximo de ser fechado do que parece.
O texto foi postado em três idiomas (português, grego e inglês).
"Ao gigante Olympiacos, é com grande respeito que parabenizamos o maior campeão grego pela linda trajetória construída nestes 100 anos de história e conquistas. Que as próximas temporadas sejam ainda mais gloriosas", diz.
A parceria entre São Paulo e Marinakis praticamente foi selada após o grego avisar que seu conglomerado desistiu oficialmente da compra do SAF do Vasco, até então maior concorrência para que ele abrisse mão da parceria pelas categorias de base tricolores. O acordo agora está com caminho aberto para ser concretizado.
Conforme o AVANTE MEU TRICOLOR revelou em dezembro, Marinakis enfrentava a resistência do filho para sacramentar de vez o negócio com o clube do Morumbi. O herdeiro sonhava com a aquisição do Vasco, com ele sendo o CEO e tomando as principais decisões, além de estabelecer moradia no Rio de Janeiro (RJ).
Acontece que o bilionário foi convencido por seu novo funcionário, o ex-volante e ex-coordenador da Seleção Brasileira, Edu Gaspar, de que focar os investimentos no Brasil apenas nas categorias de base são-paulinas seria melhor negócio.
Além de se livrar de eventuais problemas jurídicos no time carioca, provenientes da rescisão conturbada com a 777, primeira dona da SAF vascaína, a opção São Paulo se torna mais barata. As negociações para a aquisição do clube de São Januário beiravam R$ 1 bilhão. Enquanto que a parceria com o Tricolor pela base resultará em um gasto pouco maior que R$ 600 milhões.
No São Paulo, o grego atuaria principalmente como investidor. Ou seja, o controle total das coisas em Cotia ficaria com o São Paulo. Diferente de uma possível SAF do Vasco.
Marinakis chegou a estudar a possibilidade de fazer as duas coisas (assumir o Vasco e selar a parceria com o São Paulo), mas foi alertado pelo próprio Gaspar de que poderia ser algo não bem visto pelas autoridades nacionais.
Apesar das pressões do filho, Marinakis já parecia decidido a encaminhar a parceria com o São Paulo desde a virada do ano. O AMT revelou, inclusive, que o grego pediu a seus advogados para acelerar as minutas do acordo após o título são-paulino da Copinha.
Ainda de acordo com o que já foi revelado pela nossa reportagem, quem 'enrola' no andamento para selar a parceria é o próprio São Paulo.
Primeiro, porque o clube tem proposta também da Galápagos. A companhia de investimentos, parceira tricolor no fundo de investimentos, vem realizando uma série de contra-ofertas ao presidente Julio Casares.
Depois, e mais importante, é a resistência interna. Mesmo aliados de Casares estão desconfiados da 'privatização' da base. Enxergam um princípio de SAF no clube e dificultam o andamento das coisas no Conselho Deliberativo.
As tratativas de Marinakis com o São Paulo estão em estado avançado. A parceria entre o Tricolor e o bilionário deverá ter dez anos de duração. E certamente o item mais polêmico é a preferência que o clube do Morumbi dá a Marinakis para que ele compre a SAF tricolor caso essa seja colocada à venda.
Marinakis ficaria com 35% de futuras vendas de jogadores de Cotia e, em contrapartida, investiria os US$ 100 milhões na base do Tricolor.
Não se trata de uma venda ou passagem de controle de Cotia para Marinakis, mas sim uma discussão para aumentar o poder de investimento da base, com promoção de intercâmbio de jogadores e profissionais das camadas jovens são-paulinas.
Evangelos Marinakis é um empresário e investidor de 57 anos nascido em Pireu, na Grécia, e principal acionista de diversas empresas que operam nos setores de transporte marítimo, mídia e futebol.
A família de Marinakis é dona da Capital Maritime Group, empresa marítima que possui frota de dezenas de navios e tem patrimônio avaliado em R$ 22 bilhões.
Foi em 2010 que começou a se aventurar no maior esporte do mundo. Primeiro comprou o Olympiacos, um dos gigantes de seu país, conquistando grandes resultados, como o título da Liga Grega por sete temporadas sucessivas, quatro taças da Copa Nacional e a Conference League da última temporada.
Em 2017, entrou no gigante Campeonato Inglês ao se tornar sócio-majoritário do Nottingham Forest, que retornou à Premier League em 2022. Enfim, em 2023, Marinakis comprou também o Rio Ave, de Portugal.
A ideia de fechar parceria com o São Paulo é de Edu Gaspar, que elaborou projeto semelhante para o Arsenal, que recusou a ideia.