SAF: Cruzeiro apresenta balanço com deficit; confira os números do futebol em detalhes | OneFootball

FOTO: REPRODUÇÃO / CRUZEIRO

O Cruzeiro apresentou seu primeiro balanço financeiro após se tornar uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF) e ter 90% das ações – além do comando do futebol – geridas por Ronaldo Fenômeno e sua equipe. Segundo os números apresentados, a operação que se iniciou em 4 de fevereiro de 2022 apresentou em sua primeira temporada um deficit de R$24.642 milhões.

Os números apresentados foram devidamente auditados pela Mazars, empresa referência neste segmento, que deixou claro em seu relatório que as demonstrações financeiras foram apresentadas de forma adequada.

De acordo com o próprio Cruzeiro, o deficit se deve pelo próprio processo de início das operações e reestruturação feita no departamento de futebol. O EBTIDA (sigla para “Lucros antes de juros, impostos e depreciação e amortização”) apresenta um valor positivo de R$14,6 milhões, o que representa cerca de 10% da receita líquida do clube.

Apesar de não herdar as dívidas do Cruzeiro associação – além da obrigação por lei de repassar uma porcentagem determinada para o pagamento destas mesmas dívidas – o primeiro demonstrativo financeiro aponta uma dívida de R$208.838 milhões referente à compra dos centros de treinamento (Tocas da Raposa I e II). Esse valor será pago através da quitação da dívida tributária do clube, repassado para a SAF em um acordo com a associação.

Em relação ao futebol profissional, o clube deixa claro que os custos totais na temporada de 2022 chegaram a quase R$110 milhões, onde salários, direitos de imagens e outros vencimentos representam R$57.400 milhões, o que representa uma folha mensal de aproximadamente R$4.700 milhões (levando em conta 13º salário, férias, etc) o que é considerado um valor baixo em relação a outros clubes que também disputaram a Série B de 2022 e conquistaram o acesso, como o caso de Grêmio, Bahia e Vasco.

Já a receita com transferência de atletas somou o total de R$16,233 milhões. O número representa, basicamente, a venda do atacante Thiago ao Ludogorets, da Bulgária (R$3.341 milhões) e Jadsom ao Red Bull Bragantino (R$1.090 milhões), além da multa de rescisão unilateral do atacante Vitor Roque, que se transferiu ao Athlético-PR, no valor de R$10.800 milhões. Vale ressaltar que no caso de Vitor Roque, o Cruzeiro ainda segue com processo vigente no CNRD alegando ter direito a um valor maior em relação a multa do atleta. Conforme informado de forma antecipada, Thiago ainda renderá algo próximo a R$4 milhões ao Cruzeiro nesta temporada.

Ao todo, a SAF do Cruzeiro apresentou uma receita líquida de R$146.128 milhões, do qual pouco mais de R$62 milhões representam bilheteria e o programa de sócio-torcedor, que chegou a bater 70 mil associados em 2022, mas apresentou queda significativa neste início de temporada, contando com pouco mais de 57 mil torcedores.

Em relação ao pagamento de dívidas da associação, o próprio clube informou que parte da receita líquida, cerca de 63%, foi destinada a isso. Do montante de R$92 milhões, pouco mais de R$20 milhões foram utilizados para realizar o pagamento de dívidas com clubes do exterior que já estavam em fase de execução na FIFA e poderiam gerar punições desportivas como o transfer ban (impossibilidade de registrar atletas) e até perda de pontos.

Vale ressaltar que o aporte inicial de R$50 milhões feito por Ronaldo Fenômeno no momento em que se tornou acionista majoritário da SAF aparece no demonstrativo financeiro e caberá a obrigação de aumentar a receita média do Cruzeiro, nos próximos cinco anos, para pelo menos R$220 milhões. Do contrário, será obrigado a realizar um aporte de R$350 milhões, conforme previsto no contrato.

A título de exemplo: caso o clube não consiga superar os R$220 milhões em receitas na atual temporada, a média subirá para os anos seguintes. A ideia, inclusive, é que o clube chegue em uma receita média de R$400 milhões entre os anos de 2025 e 2026.

Eventos subsequentes

Apesar de se tratar dos demonstrativos de 2022, o Cruzeiro SAF optou por deixar registrado duas importantes movimentações que aconteceram neste ano. A primeira diz respeito à parceria com o empresário Pedro Lourenço (Supermercados BH), notável cruzeirense e conselheiro do clube. Sem descrição dos valores, o clube informa que fez o movimento de “subscrição de debêntures conversíveis” e que todo o dinheiro será “utilizado exclusivamente para necessidades operacionais do Cruzeiro SAF”.

O último ponto abordado é o acordo com a concessionária que administra o Mineirão, a Minas Arena e a possibilidade de se fechar um contrato com validade até dezembro de 2025.