Herói rubro-negro: Raphael doa medula óssea pela terceira vez e ajuda a salvar vidas até fora do Brasil | OneFootball

Raphael Athayde de Souza, de 38 anos, morador de Vitória (ES), é um torcedor do Flamengo e membro da Fla Medula que virou protagonista de uma história rara. Mais do que um rubro-negro apaixonado, ele é um verdadeiro super-herói da realidade: já doou medula óssea três vezes, um feito que salva vidas e poucos têm a chance de fazer.

Na segunda e na terceira doação, realizadas neste ano, a medula de Raphael cruzou mais de 9 mil quilômetros até os Estados Unidos. Ao saber que poderia estar salvando a vida de uma criança do outro lado do mundo, ele, que é pai de uma menina e um menino, se emocionou: “A sensação é de super-herói. Me encontrei nessa missão e sigo firme, porque sei que cada doação pode ser a diferença entre a vida e a morte de alguém.”

Raphael conversou com o MundoBola Flamengo e compartilhou sua trajetória, desde o primeiro gesto de solidariedade até se tornar referência na causa. E tem também a torcida do Flamengo como aliada nesse compromisso pela vida.

O início de tudo

A história de Raphael com a doação começou entre 2011 e 2012, após um amigo ser diagnosticado com leucemia. Mobilizado por campanhas no bairro, ele se cadastrou como doador na esperança de ser compatível com o amigo.

O amigo infelizmente faleceu, mas o rubro-negro decidiu seguir com as doações e soube da oportunidade de doar a medula.

"Um amigo teve leucemia e movimentou o bairro para fazer essa doação. Eu me cadastrei para tentar achar compatibilidade com ele, só que infelizmente ele veio a falecer muito rápido. Continuei doando sangue, na esperança de um dia encontrar um doador, foi aí que comecei a descobrir sobre a doação de medula", relembra.

Três vezes doador: uma raridade

Raphael foi acionado pela primeira vez em 2021, novamente no fim de 2024 e, mais recentemente, em 2025. Um fato raríssimo, já que o REDOME (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea) informa que a possibilidade de encontrar um doador de medula óssea fora do círculo familiar é de pelo menos 1 em 100 mil.

Então, uma pessoa ser compatível duas vezes já é raríssimo. Ser compatível três vezes, e ainda ser chamado para doar em todas, é algo estatisticamente muito improvável. E Raphael revela o sentimento a cada vez que recebeu a ligação.

"Receber a notícia é sempre uma alegria muito grande. Quem é doador de sangue e medula sempre espera esse contato. (...) O prazer de poder ajudar e salvar uma pessoa é indescritível. É uma sensação mesmo de super-herói", disse.

Doações que salvam vidas ao redor do mundo

Na segunda e terceira doações, o destino das doações do torcedor rubro-negro foi os Estados Unidos. A compatibilidade internacional surpreendeu até mesmo Raphael, que não sabia da possibilidade de alcance global.

"Fiquei surpreso ao saber que a pessoa que estava precisando da medula era dos Estados Unidos e que eles rodaram o mundo inteiro e me encontraram aqui, em Vitória do Espírito Santo, para conseguir salvar essa pessoa. Não sabia, até então, que o REDOME era mundial”, conta.

Pai de um menino e uma menina, Raphael acredita que a primeira doação aos EUA foi para salvar uma criança, já que a quantidade de sangue foi menor do que em outras vezes. O que deixou a ação ainda mais emocionante para o rubro-negro.

"A primeira, ao que tudo indica, foi uma criança, pela quantidade que foi tirada, foi menos, e dessa vez foi mais. Então, é provável que dessa vez é para uma pessoa adulta. Eu tenho dois filhos, um de sete anos e um de três, um menino e uma menina. Então, sendo uma criança, foi muito mais especial."

O encontro com o receptor só será possível após um período mínimo de um ano e meio, caso ambas as partes aceitem.

Fla Medula: quando o amor pelo Flamengo vira ação social

Apaixonado pelo Flamengo "desde sempre", Raphael conheceu o projeto Fla Medula em 2021, pouco depois da sua primeira doação. O contato veio por meio de André Matos, conhecido como Dedeco, fundador da ONG e também doador. “Ele me chamou no WhatsApp, perguntou se eu era flamenguista e me contou sobre o projeto. Prontamente falei que queria participar”, lembra.

Desde então, Raphael se engajou nas ações, passou a participar de lives, divulgar campanhas nas redes sociais e, mais recentemente, assumiu o papel de representante do Fla Medula no Espírito Santo.

Com mais de 16 mil seguidores no TikTok, boa parte vinda de vídeos com os filhos, ele usa também o Instagram para divulgar a causa e inspirar outras pessoas a se cadastrarem.

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O trabalho do Fla Medula

Fundado por André “Dedeco”, o Fla Medula é um projeto que usa a força da torcida do Flamengo para conscientizar sobre a doação de sangue e de medula óssea. O objetivo é aumentar o número de cadastros no REDOME e ajudar mais pacientes a encontrarem doadores compatíveis.

"Nosso objetivo é fazer campanha, fazer doação, movimentar principalmente a torcida do Flamengo, que é enorme. Tentar o máximo de contato aí para tentar movimentar a torcida e fazer com que as pessoas se conscientizem em doar sangue, em doar medula. O nosso projeto hoje é esse", reforça Raphael, antes de completar:

"A gente tem umas camisas da Fla Medula que a gente vende para arcar com alguns custos, algumas coisas. A gente tem a camisa da Fla Medula, tem uma branca, vermelha, preta, temos rosa, tem uma do basquete, temos algumas."

Segundo Dedeco, “a missão do Fla Medula é promover a conscientização e a ação em prol da doação de sangue e medula óssea por meio de informação, mobilização e suporte a doadores e pacientes”.

“Super-herói da vida real”

Perguntado se se vê como um herói, Raphael não hesita:

"Muita gente chama de super-herói, quem faz doação de medula, e eu realmente me sinto assim. A gente se sente um super-herói porque, principalmente na minha forma que foi dos Estados Unidos, eu descobri que era no mundo inteiro que procuraram e me encontraram. A gente meio que se sente mesmo num filme de super-herói. E eu achei que seria o escolhido apenas uma vez e fui três vezes. A sensação é surreal, indescritível."

Ele deixa um recado para quem ainda tem receio de se cadastrar como doador: “Não dói. É tudo simples. Pode ser feito por cateter ou via braço, com anestesia local. A doação é rápida. E salvar uma vida é algo único. O cadastro é gratuito e, às vezes, 30 minutos do seu dia são tudo o que alguém precisa para continuar vivendo.”

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