Quem é Ivan Baptista, o académico que está pronto para liderar o Benfica? | OneFootball

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·9 Juli 2025

Quem é Ivan Baptista, o académico que está pronto para liderar o Benfica?

Gambar artikel:Quem é Ivan Baptista, o académico que está pronto para liderar o Benfica?

Chega em silêncio, mas traz um mundo inteiro na cabeça. Ivan Baptista, 33 anos, é o novo rosto no comando da equipa feminina do Benfica. Não tem ainda os títulos que o clube coleciona, nem o mediatismo de outros nomes no futebol nacional. Mas carrega consigo algo tão raro quanto precioso neste jogo: uma mente que pensa o futebol como ciência, arte e sistema.

É o sucessor de Filipa Patão, a arquiteta de uma era vitoriosa na Luz. E herda não só um balneário habituado a vencer, como uma estrutura ambiciosa, determinada em dar o próximo passo: sonhar cada vez mais alto na Europa.


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Um académico entre as quatro linhas

Ivan Baptista construiu grande parte da sua identidade como treinador através da formação académica. Licenciado em Ciências do Desporto pela Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, especializou-se em treino de alto rendimento, com uma dissertação focada nas diferenças metodológicas entre o futebol masculino e feminino - uma área ainda pouco explorada na altura.

Foi docente universitário na faculdade onde se formou entre 2020 e 2023, tendo sido orientador e júri de mais de quatro dezenas de dissertações de mestrado relacionadas com a área, sendo que várias delas detinham o futebol feminino como tese central.

Após concluir um doutoramento em Gestão de Projetos na Universidade do Ártico da Noruega (UiT) em 2020, foi igualmente investigador do estabelecimento de ensino nórdico aplicado à gestão e planeamento no desporto de alta performance.

Paralelamente, publicou vários artigos científicos em revistas internacionais de referência como PLOS ONE e Frontiers in Physiology, abordando temas como carga de treino, fadiga, recuperação e performance física em contexto competitivo.

A sua ligação à ciência do desporto não é apenas académica: tem trabalhado na aplicação prática de modelos de treino baseados em evidência, com particular atenção à monitorização individual de atletas, análise de desempenho e uso de tecnologia no apoio à decisão. Também participou em projetos europeus de formação de treinadores e é convidado regular em congressos e fóruns técnicos.

Este percurso confere-lhe uma perspetiva alargada sobre o jogo, suportada por conhecimento técnico e metodológico atualizado - algo que se poderá revelar diferenciador numa estrutura como a do Benfica, que aposta fortemente na profissionalização e inovação no futebol feminino.

Do Bessa à China, com escala na Noruega

O percurso de Ivan Baptista tem sido marcado pela diversidade de contextos e pela escolha consciente de ambientes que lhe permitissem crescer fora da sua zona de conforto.

A primeira experiência relevante enquanto treinador principal deu-se no Boavista esteve entre 2012 e 2015. Foi ali, com apenas 21 anos, que assumiu funções na formação e rapidamente passou para o comando da equipa sénior feminina. Em 2013, conquistou a Taça de Portugal Feminina, após uma vitória por 1-3 diante do Valadares Gaia.

Essa experiência precoce no feminino funcionou como ponto de partida para um trajeto que viria a abranger realidades muito distintas, tanto em geografia como em exigência.

Passou pelo futebol profissional masculino em clubes como o Académico e o Leixões, onde integrou a equipa técnica de Vítor Martins, ganhando experiência em gestão de grupos séniores no contexto de Segunda Liga portuguesa.

O salto seguinte levou-o para o Tromso, na Noruega, onde passou por diferentes departamentos ligados ao desempenho e apoio técnico. Num clube conhecido pelo seu foco estruturado no desenvolvimento de atletas e pela ligação próxima entre treino e ciência, Baptista teve oportunidade de aprofundar o contacto com modelos nórdicos de planeamento e organização - algo marcadamente distinto do padrão português.

Mais recentemente, integrou a equipa técnica de David Patrício no Nantong Zhiyun, clube da Superliga chinesa, onde esteve até dezembro de 2024, antes de regressar ao clima nórdico para integrara estrutura do Molde.

Ao longo de todas estas experiências, o técnico natural da cidade do Porto foi acumulando valências pouco comuns para um treinador da sua idade: contacto direto com o futebol feminino e masculino, conhecimento prático de diferentes culturas táticas, e uma visão transversal - do treino ao jogo, da análise ao planeamento.

A chegada ao Benfica surge como um regresso ao feminino, mas também como um passo lógico na consolidação de uma carreira internacional que procura o alto nível.

A águia nas mãos

Ivan Baptista não entra no Benfica para aprender. Entra para aplicar o que já aprendeu - e para testar as suas ideias num contexto de pressão máxima. O clube dá-lhe um contrato até 2027, mas também um objetivo claro: continuar a vencer em Portugal e crescer na Europa.

O desafio é imenso: suceder a Filipa Patão, gerir uma transição geracional, manter a hegemonia interna e transformar ambição em consistência no cenário internacional.

Mas talvez esteja certo o velho princípio: por vezes, para se voar mais alto, é preciso mudar o modo como se abrem as asas.

Ivan Baptista não vem com promessas inflamadas. Vem com modelos, dados, perguntas difíceis e serenidade, mas duro trabalho nórdico e uma grande mente académica.

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