Gazeta Esportiva.com
·31 Desember 2024
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O ano do São Paulo foi marcado por altos e baixos e conturbado desde o início. Com a saída do técnico Dorival Júnior para assumir a Seleção Brasileira logo no início da pré-temporada do elenco tricolor, a diretoria teve de agir rápido para encontrar um substituto, conquistou um título inédito enfrentando um de seus maiores rivais logo no quinto do jogo do ano, mas acabou se vendo obrigada a mudar de rota poucos meses depois, demitindo um treinador que era aposta e optando por contratar um estrangeiro, que “arrumou a casa”, é verdade, mas também teve de lidar com muitas oscilações.
Dorival Júnior aceitou o convite para assumir o comando da Seleção Brasileira no segundo dia de pré-temporada do São Paulo. A diretoria do clube foi pega de surpresa e precisava ser rápida, já que o quarto jogo do ano seria o clássico contra o Corinthians, em Itaquera, e o quinto seria a final da Supercopa do Brasil, contra o Palmeiras, em Belo Horizonte, valendo um título inédito.
Enquanto o presidente Julio Casares e a alta cúpula são-paulina avaliavam nomes, os auxiliares Lucas Silvestre, filho de Dorival Júnior, e Pedro Sotero fizeram questão de comandar os treinamentos do elenco no CT da Barra Funda, cientes de que o início de 2024 seria de extrema importância para o clube. Somente quando o Tricolor se acertou com o promissor Thiago Carpini que os profissionais se despediram.
Finalista do Paulistão de 2023 com o Água Santa e responsável pelo acesso do Juventude à Série A do Campeonato Brasileiro, Thiago Carpini foi uma cartada ousada da diretoria do São Paulo, já que em 2024 o clube estava voltando à Libertadores, tinha um título a ser disputado contra um rival logo no início da temporada e precisava de um profissional que se adaptasse rápido às adversidades e às exigências compatíveis com o tamanho do clube.
O começo da trajetória de Carpini no São Paulo não poderia ter sido melhor. O time, enfim, conseguiu vencer o Corinthians dentro da Neo Química Arena, em Itaquera, batendo o rival por 2 a 1 e impedindo que o tabu completasse dez anos.
Na partida seguinte, o Tricolor enfrentou o poderoso Palmeiras, então atual campeão brasileiro, em Belo Horizonte, pela Supercopa do Brasil. Mais uma vez a estrela do técnico Thiago Carpini brilhou, e o Tricolor acabou superando o rival nos pênaltis, por 4 a 2, após empate sem gols no tempo regulamentar, conquistando um título inédito.
Mas, nem mesmo a quebra do tabu contra o Corinthians, em Itaquera, e um título inédito conquistado em cima do Palmeiras foram capazes de manter Thiago Carpini à frente do São Paulo. Depois de erguer a taça em Belo Horizonte, o Tricolor teve dificuldades de apresentar um futebol atraente, passou a somar tropeços e, sobretudo, atuações bem aquém das expectativas.
A eliminação precoce no Campeonato Paulista, caindo para o Novorizontino, em pleno Morumbis lotado, nas quartas de final, e a derrota na estreia na Libertadores, contra o Talleres, pesaram bastante para que a diretoria passasse a repensar a rota a ser seguida em 2024. Os tropeços contra Fortaleza, em casa, e Flamengo, fora, acabaram sendo a gota d’água para que fosse definida a demissão de Thiago Carpini, após pouco mais de três meses, com 18 jogos disputados, sete vitórias, seis empates e cinco derrotas – aproveitamento de 50%.
Tendo de escolher um novo treinador passado apenas um trimestre da temporada, o São Paulo decidiu depositar suas esperanças em um profissional estrangeiro, com relativo sucesso no continente sul-americano: Luis Zubeldía.
O argentino já havia sido pauta no São Paulo para substituir Dorival Júnior pelo bom trabalho realizado na LDU, do Equador, mas acabou não prosseguindo com as negociações, abrindo espaço para Thiago Carpini. Desta vez, porém, as tratativas foram concluídas rapidamente e ele acabou desembarcando no Morumbi.
O início de Zubeldía à frente do São Paulo foi avassalador. O treinador engatou uma sequência de 12 jogos sem perder, garantiu a liderança do seu grupo na Copa Libertadores e colocou a equipe na mesma prateleira dos times considerados favoritos aos principais títulos da temporada.
Mas, o conto de fadas não durou por muito tempo. Logo após os 12 jogos de invencibilidade, Zubeldía amargou duas derrotas consecutivas, entre elas uma goleada desmoralizante para o Vasco da Gama, por 4 a 1. A partir daí, o São Paulo passou a oscilar bastante no Campeonato Brasileiro, deixando pontos na mesa contra equipes consideradas inferiores, mas também conquistando importantes vitórias diante de fortes rivais.
Mesmo com toda essa imprevisibilidade, o São Paulo se manteve durante toda a temporada entre os primeiros colocados do Campeonato Brasileiro e foi avançando tanto na Copa do Brasil quanto na Libertadores. O time tinha suas limitações, mas o trabalho de Zubeldía passava confiança.
Contando com o apoio massivo de sua torcida, o São Paulo decidiu concentrar seus esforços nas Copas, uma vez que o título do Brasileirão foi ficando cada vez mais distante, sobretudo pelo fato de Zubeldía ter escalado um time alternativo em muitas rodadas, priorizando os mata-matas.
Na Libertadores, após terminar a fase de grupos como líder, o São Paulo confirmou seu favoritismo eliminando nas oitavas de final outro clube com bastante tradição no continente: o Nacional, do Uruguai. Após empate sem gols em Montevidéu, o Tricolor bateu os adversários por 2 a 0 no Morumbis em partida que ficou marcada pelo mal súbito de Izquierdo, que posteriormente veio a falecer.
Na fase seguinte, o São Paulo encarou o Botafogo, então líder do Brasileirão e um dos favoritos ao título da Libertadores. No primeiro jogo, no Rio de Janeiro, o Tricolor só não saiu de campo goleado por um milagre. A bola teimou a entrar, e o jogo terminou empatado em 0 a 0. Na volta, no Morumbis, os heróis tricolores falharam. Lucas perdeu um pênalti, Calleri desperdiçou uma chance cara a cara com o goleiro, mas ainda assim foi o responsável por empatar a partida aos 42 minutos do segundo tempo e levar a decisão para os pênaltis. Na marca da cal, porém, melhor para os cariocas, que venceram por 5 a 4.
O São Paulo também ficou no “quase” na Copa do Brasil. O time de Luis Zubeldía teve de enfrentar o Atlético-MG, nas quartas de final, no mesmo gramado em que uma semana atrás havia ocorrido a morte de Izquierdo. Alguns jogadores já admitiram o abalo que o episódio causou no elenco tricolor, que competiu, mas não evitou a derrota para o Galo por 1 a 0, com gol marcado praticamente no último lance da partida.
Na volta, na Arena MRV, o São Paulo não teve a postura agressiva que muitos esperavam e acabou não saindo do 0 a 0 no placar, resultado que garantiu a classificação do Atlético-MG para a semifinal da Copa do Brasil.
Por sorte, os títulos do Botafogo na temporada acabaram abrindo duas vagas a mais para a Libertadores de 2025. Desta forma, mesmo sem ter conquistado uma das copas, o São Paulo conseguiu se classificar diretamente à fase de grupos do torneio continental via Campeonato Brasileiro, uma vez que terminou em sexto lugar.
Em 2025, Zubeldía espera não conviver com tantas oscilações ao longo da temporada. Já adaptado ao futebol brasileiro, o treinador sabe da pressão por um título. Depois de uma temporada marcada pelo “quase”, o São Paulo trabalha para, enfim, ter o desfecho esperado em alguma competição do calendário.