
Calciopédia
·15 giugno 2025
Em 1973, a Juventus perdeu uma caótica Copa Intercontinental para o Independiente

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·15 giugno 2025
Se pudéssemos definir a Copa Intercontinental de 1973 em uma palavra, ela provavelmente seria “caos”. Naquele ano, a competição, disputada entre os campeões da Europa e da América do Sul, teve alteração em sua fórmula de disputa e sequer teve a presença do representante europeu de direito – o Ajax. Sobrou para a Juventus, vice continental, que acabou amargando uma nova derrota para o Independiente, da Argentina.
A explicação para o caos de 1973 remonta a edições anteriores do torneio, disputado entre o campeão da Copa dos Campeões e o da Copa Libertadores da América. Os europeus acusavam os sul-americanos, principalmente os argentinos, de serem extremamente violentos em suas partidas, especialmente após a final entre Milan e Estudiantes, em 1969 – na ocasião, o franco-argentino Néstor Combín, do time italiano, foi agredido em campo por adversários e teve o rosto desfigurado. Mesmo com a vitória do Ajax sobre o Independiente na edição de 1972, as relações entre os dois continentes continuavam estremecidas.
Apesar das divergências evidentes, Uefa e Combebol, entidades máximas do futebol na Europa e na América do Sul, respectivamente, também não conseguiam chegar a um “acordo de paz” em 1973. O campeão daquela edição da Copa dos Campeões, o Ajax, renunciou à sua vaga na Copa Intercontinental para encarar de novo o Independiente – que ganhou do Col0-Colo na decisão da Libertadores. A justificativa oficial foi de ordem econômica, mas, nos bastidores, todos sabiam o verdadeiro motivo da recusa: os holandeses não queriam se submeter à possibilidade de pancadaria, principalmente porque o Rojo queria revanche. Com isso, quem assumiu a responsabilidade de participar do torneio foi a Juventus, vice-campeã europeia.
No entanto, a Vecchia Signora só aceitou o convite ao apresentar uma contraproposta: não haveria dois jogos. Seria realizado apenas um, e ele ocorreria na Itália. Obviamente, foi a vez de o Independiente protestar, alegando que não seria uma disputa justa, já que não teria o mando de campo. Depois de muitas negociações entre os dirigentes de ambas as equipes, foi acordada a realização de um jogo único, em Roma, capital italiana – para desespero dos argentinos, que temiam mais um vice-campeonato intercontinental.
Com a demora nas tratativas, a final da Copa Intercontinental de 1973 foi marcada apenas para o final de novembro. Como não havia tanto interesse do público romano, o estádio Olímpico, palco da decisão, recebeu menos de um terço de sua capacidade máxima: apenas 22 mil espectadores estiveram presentes em um estádio com 72 mil lugares. O Rei de Copas sonhava com um título novo para sua galeria, visto que havia sido derrotado na competição pela Inter, em 1964 e 1965, e pelo Ajax, em 1972. Nem mesmo a imprensa argentina confiava no Independiente: nenhum enviado especial viajou para cobrir a partida.
Do outro lado, a Juventus do técnico Cestmír Vycpálek lamentava o vice europeu para o Ajax de Johan Cruyff e o fato de ter ficado só com o título da Serie A de 1973, num ano em que flertou com a tríplice coroa – também foi segunda colocada da Coppa Italia. Em 1972-73, os bianconeri chegaram a manter sua meta intacta por 903 minutos no campeonato nacional, com atuações seguras do lendário goleiro Dino Zoff e de sua forte defesa. Àquela altura, era um recorde do certame.
O início da temporada 1973-74, entretanto, era conturbado em Turim. Quando encarou o Independiente, a irregular Velha Senhora era terceira colocada do Italiano e já tinha sido eliminada da Copa dos Campeões: caiu logo na primeira fase, contra o Dynamo Dresden, da Alemanha Oriental. Ainda que a Copa Intercontinental não fosse tão valorizada pela Juventus, vencê-la poderia representar uma injeção de ânimo necessária para o início de uma reviravolta na campanha bianconera.
A Juventus foi a campo com destaques em todos os setores. Na defesa, além do já citado Zoff, podemos citar o capitão Sandro Salvadore e Francesco Morini, além do recém-chegado Claudio Gentile; do meio para frente, o barão Franco Causio e o ainda jovem Roberto Bettega se movimentavam em prol do já consolidado Pietro Anastasi e do veterano ítalo-brasileiro José Altafini. No Independiente, se destacavam o goleiro Miguel Ángel Santoro, dono da braçadeira roja, o defensor Francisco Sá, o atacante Agustín Balbuena e os garotos prodígios Roberto Bochini e Daniel Bertoni.
Na grande decisão, a Juventus teve amplo domínio, mas não conseguiu transformar a boa atuação em gols. O Rojo, claramente em desvantagem, contou com a sorte em muitos lances. A Vecchia Signora acertou a trave duas vezes, enquanto o goleiro Santoro salvava o Independiente com defesas difíceis – e quase falhou em uma delas.
Logo no início da segunda etapa, a Juventus teve um momento capital a seu favor. Antonello Cuccureddu disparou pela ponta direita e o outro camisa 8 em campo, Rubén Galván, acabou chegando junto numa dividida ombro a ombro. O árbitro Alfred Delcourt, da Bélgica, assinalou um pênalti bem discutível para a equipe de Turim, mas o time de Avellaneda se salvou: Cuccu isolou a cobrança ao tentar efetuar um chute forte no meio do gol. Para o defensor Eduardo Commisso, a catimba dos jogadores do Independiente fez diferença. “Fomos xingá-lo loucamente, paramos pertinho dele e lhe dizíamos barbaridades. E o rapaz entendia bem, porque nos olhava com medo…”, afirmou o ex-atleta, em 2008.
O pênalti perdido esmoreceu a Juventus, que foi vítima de um duro golpe aos 80 minutos. Bochini recuou à altura do meio-campo para dominar uma bola e carregou, iniciando uma linda tabelinha com Bertoni, saindo dentro da área adversária. O garoto disparou um arremate forte na saída desesperada de Zoff e, ainda contando com um desvio sutil em Gentile, colocou o Independiente em vantagem. O que restou, ao final, foi a pressão da Juventus contra uma retranca sólida dos rojos, que foi bem-sucedida até o apito final.
Assim que o jogo foi encerrado, os hinchsa do Independiente se encheram de orgulho com a conquista do primeiro título mundial da história do Rey de Copas. Faltava apenas o intercontinental para abrilhantar a sala de troféus de um time acostumado a vencer grandes torneios – em escala nacional, continental e, finalmente, em 1973, global. A Juventus, por outro lado, sofreu um duro baque, especialmente por ter imposto seu estilo tático na maior parte dos 90 minutos e ter perdido a partida em seu próprio país. O ano, aliás, terminou sem glórias e isso sacramentou a saída do técnico Vycpálek. A equipe italiana só voltaria a sonhar em pintar o mundo de preto e branco em 1985. Naquela ocasião, viajou ao Japão, venceu o Argentinos Juniors nos pênaltis e pôde, enfim, levantar a taça.
Juventus: Zoff; Gentile, Spinosi (Longobucco), Salvadore, Morini, Marchetti; Causio, Cuccureddu, Bettega (Viola); Anastasi, Altafini. Técnico: Cestmír Vycpálek. Independiente: Santoro; Commisso, Sá, López, Pavoni; Raimondo, Galván; Bertoni (Semenewicz), Bochini, Balbuena; Maglioni. Técnico: Roberto Ferreiro. Gol: Bochini (80′) Árbitro: Alfred Delcourt (Bélgica) Local e data: estádio Olímpico, Roma (Itália), em 28 de novembro de 1973
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