O valor emocional do futebol: torcida, paixão e mercado | OneFootball

O valor emocional do futebol: torcida, paixão e mercado | OneFootball

In partnership with

Yahoo sports
Icon: Calciopédia

Calciopédia

·24 Juli 2025

O valor emocional do futebol: torcida, paixão e mercado

Gambar artikel:O valor emocional do futebol: torcida, paixão e mercado

Emoção como motor econômico nos estádios

O futebol sempre foi mais do que um esporte. No Brasil e em muitos outros países, ele funciona como linguagem, religião e política. Porém, à medida que o mercado esportivo se complexifica, novas formas de valor emergem — e elas nem sempre estão ligadas a resultados em campo. A emoção da torcida, os rituais de pertencimento e o engajamento afetivo se transformaram em ativos poderosos. Marcas, clubes e plataformas de mídia agora enxergam o torcedor como uma fonte de capital simbólico capaz de gerar influência e movimentar bilhões.

Clubes que vendem sentimento

Os times de futebol perceberam que seu maior patrimônio não está apenas nos títulos conquistados ou nos jogadores que contratam, mas no que representam para seus torcedores. Camisas antigas, hinos tradicionais, coreografias de arquibancada e narrativas locais são convertidos em produtos com valor afetivo. O torcedor, por sua vez, não consome apenas por necessidade, mas por paixão. A compra de uma nova camisa ou a assinatura de um streaming do clube funcionam como atos de devoção — pequenas formas de investir emocionalmente na própria identidade.


Video OneFootball


O papel das redes sociais na amplificação afetiva

As plataformas digitais têm sido fundamentais para transformar a emoção em moeda. Quando um torcedor grava um vídeo chorando após uma vitória ou publica uma declaração de amor ao clube, ele gera uma narrativa compartilhável que amplia o alcance daquela paixão. Marcas atentas transformam esses conteúdos em ativos de branding. A emoção viraliza, e com ela, a imagem de clubes, jogadores e patrocinadores. Isso muda inclusive o modo como se produz conteúdo esportivo: mais sensível, mais personalizado, mais humano.

Influência emocional nas decisões de consumo

Dentro da chamada nova economia do afeto, a identificação emocional passou a pesar mais do que critérios objetivos. Torcedores escolhem onde assistir aos jogos, que produtos comprar ou quais influenciadores seguir com base em afinidade emocional. Não se trata apenas de buscar o melhor custo-benefício, mas de sentir que determinada escolha reforça sua paixão ou pertencimento. Um exemplo curioso é como certos aplicativos e jogos — como o jogo do coelho, que usa ícones lúdicos e simpáticos — se beneficiam do apelo visual e emocional para engajar o público, mesmo sem conexão direta com o futebol.

A nova lógica dos patrocínios

Empresas que investem em patrocínio esportivo já não buscam apenas visibilidade em massa. Elas querem associação afetiva. Estar vinculado a um clube não é mais apenas uma oportunidade de exposição de marca, mas um canal para gerar conexão genuína com um público profundamente envolvido. Por isso, o patrocínio hoje envolve ações personalizadas, campanhas que contam histórias de torcedores e experiências exclusivas que se tornam lembranças afetivas. O marketing esportivo, assim, se reconfigura como marketing de afeto.

Arquibancadas como termômetro econômico

Mesmo em tempos de retração econômica, muitos torcedores mantêm seus hábitos ligados ao futebol. Isso demonstra que o vínculo emocional pode se sobrepor a restrições financeiras. A ida ao estádio, por exemplo, é muitas vezes um gasto fixo na vida de certos torcedores — um compromisso com a própria identidade. Estudar o comportamento de consumo das torcidas revela padrões emocionais que escapam das métricas tradicionais e desafiam previsões de mercado. É por isso que o futebol é, ao mesmo tempo, irracional e profundamente estratégico.

Produtos afetivos como forma de resistência

Para comunidades que enfrentam desigualdade ou exclusão, o futebol é também espaço de resistência. Clubes de bairro, times de várzea e coletivos periféricos se organizam em torno da paixão pelo jogo como uma forma de afirmação e visibilidade. Produtos ligados a esses contextos — como camisas de time local, zines de torcedores ou até produções audiovisuais independentes — ganham força justamente por carregarem uma carga emocional autêntica. Não é o acabamento técnico que importa, mas a história que se carrega no tecido ou na imagem.

Quando emoção vira métrica

Plataformas que analisam o comportamento de torcedores já incorporam variáveis emocionais em seus indicadores. Comentários exaltados, emojis usados nas redes, tempo de engajamento com determinados conteúdos: tudo isso entra na equação de valor. As métricas afetivas ainda são novas, mas crescem como ferramentas para orientar decisões estratégicas de clubes, marcas e veículos de mídia. Nesse cenário, o que antes era considerado irracional — chorar por um gol, tatuar o escudo no corpo, cantar um hino no metrô — torna-se capitalizável.

O futuro do afeto no futebol

À medida que a indústria esportiva se torna mais consciente da força do afeto como vetor de valor, novas oportunidades surgem. Produtos mais personalizados, experiências mais imersivas, campanhas mais sensíveis. Mas também se impõe o desafio ético de não explorar ou manipular emoções de maneira cínica. O equilíbrio entre paixão e profissionalismo será, cada vez mais, o eixo sobre o qual girará a economia do futebol do futuro — uma economia feita de suor, grito e coração.

Lihat jejak penerbit