Zerozero
·4 Juli 2025
Rivellino, o craque brasileiro que foi pioneiro no Al Hilal

In partnership with
Yahoo sportsZerozero
·4 Juli 2025
Décadas antes de Cristiano Ronaldo se tornar o jogador mais bem pago do mundo no Al Nassr, um craque brasileiro foi coberto de ouro, carros e luxos na Arábia Saudita. Rivellino é ponto em comum entre Al-Hilal e Fluminense, clubes que se enfrentam esta sexta-feira nos quartos-de-final do Mundial de Clubes.
Campeão do mundo com a seleção brasileira em 1970, figura do Fluminense e bicampeão carioca nas Laranjeiras, Rivellino foi convidado para ser o grande nome de uma liga recém-criada: a Liga Saudita. Aceitou o desafio e tornou-se o primeiro grande craque do futebol a atuar neste exótico destino.
A Liga Saudita surgiu em 1976 e só aí houve autorização por parte da federação saudita para que jogadores estrangeiros jogassem no país. O irlandês Eamonn O`Keefe foi um dos pioneiros, mas não ficou muito tempo por lá. Na sua biografia, 'I Only Wanted to Play Football', anos mais tarde, contou que um príncipe saudita lhe ofereceu uma vida de luxo desde que abandonasse o futebol e se tornasse seu amante. O'Keefe voltou para o futebol inglês...
Três anos depois da saída do irlandês, Rivellino chegou ao país a convite de Mário Zagallo, então técnico do Al Hilal. O futebol ainda era amador e quase todo o plantel do Al Hilal não recebia salários na época. Apenas 'agrados do príncipe'.
Rivellino recebeu o Mercedes com que sempre sonhou, relógios e uma vida tranquila para a família nos anos em que lá esteve. Em entrevista ao Folha de São Paulo, em 2019, relembrou que o clube treinava no mesmo estádio onde disputava os jogos- e dividindo o campo com os outros clubes da cidade de Riyadh.
"Era um futebol amador, estava tudo a começar por lá. Na altura, treinávamos no mesmo estádio dos jogos. Havia três equipas na cidade e treinávamos das 18h às 19h; outra equipa das 19h às 20h e a terceira das 20h às 21h", contou.
Em três anos no clube, o craque brasileiro foi bicampeão saudita e conquistou duas Copa do Rei. Voltou depois ao Brasil, com o sonho de se despedir dos relvados no São Paulo.
Enquanto isso, o Al Hilal continuou a sonhar com grandes nomes do futebol mundial e, com a aprovação da família real saudita, chegou a tentar contratar Zico na década de 1980. Sem sucesso.
Nas décadas seguintes, o mercado saudita evoluiu lentamente, com foco inicial em estrelas regionais- não houve nenhuma contratação como a de Rivellino. Só na segunda metade da década de 2010 é que nomes de destaque no cenário internacional passaram a desembarcar na Arábia Saudita.
Em 2023, quando o Fundo Público de Investimento tomou conta das ações dos quatro principais clubes sauditas, foi possível reunir na liga estrelas como Cristiano Ronaldo, Neymar, Sadio Mané, Roberto Firmino, Karim Benzema e companhia. Ou seja, um hiato de 40 anos entre a passagem do primeiro grande craque no futebol saudita e a chegada dos super craques milionários.
Olhando para os dias de hoje, além de enfrentar um clube com estrelas sauditas consolidadas, apesar da ausência por lesão de Salem Al-Dawsari, o Fluminense encara o rival não europeu de maior investimento neste Mundial de Clubes. Nomes como o guarda-redes marroquino Bono, o defesa senegalês Kalidou Koulibaly, os brasileiro Renan Lodi, Malcom e Marcos Leonardo e, de forma evidente, os portugueses João Cancelo e Rúben Neves militam no plantel às ordens de Simone Inzaghi.
O Al Hilal, pioneiro na década de 1970, hoje é a grande amostra de força do futebol saudita. E desafia o amor antigo do seu primeiro craque: o Fluminense. O início do encontro está agendado para as 20 horas.