Calciopédia
·18 gennaio 2025
In partnership with
Yahoo sportsCalciopédia
·18 gennaio 2025
Destaque na campanha do Torino, que chegou a ocupar a liderança da Serie A na 5ª rodada, antes de uma série de tropeços que o levou à metade inferior da tabela, o meia Samuele Ricci renovou recentemente seu contrato com o clube grená. O movimento não é de permanência, mas antecipa uma possível transferência na janela de verão por um valor que agrade mais ao presidente Urbano Cairo. Alvo de grandes times, como Milan, Liverpool e Manchester City, é provável que seja negociado em breve, assim como aconteceu com o brasileiro Bremer, hoje na Juventus.
Atleta com histórico extenso nas categorias de base da Itália, Ricci atua com regularidade no futebol local desde que tinha 19 anos, quando jogou a Serie B pelo Empoli, durante 2020-21. O acesso para a divisão da elite e a temporada seguinte serviram para afirmar seu status de jogador capaz de impactar em partidas no primeiro escalão: ele entrou em campo apenas 21 vezes pelos azzurri na elite antes de ser vendido ao Torino, na reta final de janeiro de 2022. Desde então, tem sido um nome regular no onze inicial grená e chegou a ganhar minutos na seleção principal com Luciano Spaletti, sendo inclusive titular durante a ausência de outros nomes tarimbados do setor.
Quais as principais virtudes do jogador italiano e em que áreas pode melhorar? Confira nossa análise completa!
Além de mostrar bom futebol, Ricci tem personalidade e já utilizou a braçadeira de capitão do Torino (Getty)
Ao longo da atual temporada, o Torino treinado por Paolo Vanoli se estrutura principalmente a partir de um 3-5-2. O volante de 23 anos alternou funções entre a base do triângulo de meio-campo e o setor destro. Ao atuar pela direita, notam-se algumas corridas em direção à área adversária com maior frequência, porém, de maneira geral, ele repete seus comportamentos padrões.
Os posicionamentos frequentes de Ricci nas formações-base do Torino
A característica mais marcante de Ricci é a frequência com que o jogador realiza giros de pescoço para mapear seus arredores, criando uma imagem mais completa do que acontece no jogo para programar seus próximos passos. Esse é um ato norteador de praticamente todas suas ações, sejam elas defensivas ou ofensivas. Observe quantas vezes ele realiza esse movimento nos lances abaixo.
Essa leitura do que acontece no campo possibilita que Ricci assuma posições melhores ao defender a região da entrada da área, acompanhando os movimentos adversários para interceptar jogadas, cortar linhas de passe e saltar para pressionar. Há uma preocupação evidente do jogador em não deixar essa zona esvaziada e detectar os espaços disponíveis para realizar seus deslocamentos. Tal comportamento acontece em organização defensiva e também durante transições.
O jogador também se destaca por realizar coberturas a partir de deslocamentos laterais, antecipando-se aos passes adversários para bloquear ou limitar progressões. Como não é particularmente explosivo e veloz, é essa leitura para sair antes que o permite ser bem-sucedido em várias dessas tentativas.
Chegar antecipadamente é também importante para que Ricci consiga vencer duelos diretos contra rivais. O volante do Torino tem bom aproveitamento quando consegue manter contato físico e utiliza muito bem os dois braços para ganhar vantagem nessas situações, diminuindo a velocidade da ação e deslocando seus oponentes com facilidade. Além disso, consegue posicionar seu corpo à frente para proteger a bola.
Ao partir em velocidade sem manter contato físico, no entanto, surge uma dificuldade. A sua falta de explosão, em comparação a jogadores de destaque nesse quesito, faz com que Ricci não acompanhe seu oponente de maneira tão próxima, permitindo que o mesmo ganhe campo através de conduções.
Alternando entre as posições de volante central – ou regista, na Itália – e meio-campista pela direita no trio do Torino, Ricci mantém alguns padrões de comportamento bem parecidos quando exerce essas duas funções. O italiano é um jogador associado ao primeiro terço do campo e que raramente aparece de forma decisiva no setor ofensivo.
É comum vê-lo baixando para a primeira linha de construção, nem sempre para receber um passe, mas para criar espaço a partir do arraste de um marcador, liberando também a ultrapassagem de um dos zagueiros. Isso acontece durante a fase inicial de construção, em seu campo defensivo, e também durante a criação de jogadas, com a equipe estabelecida em terreno ofensivo.
As raras movimentações no terço final do gramado geralmente acontecem em corridas de ataque ao meio-espaço, especialmente quando inicia partidas como um meio-campista pela direita. Apesar de identificar bem quais lacunas surgem para atacar, essa conexão não é muito trabalhada pelo Torino e, portanto, Ricci tem pouco impacto nesse pormenor.
O italiano, apesar de não se caracterizar como um atleta super ágil, demonstra grande noção espacial para controlar a bola de frente ao jogo, girando o corpo se necessário – para isso, combina a quebra de pescoço com domínios com o pé mais distante da jogada. Ao perceber de qual direção vem a pressão adversária, Ricci pode tomar controle da bola de maneira a afastá-la da marcação, facilitando sua próxima ação e mantendo a posse com tranquilidade. Essa é uma das razões pelas quais o volante do Torino é um dos jogadores mais confiáveis sob pressão da Serie A.
O segundo ponto que o torna um jogador fiável sob pressão é a escolha de distribuição de seus passes. Ricci não costuma arriscar muito, preferindo circular a bola de lado a lado, mesmo quando se depara com uma situação em que poderia completar um toque mais vertical. Dessa forma, é bem raro ver o jovem volante perder a posse da pelota, especialmente em zonas mais perigosas do campo.
Os passes mais audaciosos de Ricci ocorrem em situações de bola descoberta (sem pressão), normalmente quando ele recua para receber na linha dos defensores: a partir daí, arrisca lançamentos longos. É uma área do jogo em que também não demonstra grande eficiência. Embora direcione bem seus passes, falta controlar melhor seu peso para que a pelota chegue ao receptor de maneira ideal.
A segurança sob pressão e sua grande capacidade de leitura defensiva para se antecipar a ações adversárias garantem que Ricci seja um jogador bem valioso no mercado — o interesse de grandes equipes não acontece à toa. No entanto, assumir uma vaga em times do primeiro escalão do futebol europeu ainda parece um salto muito grande para o jogador neste momento.
Considerando o contexto de algumas das equipes mencionadas como partes interessadas em sua contratação, é possível imaginar suas debilidades sendo mais expostas do que atualmente ocorre no Torino. Hoje, seria razoável dizer que ele chegaria apenas como uma opção de rotação de elenco nos clubes citados no início do texto.