Presidente da Comissão de Ética explica ações contra Gobbi e comenta declarações de ex-presidente | OneFootball

Na tarde deste domingo, 9, o programa Domingol, transmitido pela CNN Brasil, entrevistou Roberson de Medeiros, presidente da Comissão de Ética e Disciplina (CED) do Corinthians. Entre diversos assuntos, ele falou sobre as providências a serem tomadas em relação às falas elitistas do ex-presidente Mário Gobbi, que geraram revolta na torcida e motivaram uma ação de marketing do clube com a marca Havaianas.

“Nós tomamos também ciência dessas falas e automaticamente começamos a análise. Inclusive, eu, por ofício, comuniquei ao CORI (Conselho de Orientação), para que enviasse a transcrição de áudio e vídeo, para que nós pudéssemos confirmar ou não se são falas verdadeiras. Então, nós tomamos um cuidado sobre fake news, porque se escrevem muitas coisas, né? E sim, teve falas desse cunho, que também nós não corroboramos com isso.”

Foto: Reprodução/YouTube

Dunga, como o dirigente é conhecido, recriminou as declarações: “Eu acho que o Corinthians é, sim, o time do povo, formado, criado por operários, e nós temos, sim, que ter a cultura que todos tem o mesmo valor, sem exceção. Então, nós nos reuniremos em caráter emergencial, e caso seja comprovado que houve discriminação, com certeza serão tomadas as devidas providências, com as penalidades propostas de advertência, suspensão ou até desligamento do quadro associativo. Acho que o estatuto é para todos, e ele precisa ser cumprido, não interessa se estamos falando de um presidente, ex-presidente ou associado.”

Questionado sobre as denúncias de Gobbi, feitas em nota onde comentou as falas preconceituosas, de que o Parque São Jorge estaria sofrendo com um aumento nos casos de brigas, roubos e furtos, provocados pelo aumento no número de sócios e pela entrada de pessoas do “crime organizado” no local, o presidente do CED alegou que não procediam as informações, e deixou o órgão à disposição para receber denúncias contra eventuais criminosos presentes na sede corinthiana.

“Eu não tenho essa informação. Não temos, conforme ele fala, um aumento grande de brigas, roubos, etc. É a mesma situação em comparativo com anos anteriores. Então, a gente não vê como um fato (essa correlação), eu acho que todo mundo tem direito de se associar, até porque nós precisamos fazer o clube se manter, que ele se pague. Então nós temos que ter, sim, a entrada de novos sócios, então não tem isso, isso eu consigo afirmar, porque eu acompanho a Ética do associado.”

Roberson prosseguiu. “(Quando) Ele fala de crime organizado, todo mundo tem o direito de falar o que quiser, só que precisa, então, que nos procure, nos mostre onde, para também nós podemos combater isso. Porque se existe, a gente tem que aplicar a Ética para todos. Então fica aberta a Ética ao ex-presidente Mário Gobbi e a todos que queiram fazer, porque para que exista um procedimento ético, eu preciso ser provocado. Se existe, que nos mostre, que nos dê esse amparo para que o processo ético siga”, declarou.

Processo contra Augusto Melo

Outra questão citada por Gobbi em sua nota de resposta e comentada por Dunga foi o processo criminal pelo qual o presidente Augusto Melo responde na Justiça, movido por Cíntia Montino, ex-assessora e associada do Corinthians. O dirigente será julgado nesta segunda-feira, 10, às 15h30, junto com dois conselheiros de sua base de apoio (Wanderley Ferreira e Ronaldo Tomé) pelos crimes de calúnia, injuria e difamação.

O caso veio à tona no final de 2023, durante a campanha que elegeu Augusto ao cargo máximo do Corinthians, onde o mesmo é flagrado proferindo ofensas e ameaças contra a associada em questão. O dirigente chegou a pedir desculpas após a abertura de um Boletim de Ocorrência, afirmando que conhecia Cíntia, mas que ela havia “mudado de lado” na política do clube e que as declarações haviam sido feitas em uma conversa em uma mesa de bar”.

Questionado sobre o tema, Roberson disse: “É um processo que o presidente que deveria falar sobre isso, sobre alguma coisa que ocorreu no passado, então isso daí eu me reservo porque foge das quatro linhas do clube. Posso ir até um pouco mais (além) sobre essa questão de misoginia, porque o áudio e a ata (da reunião do CORI) é bem forte. O que saiu no trecho dessas entrevistas é só a ponta do iceberg.”

Gestões passadas

O último tema abordado no bate-papo foi a relação entre Roberson e dois personagens que vem sendo pauta de muitas manchetes sobre a política corinthiana nos últimos meses: o presidente Augusto Melo e o presidente do Conselho Deliberativo (CD) Romeu Tuma Júnior.

“Eu tenho praticamente uma relação muito boa com ambos, e por ser da Ética, nós temos sim que manter a ética e nós não temos lado, nosso lado é sempre baseado em cima do estatuto e do Corinthians. Então a gente sempre fica nessa situação de querer ver todos bem, querer ver o Corinthians bem. Para mim, enquanto melhor ambos estiverem, quem ganha o Corinthians, porque senão, essas reportagens, quem sangra é o Corinthians, infelizmente.”

Ele comentou o fato de, no passado, os órgão internos do clube terem trabalhado pouco para punir dirigentes por eventuais malfeitos contra o Corinthians. “Eu não posso dizer pelas outras pessoas, porque fez, porque não colocou, até porque eu não estava nem conselheiro nessa época, então eu estava praticamente afastado, cuidando da minha vida nesse período, então não teria como te dizer”, disse, continuando:

“Porém no caso do ex-presidente Mário Gobbi, é uma coisa que foi muito profunda, então nós temos que dar sim essa resposta. Muita gente fala que vai acabar em pizza, (mas) não é questão de acabar em pizza ou não, não é questão de punir uma pessoa ou não, é questão de justiça, nós precisamos fazer com que o Corinthians volte ao patamar dele. Temos que dar essa resposta para o povo corinthiano, porque todos somos iguais. Então não é nem questão de fugir de uma pergunta, eu não posso falar por um momento que eu não estava.”

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