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·7 agosto 2025

A antítese de Diniz: como Leonardo Jardim transformou o Cruzeiro

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O Cruzeiro de Leonardo Jardim é a antítese da equipa que ainda este ano era treinada por Fernando Diniz. Após o fracasso do seu antecessor, o técnico português renovou a imagem da equipa, que agora luta arduamente pelo título de campeão brasileiro e tem conseguido superar os obstáculos que surgem no seu caminho.

O Cruzeiro de Leonardo Jardim é a equipa das transições. Vamos começar com algumas análises quantitativas para sustentar os nossos argumentos. Vejamos alguns dados curiosos do Brasileirão, que alimentarão as nossas suposições.


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Apenas Ceará, Vitória, Juventude e Grêmio têm uma média de posse de bola menor que a do Cruzeiro no campeonato. No entanto, a equipa de Jardim tem o segundo maior número de remates e remates à baliza do campeonato, e é também a terceira em golos esperados (o famoso xG).

Em 18 jogos, o Cruzeiro teve menos posse de bola do que o adversário em 12,. Chegou a ter 36 por cento e 31 por cento de posse. O resultado desses jogos? Vitórias contra Palmeiras e Fluminense, respetivamente.

Fazendo um paralelo com Diniz, desde que o técnico assumiu, o Vasco teve mais de 60 por cento de posse de bola em metade dos seus jogos. O Cruzeiro só terminou um jogo com mais de 60 por cento de posse de bola, e foi derrotado em casa pelo Ceará.

Jardim e Diniz têm modelos de jogo diferentes. Isso não quer dizer que um seja melhor e o outro pior. A questão é que a equipa do Cruzeiro teve muito mais facilidade para assimilar o modelo de jogo do técnico português, até pelas caraterísticas do plantel (algo que a maioria dos dirigentes não leva em conta na hora de escolher um técnico).

De Wanderson a Kaio Jorge

Passemos a uma análise mais qualitativa e tática do trabalho de Jardim. Os números mostram que o ponto forte do trabalho do treinador português é o seu jogo de transição. Ao contrário de Diniz, Jardim não tenta ter demasiada bola, nem agrupar demasiados jogadores na mesma zona do campo.

Se, na defesa, a equipa é marcada por um 4-4-2 muito compacto, com a bola os jogadores ficam mais acima no terreno, precisamente para criar espaço para ataques rápidos. Não se trata aqui de criar superioridade numérica, nem de chegar ao ataque num jogo sustentado. Trata-se de ter espaço para avançar em velocidade, com poucos passes. Onze equipas trocaram mais passes que a Raposa no Brasileirão, mas, como vimos, só o Flamengo teve mais remates enquadrados na baliza.

O papel de Wanderson é central nessa dinâmica: taticamente muito importante no jogo de transição perfeito de Leonardo Jardim, com recuperação defensiva eficaz pela esquerda e intensidade para ligar os contra-ataques. Apesar de ainda não ter marcado golos nem feito assistências no Brasileirão, Wanderson continua a ser um jogador importante pelo seu dinamismo a fechar o extremo em transição defensiva e a ligar os contra-ataques em velocidade, com boa condução de bola.

A posição dos jogadores cruzeirenses nas mudanças de direção, entre a organização defensiva e a transição ofensiva, diz muito: sempre que alguém recupera a bola, o seu corpo já está virado para o meio-campo adversário para atacar as costas da defesa.

Dois médios defensivos que passem bem a bola e sejam combativos na defesa também ajudam muito. Na verdade, o Cruzeiro tem bons reforços em algumas posições: Fabrício Bruno e Villalba também se complementam bem na defesa. O primeiro é rápido, explosivo e joga muito nas alturas, além de ser um bom no passe. O segundo lê muito bem o jogo, posiciona-se bem e consegue ligar ataques rápidos com passes longos.

Voltando à equipa, se na organização defensiva do 4-4-2, Wanderson e Christian fecham a linha com os médios, deixando Matheus Pereira e Kaio Jorge na frente, na transição ofensiva os dois jogam em rotação posicional com os laterais. Matheus Pereira também pode jogar por dentro a partir da direita, embora procure mais o corredor central, atrás de Kaio Jorge.

Desde o início do trabalho, Jardim deixou claro que privilegia Kaio Jorge, deixando Gabigol no banco para momentos específicos. Kaio Jorge, um atacante explosivo, aderiu ao modelo de jogo do técnico português para se tornar o artilheiro do Brasileirão, com ataques mortais nas costas das defesas.

O Cruzeiro tem sido instável nos últimos tempos, justamente por ser mais marcado pelo adversário, mas tem encontrado a resposta na dinâmica entre Lucas Silva e Lucas Romero. O rodízio de posições entre os médios defensivos tem servido para gerar desarmes, deixando a equipa mais confortável com a bola nos pés no contra-ataque.

O Cruzeiro costumava jogar com um esquema 3+2 com duplo pivot, que deixava de funcionar quando o adversário congestionava o miolo. As mudanças de posição entre Lucas Silva e Lucas Romero com bola ajudaram a equipa a ser menos previsível. Os dois movimentam-se muito, trocando de posição, com um a recuar mais perto dos centrais e o outro no centro. Isto cria espaços na defesa adversária e abre espaço no campo para romper as linhas defensivas e pressionar em velocidade.

No terço final, contra adversários mais fechados, Gabigol e Dudu podem ser opções mais interessantes, mostrando que Jardim tem plantel para se manter na luta pelo título com o Flamengo e Palmeiras. O Cruzeiro, sob nova direção, deixou de ser apenas um clube com dinheiro e passou a ser uma equipa que pratica um bom futebol dentro de campo.

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